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Cardiologistas divididos pela controvérsia sobre a remoção do vinho do menu diário

Os peritos toam posição sobre a recomendação de saúde e defendem a introdução de outras medidas para cuidar do coração dos espanhóis

Duas mulheres comem e bebem vinho num menu diário / PEXELS
Duas mulheres comem e bebem vinho num menu diário / PEXELS

Numa tentativa em reduzir o número de óbitos provocados pelas doenças cardiovasculares em Espanha --120.000 em 2020--, o Ministério de Saúde pretendia trabalhar com bares e restaurantes para promover a dieta mediterrânica, como modelo de alimentação saudável, "sem incluir nela o consumo de álcool". A recomendação levantou tal polémica, que o Governo teve que recuar. Mas, que pensam os cardiologistas da exclusão do vinho e a cerveja do menu do dia? Como seria para eles o almoço perfeito? A verdade é que impera a divisão de opiniões…

Un restaurante para turistas que ofrece menú de mediodía / PIXABAY
Um restaurante para turistas que oferece menu de meio dia / PIXABAY

Da Sociedade Espanhola de Cardiología (SEC) apoiam a Estratégia em Saúde Cardiovascular do Sistema Nacional de Saúde que foi aprovada para fomentar a dieta e o estilo de vida mediterrânicos. No entanto, quanto à polémica de tirar o álcool do menu do dia, "só em casos muito concretos nos quais o coração está muito deteriorado, temos que recomendar a abstinencia absoluta de álcool", argumenta o presidente da SEC, Julián Pérez-Villacastín.

Um consumo moderado tem benefícios para a saúde

Enquanto a Federação Mundial do Coração insiste uma e outra vez em que nenhuma quantidade de álcool previne doenças cardíacas, e lembra que em 2019 mais de 2,4 milhões de pessoas morreram por causa do álcool, Pérez-Villacastín nada em contra corrente e afirma que agora não existem evidências pelo contrário, pelo que se pode consumir um ou dois copos de vinho por dia.

Varias personas beben cerveza con alcohol y comen unos tacos en un bar / EP
Várias pessoas bebem cerveja com álcool e comem uns petiscos num bar / EP

"Há inclusive dados que poderiam demonstrar que essas quantidades moderadas de álcool podem ser benéficas para a saúde cardiovascular na maior parte das pessoas", acrescenta o médico antes de enfatizar que "álcool, quanto menos, melhor".

A favor do menu sem álcool

"Com a evidência científica sobre a mesa, não se pode recomendar o consumo de álcool", expõe a este meio o cardiologista da Sanitas, Juan Carlos Portugal, que explica que o único consumo seguro de bebidas alcoólicas é zero.

Dos personas miran el menú de un restaurante / PEXELS
Duas pessoas olham para o menu de um restaurante / PEXELS

O médico vai inclusive mais longe quando afirma que é "necessário" deixar de recomendar como parte da dieta mediterrânica, ainda que reconhece que o setor do vinho é muito potente e daí o passo atrás do Ministério da Saúde. "Basta de atribuir supostos benefícios para a saúde ao vinho e a cerveja", diz Portugal.

Menos proibições e mais informação

Sempre prático, o membro da Sociedade Espanhola de Cardiología e médico da Vithas Internacional, Juan Antonio Corbalán, concorda em que o único consumo de álcool seguro é zero, "mas pela mesma razão teríamos que estar sempre com máscara e não sair de casa porque a contaminação prejudica-te".

A recomendação do Ministério da Saúde de excluir o vinho do menu de meio dia "parece-me uma medida mais estética que outra coisa", considera Corbalán, que explica que ele é mais "permisivo" e que confia numa sociedade formada. "O Ministério da Saúde é obrigada a dizê-lo, mas há que o fomentar mais que o excluir. A proibição de tudo não é a melhor opção", sentencia Corbalán. E é que, a julgar pelos peritos, há medidas mais simples e urgentes para cuidar do coração dos espanhóis.

Outras medidas mais necessárias

Os espanhóis consomem em média 9,8 gramas de sal por dia, segundo a Federação Espanhola de Nutrição (FEN), o que é quase o dobro da colher de sopa (5 gramas) que recomenda a Organização Mundial da Saúde (OMS). E o excesso de sal representa um risco para a hipertensão arterial e a insuficiência cardíaca, entre outras doenças. Para que o menu do dia seja perfeito há medidas mais urgentes "como reduzir o consumo de sal", alerta Portugal, que critica que se tornado moda temperar os pratos com sal rosa do Himalaya, que, afinal de contas, é o mesmo que sodio.

Un hombre añade sal a un plato / PEXELS
Um homem acrescenta sal a um prato / PEXELS

"As pessoas acostumaram-se ao salgado, e há que deixar de incentivar o uso de sais da Antártida recolhidas por pinguins imperadores para decorar o prato como fazem em determinados programadas de televisão", aponta o cardiologista. Na sua opinião, tal como nalguns estabelecimentos se cobra um extra pela mionese e outros molhos, teria que se fazer o mesmo com o sal e não pôr na mesa com o azeite. "No final, se reduzes o consumo de sódio, acostumas-te rápido, e a mim chegar-me-iam menos pacientes", sentencia o perito. "Esta solução parece-me mais inteligente. Do ponto de vista cardiológico, é positivo que se restrinja o sal", concorda Corbalán.

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