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De onde vem a tirria de Ryanair para o Governo de Espanha

O conselheiro delegado da aerolínea irlandesa tem chamado "payaso" ao ministro de Consumo, Pablo Bustinduy

Juan Manuel Del Olmo

O diretor executivo da Ryanair, Michael O'Leary, durante uma conferência de imprensa da Ryanair / EUROPA PRESS - EDUARDO PARRA

Ryanair tomou-a com o Governo de Espanha, e em particular, com o ministro de Direitos Sociais, Consumo e Agenda 2030, Pablo Bustinduy. O choque está a atingir novas cotas e já tem entrado no terreno das faltas de respeito.

A companhia lançou na terça-feira 11 de fevereiro uma oferta com 179.000 assentos a 19,99 euros baixo o lema "reserva preços loucos dantes de que o payaso suba preços", na que utilizava a imagem do ministro de Consumo vestido de payaso. O conselheiro delegado do grupo Ryanair, o irlandês Michael Ou'Leary, chamou a este representante do Governo "ministro louco comunista" e "louco político".

De onde vem o confronto

Tudo se remonta ao passado novembro, quando o ministro de Bustinduy multó a Ryanair com 107 milhões de euros por realizar práticas abusivas, como cobrar suplementos pela bagagem de mão ou por reservar assentos contíguos para acompanhar a pessoas dependentes.

Um avião de Ryanair / UNSPLASH

As multas afectavam a um total de cinco aerolíneas (Ryanair, Volotea, Vueling, easyJet e Norwegian), que, ao todo, enfrentavam uma sanção de 179 milhões de euros. Ryanair, num guiño a esta cifra, oferta agora 179.000 praças a preço reduzido que poderão se adquirir através de seu site durante três dias.

Multa "inventada"

Ou'Leary tem reiterado que a multa é "inventada" e que não cumpre com a lei da União Européia. Ademais, tem afirmado que sua companhia teve 60 milhões de passageiros em Espanha durante 2024 que pouparam até 300 milhões de euros graças a suas tarifas baixas.

Também tem acusado ao Governo espanhol de estar a utilizar uma lei "obsoleta" do ano 1960 e criada pelo ditador Francisco Franco para impor esta multa. Dita norma recolhia que as companhias aéreas estão obrigadas a transportar aos passageiros e sua bagagem com independência do número de bultos e seu tamanho, ainda que atendendo aos pesos máximos, numa época na que só viajavam os "privilegiados".

Várias pessoas no terminal T4 do aeroporto Adolfo Suárez Madri-Baralhas / EUROPA PRESS - ALBERTO ORTEGA

Resposta de Bustinduy

Por sua vez, Pablo Bustinduy tem assegurado que "as grandes multinacionais e estes magnatas" em alusão a Ryanair e seu conselheiro delegado, estão "acostumados" a "fazer o que lhes dá a vontade" e "se saltar a lei" em lugar de "receber multas".

O titular de Consumo tem assegurado numa entrevista para Televisão Espanhola que esta campanha de Ryanair não lhe ofende: "Nenhuma destas campanhas de pressão, nenhum insulto, nem a má educação vai distrair-me de minha tarefa, que é defender aos consumidores em Espanha".

Subida de tarifas generalizada

O máximo responsável por Ryanair também tem assegurado que permitir a todos os passageiros viajar com uma mala de cabine acarretaria um incremento geral das tarifas, tanto para os que quisessem a levar como para os que não, enquanto agora só têm que abonarlo quem não têm suficiente com uma bolsa pequena que caiba baixo o assento atacante.

Duas pessoas no aeroporto / EUROPA PRESS - RICARDO LOIRO

Por outra parte, o diretor tem assegurado que os planos de investimento de Ryanair em Espanha, que ascendem a 5.000 milhões de euros, seguem estando presentes, com a única diferença de que dirigirão seu tráfico para aeroportos maiores, em vez dos pequenos que estão "infrautilizados".