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"Siniestro total": a resposta de Generali para esquivar o reparo de um carro a todo o risco

Depois de nove anos de fidelidade, a companhia Génesis faz um peritaje superficial e arbitrário para denegar o reparo do veículo a um cliente

Ana Carrasco González

Cómo quedó el coche de Manuel Soriano tras el accidente CEDIDA

Um Mini Cooper S, modelo John Cooper Works (JCW), impacta frontalmente contra a parte trasera de um veículo na incorporação ao M-30. Felizmente, não há feridos de consideração.

Dentro do veículo viajam Manuel Soriano e seu irmão, este último com uma leve queimadura na boneca pelo airbag. Nada grave. No entanto, Génesis, a companhia de seguros pertencente ao Grupo Generali, tem feito que a colisão fortuita esteja a ser realmente traumática.

A promessa implícita do "a todo o risco" e a letra pequena

O acidente teve lugar o 23 de fevereiro e a culpa tem-a Soriano. Não obstante, este cliente tinha depositado sua confiança –e seu dinheiro– em Génesis, ao contratar um seguro a todo o risco. Quando adquiriu seu Mini Cooper (de 2005) em 2024, renovou a póliza com eles. A lógica era clara; em caso de acidente, o seguro devia encarregar-se de tudo. Essa era a promessa implícita do "a todo o risco".

Como ficou o carro de Manuel Soriano depois do acidente / CEDIDA

Não obstante, a companhia de seguros declarou o carro como siniestro total e enviou um finiquito, sem possibilidade de negociação, com duas quantidades: 1.245,45 euros se o cliente encarregava-se do reparo ou 2.535,45 euros se entregava o carro para seu desguace, cobrando um valor residual de 1.290 euros.

Um reparo que vale mais que o valor de mercado do carro

"Quando o li, não sabia se era uma broma. O carro não estava pára desguace. E nem sequer tinham comprovado seu funcionamento interno. O perito olhou-o por fora e já", conta Soriano a Consumidor Global. Segundo confirmou-lhe o próprio mecânico da oficina onde foi transladado o veículo, a avaliação foi superficial. A lua delantera estava rompida –pelo disparo do airbag–, a chapa afundada e os faros destroçados.

A lua rompida do carro de Manuel Soriano / CEDIDA

"O veículo é perfeitamente reparable. De facto, está a consertar-se. Não é tão grave o impacto", declara o cliente. "Mas se o reparo vale 2.000 euros e o valor venal real é de 1.710 euros, se desentienden. Isto, a minha forma de ver, e dado o baixo custo do reparo, me parece execrable", acrescenta. O valor venal de um carro é o preço estimado que teria no mercado de segunda mão no momento imediatamente anterior a um siniestro.

Sem possibilidade de uma segunda peritación

Pese a isso, Génesis qualificou o veículo como siniestro total, se amparando em que o custo de reparo superava o valor venal. Soriano pediu uma segunda peritación, amparando no artigo 38 da Lei de Contrato de Seguro (LCS 50/1980). Foi negada.

A cifra da indemnização (1.245 ou 2.535 euros) soa a sarcasmo ao ter em conta que o valor de do veículo novo, com o equipamento instalado, ascende a 39.418 euros, tal e como consta na documentação oficial de km77.com. O que mais indigna ao assegurado não é só a cifra. É a atitude. "Vendem-te uma póliza a todo o risco e quando chega o momento de actuar, o que recebes é bloqueio e desprezo", afirma Soriano.

Aceitação baixo protesto

Depois de quatro meses de comunicações frustradas, telefonemas pendurados, correios eletrónicos sem resposta e nula flexibilidade, Manuel aceitou o finiquito. Mas fazer "baixo protesto e com reserva de direitos", um recurso legal que permitir-lhe-á seguir reclamando judicialmente.

A aceitação baixo protesto / CEDIDO

O documento, ao que este meio tem tido acesso, detalha ponto por ponto as vulneraciones que Manuel atribui à seguradora: desde a infracção do artigo 8 da Lei do Contrato de Seguro (por ignorar o valor real de mercado), até o artigo 20 (por impago de interesses legais), passando por um peritaje "defeituoso" e a impossibilidade de solicitar uma tasación independente.

Consumidor Global pôs-se em contacto com Génesis, no entanto, ao termo desta reportagem, não se obteve resposta alguma por parte da seguradora.