Consumo tacha de "inaceitável" o recorte de direitos dos passageiros que planea sobre Bruxelas
O "lobby" das aerolíneas pretende "acabar com a gratuidad da bagagem de mão" e aumentar a ombreira de tempo até as 5 horas para aceder a qualquer compensação

Feita a lei, feita a armadilha. A expressão é muito clara, e a nova modificação do regulamento europeu de direitos dos passageiros poderia confirmar que tem plena vigência. E é que, tal e como alertou a Federação de Consumidores e Utentes (CECU) em abril, os passageiros poderiam passar de ter uma compensação se seu voo chega com mais de 3 horas de atraso a ter que conformar com uma indemnização se o atraso supera as 5 horas.
Isto, advertiram, eliminaria as indemnizações para o 85% dos viajantes afectados. Nesta mesma linha, Facua tem alertado agora de que o "lobby aéreo" está maniobrando em Bruxelas para tentar um recorte de direitos dos passageiros.
Comunicação com o Ministério de Consumo
A associação tem transladado ao Ministério de Direitos Sociais, Consumo e Agenda 2030 que não só deve continuar trabalhando para frear a medida, sina defender que a mudança regulamentar vá em sentido contrário, de maneira que se reforce a protecção dos consumidores.

Assim, baixo o ponto de vista da entidade, o que deveria se fazer é obrigar às aerolíneas a abonar de forma automática as compensações por overbooking, cancelamentos e atrasos a mais de 3 horas, sem necessidade de que tenha que as reclamar.
Mudança paralisada
Vários países, entre eles Espanha, têm conseguido uma minoria de bloqueio que por enquanto tem paralisado este perjudicial mudança no regulamento, mas o ministro de Direitos Sociais, Consumo e Agenda 2030, Pablo Bustinduy, tem advertido de que quem querem recortar direitos "tentarão novamente na próxima semana".
"Não vamos aceitar nenhum tipo de rebaja nos direitos dos passageiros", tem assinalado Bustinduy num fio publicado na rede social Bluesky, onde tem denunciado ademais que as aerolíneas tentam "acabar com a gratuidad da bagagem de mão" e que com esse fim pretendem "mudar os regulamentos europeus para permitir que se possa cobrar".

Uma mudança "inaceitável"
Bustinduy tem agregado que é "inaceitável qualquer mudança e menos passar de 3 horas que dão direito a reclamação actualmente às 5 horas que estão a propor".
Com tudo, o ministro considera que há "mais direitos em perigo": "Pretendem legalizar que se cobre o assento contíguo do acompanhante de um menino ou pessoa dependente" ou que "comprando um bilhete de ida e volta se possa denegar a viagem de volta se não se embarcou à ida", tem denunciado.