A OCU também pode denunciar andares: descobre por que se pôde fazer com um inmueble
A Organização de Consumidores e Utentes tem posto o grito no céu pelas características deste andar central de Valencia: 27 m² a 1.190 € ao mês

Já o vimos na multidão de manifestações exigindo uma moradia digna que se foram sucedendo ao longo de todo o território nacional, a última —e muito multitudinaria— que teve lugar em Madri o passado 9 de fevereiro. O mercado imobiliário espanhol atravessa uma crise profunda, onde como não, sempre há oco para a especulação imobiliária. Nas principais cidades do país estão a experimentar-se uns alarmantes incrementos nos preços do aluguer, inclusive em moradias que não cumprem com os regulares mínimos de habitabilidad.

Segundo a Organização de Consumidores e Utentes (OCU), em cidades como Barcelona, Valencia e Madri, algumas propriedades em condições precárias se estão a alugar por montes que superam o Salário Mínimo Interprofesional (SMI), chegando inclusive a se oferecer inmuebles sem autorização para uso residencial.
A OCU alerta sobre a ourgencia de regular o mercado do aluguer
A OCU tem instado às administrações públicas a implementar medidas de controle sobre os anúncios de aluguer e a estabelecer um regulamento homogêneo que defina com clareza as condições mínimas de habitabilidad. Esta regulação facilitaria aos cidadãos o acesso a informação transparente sobre as condições das moradias em oferta, evitando assim abusos por parte de proprietários e agências imobiliárias.

O caso de Valencia: alugueres desorbitados por espaços menores a 30 m²
A análise levada a cabo pela OCU baseou-se no estudo a mais de 155.000 anúncios publicados em portais imobiliários como Idealista, Milanuncios e Fotocasa. Os resultados têm sido preocupantes, especialmente em cidades onde o mercado se encontra numa situação altamente tensionada. Em Valencia, por exemplo, detectaram-se moradias de mal 27 metros quadrados com um preço de aluguer mensal de 1.190 euros, o que equivale a mais de 44 euros por metro quadrado.

Estes valores superam o SMI vigente em 2025, estabelecido em 1.184 euros mensais em 14 pagas, o que faz praticamente impossível que uma pessoa com um salário mínimo possa costear sua moradia sem destinar a totalidade de seus rendimentos a isso.
Infraviviendas disfarçadas de oportunidades
Outro problema denunciado pela OCU é a proliferación de infraviviendas no mercado do aluguer. Segundo o estudo, o 0,64% das ofertas disponíveis correspondem a andares que, devido a sua escassa superfície e deficientes condições, não deveriam ser conceituados como moradias adequadas. No entanto, ante a falta de alternativas asequibles, muitas pessoas terminam aceitando estes espaços a preços desproporcionados.

A crise do aluguer em Espanha segue agravando-se, e a falta de regulações efetivas deixa aos inquilinos numa situação de vulnerabilidade. A OCU faz questão da necessidade de tomar medidas urgentes para garantir que o acesso à moradia não se converta num luxo inalcanzable para a maioria da população.
Situações similares em Barcelona e Madri
Ainda que os casos denunciados pela OCU representam extremos, a tendência geral em Valencia não é muito melhor. Segundo o portal Idealista, o preço média do metro quadrado na cidade é de 15 euros, o que significa que o aluguer de uma moradia de 100 metros quadrados ronda os 1.500 euros ao mês. Nas zonas mais centrais e exclusivas, este custo pode superar facilmente os 2.000 euros, deixando a muitos inquilinos sem opções asequibles. Tanto é o descontentamento social que já se têm viralizado alguns vídeos satíricos sobre o tema, como o que te taremos a seguir:
@javiersanz_g O preço da moradia e a situação dos jovens. 🎯 Enquanto milhões de jovens passam-no canutas para independizarse, as redes sociais têm padrão os vídeos de consultoras inmobiliaras que te vendem andares de luxo a preços desorbitados. Neste vídeo comento-o a raiz do último sketch de @pantomimafull, que, por verdadeiro, é buenísimo. 🫡 #aprecio #moradia #alugueres #aluguer #andares #idealista #humor #critica #trabalho #viral #sketch #jovenes #videoviral ♬ som original - Javiersanz_g
O problema não se limita a Valencia. Em Barcelona, os pesquisadores encontraram apartamentos de 22 metros quadrados por um preço mensal de 1.450 euros, enquanto em Madri ofereciam-se moradias de 28 metros quadrados por 1.100 euros ao mês. Estas cifras evidencian que o acesso à moradia se converteu num desafio a cada vez maior para os cidadãos, especialmente para aqueles com rendimentos baixos ou moderados.
Medidas propostas para frear a crise do aluguer
Para abordar esta problemática, a OCU tem sugerido uma série de acções destinadas a melhorar o acesso à moradia e evitar abusos no mercado imobiliário:
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Supervisão dos anúncios de aluguer: Deve-se garantir que as moradias oferecidas cumpram com as condições básicas de habitabilidad e que se utilizem exclusivamente para fins residenciais.
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Implementação de uma regulação unificada: É necessário estabelecer critérios regular a nível nacional que definam a superfície mínima habitable e os requisitos básicos que deve cumprir uma moradia.
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Promoção do aluguer público: Aumentar a oferta de moradias públicas em aluguer ajudaria a reduzir a pressão sobre o mercado e facilitaria o acesso a opções mais asequibles para os cidadãos.
Outro problema ao alça: habitações impagables em moradias compartilhadas
Ante a impossibilidade de aceder a uma moradia em solitário, muitas pessoas recorrem ao aluguer de habitações em andares compartilhados, mas inclusive esta alternativa resulta cara em algumas cidades.

Em Barcelona, por exemplo, uma habitação individual pode custar ao redor de 625 euros ao mês, enquanto em Madri a cifra ascende a 575 euros. Em Málaga, o preço ronda os 490 euros, em Valencia os 455 euros e em Zaragoza, ainda que mais asequible, o custo segue sendo significativo com uma média de 340 euros mensais.
Primeira manifestação estatal pela moradia, o 5 de abril
As associações de inquilinos organizam o primeiro protesto nacional pela moradia o 5 de abril. Diversos coletivos e entidades sociais, junto com sindicatos de arrendatarios, têm anunciado a primeira manifestação a nível nacional em defesa do direito a uma moradia digna. A mobilização, programada para o 5 de abril, tem como objectivo denunciar a especulação no sector imobiliário.

Assim o deram a conhecer o Sindicato de Inquilinas e Inquilinos de Madri e o Sindicat de Llogateres de Cataluña através de seu perfil na rede social 'X', destacando que, pela primeira vez, este protesto terá um alcance estatal. "Voltamos às ruas e desta vez fazemo-lo todas juntas, em todas partes", têm transladado desde o Sindicato de Inquilinos de Madri, que têm convocado a mobilização na capital para as 12.00 da manhã em Atocha." Segundo informavam desde sua conta oficial sobre esta mobilização nacional em 'X'.