Loteria em crise: pedem subir cinco euros o preço do décimo de Natal
Os loteros lançam um grito de auxílio ante a perda de rentabilidade depois de mais de 20 anos com preços congelados

O tradicional décimo da Loteria de Natal, esse que a cada ano se converte num símbolo de ilusão por 20 euros, poderia ter nos dias contados.
Segundo a informação do Economista, as administrações de loterias de toda Espanha têm dito "basta" e reclamam à Sociedade Estatal de Loterias e Apostas do Estado (SELAE) uma actualização urgente dos preços e de suas comissões, congelados desde faz mais de duas décadas.
"Uma situação crítica"
Esta é a medida mais llamativa de um pacote de acções que o sector considera vital para sua sobrevivência.

A "contínua perda de rentabilidade" tem levado a muitas das 11.000 administrações do país a uma "situação crítica", segundo denunciam as principais organizações do sector.
A subida afectaria a todos os sorteios
Borja Muñiz, presidente do Agrupamento Nacional de Associações Provinciais de Administradores de Loteria (Anapal), tem detalhado a proposta completa, sublinhando que uma subida de preços deve ir acompanhada de um aumento proporcional nos prêmios para não prejudicar ao jogador.
O plano de actualização de preços seria o seguinte:
- Loteria Nacional da quinta-feira: Passaria de 3 a 5 euros.
- Loteria Nacional do sábado: Aumentaria de 6 a 10 euros.
- Sorteios Extraordinários de Natal e O Menino: Subiriam de 20 a 25 euros.
- Sorteios especiais: Manter-se-iam em 15 euros.
O paradoxo: loteros em apuros enquanto Loterias bate recordes de benefícios
A demanda do sector choca frontalmente com a boyante saúde financeira de SELAE. Enquanto os loteros denunciam que mal podem cobrir custos, a companhia pública fechou 2024 com um benefício neto recorde de 2.437 milhões de euros, um 11,3% mais que no ano anterior. Sua facturação também atingiu uma cifra histórica de 10.396 milhões de euros, a mais alta desde sua constituição.

Esta dualidad é o centro do conflito. As administrações sentem-se abandonadas por um operador estatal que prospera enquanto sua rede de vendas, o pilar de seu negócio, se afoga financeiramente.
A comissão de Natal, o outro cavalo de batalha
Além da subida de preços, os loteros põem o foco no Sorteio de Natal, o que mais trabalho e vendas gera. Reclamam um incremento da comissão que percebem pela cada décimo vendido, passando de 4,5% atual ao 6%, equiparándola assim à do resto de sorteios do ano.
"Muitas expendedurías têm problemas em Natal e é necessário que se tomem medidas", asseguram desde a Associação para a Defesa Digital da Loteria (Dedit), que também apoia a necessidade de actualizar tanto preços como comissões.
A venda on-line: uma regulação pendente que gera desigualdade
A crise dos loteros não se limita aos preços. Outro frente aberto é a venda on-line. Denunciam um vazio legal que, a seu julgamento, provoca um trato desigual entre os pontos de venda. A associação Jogo Limpo chegou a denunciar a SELAE ante a Comissão Nacional dos Mercados e a Concorrência (CNMC) por supostas práticas anticompetitivas.
Ainda que a CNMC deu parcialmente a razão a SELAE, reconheceu que "não existe uma norma de carácter geral que regule a comercialização por internet" por parte das administrações. Actualmente, precisam uma autorização expressa que, segundo o sector, não se gere com um critério claro e equitativo.