Iberboat, o Airbnb naútico: "as plataformas atuais têm comissões altísimas"

A fundadora deste aplicativo conhecido como o Airbnb dos barcos explica a Consumidor Global as chaves de sua plataforma, que liga a utentes, capitães e proprietários para oferecer uma alternativa acessível ao luxo náutico tradicional

Iberboat, plataforma de alquiler de barcos   IBERBOAT
Iberboat, plataforma de alquiler de barcos IBERBOAT

Alugar um barco e desfrutar do mar tem sido, tradicionalmente, um capricho reservado a uns poucos. Mas isso está a mudar. Iberboat é um aplicativo criado pela empreendedora Isabel Aguirre que serve para ligar barcos, capitães e clientes. O objectivo é democratizar o acesso à navegação e romper com a ideia de que o mar sozinho é para os bolsos privilegiados.

Durante a entrevista com Consumidor Global, Aguirre explica como sua experiência trabalhando no sector náutico lhe ajudou a detectar uma série de necessidades que o mercado não tinha resolvido: altos custos para os proprietários, falta de visibilidade para os capitães e um mar vetado para a maioria. Assim foi como nasceu Iberboat.

--Por que nasce Iberboat?

--Na náutica estão os proprietários dos barcos, os capitães e os clientes. Dei-me conta de que os proprietários têm que assumir custos durante todo o ano, que os capitães não tinham um portal onde se mostrar e estavam submetidos a dinâmicas que não lhes ajudam em seu dia a dia real, como, por exemplo, ter que desenvolver no sistema de capitanías que ainda não está digitalizado. Ademais, analisei a relação dos clientes com o mar.

--E a que conclusão chegou?

--O mar não está democratizado, se segue vendo como algo de luxo. Há pessoas de 40 anos que não têm tido uma experiência no mar. Vivendo numa península, é algo que me chama muito a atenção e me dá muita pena. Isto somado com as plataformas atuais, que se levam uma margem de comissão altísimo, mais de 21%, me fez me dar conta de que não era sustentável.

--Qual é sua comissão?

--É de 12,5% e não temos despesas de gestão. O cliente não paga extras por nada. Também não trabalhamos com chatbots, temos uma atenção personalizada e humana.

--Qual é o objectivo da plataforma?

--Iberboat quer democratizar o sector naútico, já que todas as pessoas, ao menos uma vez na vida, deveriam ter a possibilidade de viver uma experiência dentro do mar. Há gente que vive na costa de Cataluña, Valencia ou Andaluzia, que têm visto o mar desde sua toalha, mas nunca o viveram desde dentro.

--É um Airbnb de barcos?

–Isto o li e não me molesta a comparação porque considero que Airbnb é uma plataforma muito potente, mas não é tal qual. Em Airbnb, o anfitrião contacta ao utente, mas pode passar que não lhe veja directamente porque deixe as chaves numa caixa com código e senha. Isto no mar não passa. O cliente está em contacto direto com o proprietário, já que este pode explicar a rota, aconselhar lugares, técnicas de fondeo, rotas estabilizadas… Há bem mais.

--Mas, o cliente convive com o proprietário do barco quando o aluga?

--No caso de que tenha uma titulación para navegar, não convive com o proprietário do barco durante sua experiência no mar. Igualmente, o dono é o que dá o recebimento e explica o funcionamento de seu barco. De modo que o utente sim vai ter contacto com ele ou com os trabalhadores do barco.

--Que suporte ofereceis aos utentes se se dá uma fraude? Por exemplo, pagar por um barco e que depois deixe ao cliente na estacada. Às vezes, ocorre com as plataformas de alugueres turísticos.

--É relativamente impossível que toda a documentação que se exige não esteja acreditada. Mas se desse-se o caso, suponhamos que é um estafador nato e que todo o que tem contribuído na plataforma não fosse real, nesse momento ao cliente dar-se-lhe-ia assistência personalizada. Há um telefone de contacto ao que se pode chamar e oferecer-lhe-íamos outros barcos que estejam dentro da plataforma ou uma devolução íntegra do dinheiro.

--Se a pessoa que aluga o barco tem algum acidente, quem assume essa responsabilidade?

--Nós temos seguros dentro da plataforma, mas são seguros internos. Por lei, todas as embarcações estão asseguradas. Ou seja, que é o proprietário quem deve ter o seguro de seu barco actualizado. Se o problema já fosse maior e o cliente pusesse-se em contacto nós, faríamos uma intermediação do problema. Mas em qualquer caso, é responsabilidade do proprietário ter os seguros em regra.

--Sempre é assim?

--Ponho-lhe outro exemplo. Falamos de veículos de motor, de modo que imagine que lhe passa algo a um motor enquanto navega. Nesse caso, também é responsabilidade do proprietário lhe ir ajudar. Todas as náuticas o sabem e têm este serviço. É um sector muito profesionalizado.

--Quanto custa alugar um barco?

--Pois há barcos de todos os preços. A opção dos meios dias abarata bastante a tarifa. Depende da zona e o tipo de barco, há barcos desde 250 ou 300 euros até 1.000 ou 2.000 euros por dia.

--Como está a ser a acolhida do aplicativo?

--O lançamento da plataforma foi o passado 1 de maio. Têm sido meses nos que temos estado trabalhando a toda a pressa porque me interessava que a plataforma pudesse estar disponível para a temporada 2025. A acolhida está a ser impressionante. Vês todo o esforço e o trabalho refletido. Espero que proprietários, capitães e utentes se façam eco e possam, no caso dos proprietários, trabalhar com margens bem mais baixas; no caso dos capitães, ter um portal de exposição para oferecer seus serviços; e, no caso do cliente, ter uma experiência em sua costa.