O euro supera os 1,09 dólares pela incerteza económica em EE.UU: como afecta a teu bolso
O fortalecimento da moeda beneficia aos europeus, sobretudo, aos que planeam viajar a Estados Unidos ou comprar produtos importados desse país

O euro tem subido e tem superado a ombreira dos 1,09 dólares, impulsionado pela crescente preocupação nos mercados sobre uma possível ralentización da economia estadounidense.
Para as 16.00 horas GMT do dia 17 de março, a moeda européia cotava-se a 1,0926 dólares, em frente aos 1,0875 dólares do dia anterior. O Banco Central Europeu (BCE) fixou o tipo de mudança oficial em 1,0903 dólares.
Que há por trás do repunte do euro?
Os dados recentes desde Estados Unidos alimentaram a incerteza. As vendas varejistas subiram só um 0,2% em fevereiro, menos do esperado, e depois de uma forte queda de 1,2% em janeiro. Ademais, o índice manufatureiro Empire State, que mede a actividade industrial em Nova York, se desplomó até -20 pontos em março desde os 5,7 de fevereiro, o que sugere um forte enfriamiento económico.

Estes sinais têm levado aos mercados a especular com que a Reserva Federal (Fed) poderia baixar suas taxas de juro nos próximos meses, pese a que ainda se mantêm entre o 4,25% e o 4,50%. Ainda que a inflação em Estados Unidos baixou ao 2,8% interanual em fevereiro, desde o 3%, os analistas advertem que a elevada incerteza, alimentada pela política comercial do presidente Donald Trump, poderia atrasar qualquer decisão da Fed.
Como impacta isto em teu bolso?
O fortalecimento do euro em frente ao dólar pode beneficiar aos consumidores europeus, especialmente aos que planeam viajar a Estados Unidos ou comprar produtos importados desse país, já que terão mais poder adquisitivo. Ademais, o encarecimiento relativo do euro poderia ajudar a moderar a inflação importada, ao abaratar matérias primas denominadas em dólares, como o petróleo.
No entanto, se a economia estadounidense continua esfriando-se, também poderia impactar negativamente nas exportações européias, afectando ao crescimento e, eventualmente, ao emprego e ao consumo dentro da eurozona.
Inflação e política monetária em Europa
O vice-presidente do BCE, Luis de Guindos, tem declarado que a inflação energética "se comporta relativamente bem" e que espera que a inflação geral alcance o objectivo de 2%. Não obstante, De Guindos também tem advertido que a incerteza gerada pelas políticas alfandegárias de Trump complica as decisões futuras sobre as taxas de juro em Europa.
Em outro frente, Alemanha se prepara para votar uma reforma constitucional que permitirá um aumento significativo da despesa pública: 500.000 milhões de euros destinar-se-ão a defesa, infra-estruturas e protecção climática, o que poderia dinamizar a economia européia e manter a fortaleza do euro em médio prazo.