São um membro mais da família. Qualquer que tenha cães ou gatos conhece bem esse amor incondicional. Numa sociedade a cada vez mais preocupada pela alimentação das mascotas, chegam ao mercado multidão de marcas que prometem os melhores produtos para nossos peludos.
Consumidor Global tem entrevistado a Luzia Santo Tomás, veterinária e technical product manager em Natura Diet. A experiente adverte que o preço e os termos como premium não sempre refletem a qualidade real de um penso. Desde a frescura dos ingredientes até a digestibilidad das proteínas, a especialista sublinha que a chave está em olhar para além do marketing e entender que há realmente por trás da cada saco ou bata de comida para mascotas.
--Até que ponto o preço determina a qualidade da comida para mascotas?
--As marcas muito baratas têm que poupar em despesa e usarão matéria prima de pior qualidade ou processos menos sofisticados. No caso daquelas com preços médios ou muito altos, é difícil. Para além das importações ou o marketing, há coisas que não se percebem e que também encarecen.
--Por exemplo?
--Os ingredientes. Visualmente pode ser o mesmo mas a qualidade e o valor nutricional difere muito. Pode-se pagar muito pouco ou muitíssimo por um deshidratado de carne. Depende de que índice de frescura tinha essa carne quando se fez o deshidratado. O cliente não o percebe a priori, mas sim vê se o alimento lhe senta bem ou mau a seu animal.
--Entra em jogo a ética da cada empresa…
--Há empresas que podem precisar ganhar uma margem brutal e inflam preços. Outras podem considerar que seu produto tem um preço justo. Às vezes, a gente pensa que quando paga muitíssimo por um alimento está a pagar qualidade e não sempre é assim.
--Muitos consumidores optam por preparar em casa a comida para sua mascota. Neste sentido, o penso é o novo ultraprocesado odiado?
--Total. É a maravilha e o perigo do marketing. Há muita desinformación, sobretudo em redes sociais. Partindo da base de que é vital oferecer uma alimentação variada a nossos animais de companhia, quando os fabricantes fazemos comida devemos pensar que só vão comer isso. Depois a cada um pode o fazer melhor ou pior.
--Há marcas de penso para animais que são péssimas…
--Teve uma temporada na que se fizeram muito mau as coisas com o penso e saíram diferentes marcas aproveitando essa crise de integridade. Quem decida dar uma dieta BARF (Biologically Appropriate Raw Food ou Alimentação Crua Biologicamente Apropriada) a sua mascota, deve recorrer a um profissional e conhecer os riscos que tem. Não todos os animais nem todos os meios familiares são adequados para esta dieta. Não obstante, isto não significa que tenha que enterrar o penso.
--Por que?
--Porque há mil maneiras de fazê-lo. Pode-lo fazer com uma qualidade de ingredientes muito boa e cuidar muito os nutrientes ou podes fazê-lo muito mau, com ingredientes muito baratos.
--Natura Diet tem sacado uma nova nova faixa de comida para gatos, Cat Paté, que destacaria dela?
--Quando desenvolvemos uma receita temos em conta a evolução dos animais e a origem de sua alimentação. No caso dos gatos adaptamos a dieta ancestral a sua situação atual. E isso é o que temos feito com a nova faixa de batas. Os gatos são carnívoros estritos. Em tua casa não vão comer presas, então há que imitar esse perfil.
--Que benefícios tem contribuir comida húmida aos felinos?
--O bom do alimento húmido é que se parece muito ao que é uma presa. Bata-las de Natura Diet estão desenhadas para contribuir muita hidratación e proteínas de carnes e pescados com muito bom índice de frescura. Temos elaborado receitas completas e complementares. A ideia é utilizar essa alimentação húmida para ajudar-lhes na cada etapa.
--Poderia dar algum truque para entender a etiqueta da comida para mascotas?
--Para começar, não nos temos que fiar nunca das autodenominaciones como 'premium', 'super premium' ou 'ultra premium'.
--Por que?
--É uma etiqueta que não está legislada e a cada um pode dizer o que queira. Na União Européia temos uma legislação de etiquetado de alimentos para animais de companhia que é a que cumprimos todas as empresas que fabricamos na UE, mas não é a mesma que a que seguem marcas norte-americanas, por exemplo.
--Poderia detalhar um pouco mais?
--A típica frase 'sem subprodutos animais' tem entrado muito na mente do consumidor, mas os norte-americanos têm uma definição diferente do que é subproduto animal.
--Qual é a diferença?
--Em Europa, subproduto animal é todo o que prove/provem de animal mas se descartou para consumo humano e entra numa empresa de pet food, que é a que fabrica alimentos para animais de companhia. De modo que em Europa nenhuma marca pode dizer que não leva subprodutos animais. Outra coisa é que tipo de subprodutos animais utiliza. Nossa legislação é, em certos aspectos, mais exigente que a de outros países.
--Algumas marcas destacam a percentagem de ingredientes, é opcional?
--Obrigatoriamente há que declarar proteína bruta, gordura bruta, fibra bruta, cinzas e, em função do alimento, também a humidade. Os ingredientes devem-se declarar de maior a menor presença na receita. De um tempo a esta parte, todos os especificamos mas dantes ninguém o fazia porque o consumidor não se preocupava muito de ler a etiqueta. Agora, as marcas nos preocupamos por transmitir a qualidade de nossos ingredientes através da composição da etiqueta. Mas é um arma de duplo fio.
--Por que?
--Quanto mais llamativa é a informação numérica do saco, mais atento tens que estar para a entender. Não é o mesmo a percentagem que aparece na composição que as percentagens que aparecem no epígrafe de componentes analíticos. Há gente que confunde os ingredientes de origem proteico com a proteína bruta. Mensagens no saco como '90% de proteína' convidam a pensar que leva um 90% de proteína bruta. No fundo, o 90% é de proteína animal.
--Mas às vezes aparece a percentagem e outras não.
--O regulamento de etiquetado da União Européia (767/2009) diz que se realças algum ingrediente, já seja no nome do produto ou numa foto, obrigatoriamente deves indicar a percentagem na composição. Por exemplo, em Natura Diet Fish and Encrespe, devemos indicar a percentagem de arroz e pescado. O ideal seria não pôr nenhuma percentagem porque, francamente, gera muita mais confusão ao consumidor. É uma penúria o do etiquetado. Há que ser críticos, comparar muito, não se deixar levar por mensagens muito decoradas e consultar ao fabricante se se tem qualquer dúvida.
--Mas há alguma percentagem óptima que possa servir como referência?
--O ideal para cães e gatos é que os dois primeiros ingredientes do produto sejam proteínas. Saber quanto é pouco ou muito depende do animal e do tipo de proteína. São conceitos importantíssimos mas que não se manejam nos sacos de penso. Pode estar a pagar muito dinheiro por uma proteína que o animal não está a aproveitar. Há que assegurar de que tenha boa digestibilidad, porque não interessa tanto a quantidade como a qualidade. Podes estar a comprar uma alta percentagem de proteína bruta mas se a digestibilidad é baixa, o animal vai-a a defecar. Não é quanto mais melhor.