Golpe da justiça a Ryanair: condenada a devolver a sobretaxa da bagagem de mão
Este revés surge após a coima de 179 milhões de euros aplicada a cinco companhias aéreas pela Secretaria-Geral do Consumo e dos Jogos de Azar.

Ryanair continua a sofrer reveses nos tribunais. A política de bagagem da companhia aérea irlandesa, que foi alterada várias vezes e difere da prática habitual das outras companhias aéreas (que permitem uma mala de cabine normal sem custos adicionais), continua a atrair uma fila de espera.
Agora, como explica o Facua, um tribunal de Valladolid condenou a Ryanair a pagar os 44,90 euros que dois passageiros tiveram de pagar para poderem viajar com a sua bagagem de mão na cabina. A companhia aérea terá também de pagar os juros legais acumulados desde que os passageiros afectados apresentaram a queixa.
Contexto da resolução
Como recorda Facua, trata-se de uma nova decisão judicial a favor dos consumidores, na sequência da coima de 179 milhões de euros aplicada a cinco companhias aéreas pela Secretaria-Geral do Consumo e dos Jogos de Azar. Neste caso, o juiz considerou que a bagagem de mão é um elemento indispensável do transporte de passageiros e, por conseguinte, “não pode ser objeto de um suplemento de preço”.

Além disso, a Organização de Consumidores e Utilizadores (OCU) apresentou recentemente uma ação judicial contra a Ryanair para que a bagagem de mão seja declarada “abusiva” em tribunal, tal como já foi considerado e sancionado pelo Ministério dos Direitos Sociais, Consumo e Agenda 2030. A organização recomenda a todos os consumidores que reclamem “a inadequação destes suplementos” e, para aqueles que já o fizeram, que guardem os documentos que “reflectem estes abusos para os poderem reclamar em tribunal, se necessário”.
Apoio das organizações
Por seu lado, o Ministério dos Direitos Sociais, Consumo e Agenda 2030 recebeu o apoio de organizações de consumidores de 31 países europeus para a coima de 179 milhões aplicada às companhias aéreas de baixo custo. “As empresas não podem violar sistematicamente os direitos dos consumidores com impunidade”, afirmou Pablo Bustindy, que reiterou que as acções do Ministério visam transmitir a mensagem de que ‘nenhuma empresa, por maior ou mais poderosa que seja, está acima da lei’.
Por outro lado, o presidente e CEO da Aena, Maurici Lucena, qualificou de “lamentável” a campanha da Ryanair contra o ministro dos Direitos Sociais, do Consumo e da Agenda 2030, Pablo Bustinduy, no final de fevereiro, que utilizou a sua imagem vestida de palhaço para uma nova promoção de preços da companhia aérea. “Se eu fosse eles, de facto, e fizesse uma avaliação dos seus últimos dois meses, institucionalmente, eu olharia para ela porque é uma excelente empresa operacionalmente”, acrescentou no seu discurso.