Não o sabias: o motivo pelo que nunca tens podido comprar esta colónia em Espanha
Sabias que a multinacional Nike tem prohibidísimo sacar uma linha de perfumes por litigios legais do passado? Em Consumidor Global revelamos-te o motivo

"Nossos perfumes estão desenhados para refletir tua personalidade com aromas únicos que te acompanham todo o dia. Atreve-te a destacar com fragancias que contam tua história e deixam uma impressão imborrable. Cosmética eficaz, desenhada, formulada e fabricada de maneira estritamente sustentável.", reza no eslogan da primeira página site que sai quando googleas a palavra "colónia Nike".

Um site bonito e muito cuidada de cosmética recebe-nos, mas é que no apartado "Sobre nós" também não vemos a história da empresa na que nos dispomos a comprar estas colónias económicas de cores. Só lemos uns argumentos pouco concretos.

"Produtos veganos, sem ingredientes de origem animal ou subprodutos derivados. 0% emissões, 0% resíduos. Só usamos embalagens 100% reciclables, ingredientes de origem vegetal e ativos de eficácia declarada. Um cuidado eficaz para tua pele. Uma experiência única para teus sentidos. Somos 100% CLEAN BEAUTY, nunca usamos reclamos falsos nem enganosos. #cosméticahonesta", escrevem sem nenhuma malícia.
Existem duas marcas 'Nike'?
Aposto a que tu também tens picado e tens crido comprar na multinacional do logo icónico do tic. Pois nada disso, ainda que na o site apareçam dezenas de colónias com a palavra 'Nike', é verdade este comércio pertence a uma fábrica perfumera de Málaga que utiliza por todo mundo o nome de Nike para vender suas colónias.

Todo isso ocorre um sacar do consequente "erro" ao consumidor, enquanto a multinacional estadounidense não vê um sozinho dólar por isso. Mas como vai ser possível? É legal que uma marca menor andaluza possa estar a comercializar em centos de stands dos supermercados de toda Espanha (bem como com seu e-commerce) estes perfumes a suas largas?
Uma influencer revela o motivo pelo que Nike não poderá sacar perfumes jamais
A influencer e criadora de conteúdo chamada @anabel.mua em redes assim o explicava em seu último vídeo de curiosidades sobre produtos andaluces: "Vou contar-te uma coisa que seguro não sabias. No outro dia quando saquei um unboxing com produtos 100% andaluces. Quando saquei estes perfumes teve gente que me disse como que os perfumes de Nike são andaluces. Estes perfumes não são da marca Nike (multinacional pronunciada 'na-ik'), estes são da marca Nike malagueña (pronunciada 'nem-ke')", começava explicando Anabel Mua.
"A multinacional leva desde o 70, mas a de perfumes desde os anos 30 ou 40. Faz uns anos os perfumistas andaluces sacaram uma marca chamada Nike Sport e a marca Nike americana, disse "eh, isso não" porque diziam que a marca se aproveitava de sua fama internacional e os denunciaram. Não ganharam os americanos porque esta gente tinha o nome muito dantes que eles. Que passo? Que esta gente não pode pôr nada de Nike Sport para valer e os de Nike Sport (americanos) para valer não podem sacar nenhum perfume", explicava a influencer para o assombro de seus seguidores.
Nike tem proibido comercializar perfumes
Os produtos de higiene pessoal são uma fonte de rendimentos finque para as marcas desportivas, com assinaturas como Adidas, Puma e Reebok oferecendo linhas de cosmética. Adidas, pioneira neste sector desde os anos 80, tem gerado até um 8% de seus rendimentos globais com colónias e geles.

No entanto, Nike não comercializa directamente perfumes. A linha de fragancias com seu nome pertence a De Ruy, uma perfumera espanhola que adquiriu em 1984 os direitos de "Nike Cosmetics", marca registada em 1940 em Espanha. Nike USA tentou bloquear seu uso, mas depois de um litigio de duas décadas, o Tribunal Supremo permitiu a De Ruy seguir operando, com a restrição de não usar o termo "Sport".
Um marketing algo "enganoso" e duas décadas de litigios legais
O conflito surgiu porque a multinacional desportiva considerou que o uso do nome Nike em perfumes podia gerar confusão no mercado, já que os consumidores poderiam assumir erroneamente que estes produtos eram desenvolvidos pela própria marca desportiva. No entanto, a justiça espanhola determinou que o registro prévio da perfumera era válido e outorgava a De Ruy direitos exclusivos sobre a denominação na indústria cosmética.

Hoje, De Ruy continua vendendo perfumes baixo a marca Nike, beneficiando-se da notoriedad do nome e a confusão entre consumidores e meios. Aproveitando a demanda estacional, a companhia lança cofres de fragancias em Natal, dirigidos especialmente ao público juvenil que costuma crer estar a comprar cheiros da assinatura desportiva que mais vende no mundo. Em 2023, atingiu seu recorde de facturação com 93 milhões de euros, consolidando-se como uma das principais perfumeras de Espanha.