As primeiras eleições sindicais de Glovo chegam com uma década de atraso
Nesta sexta-feira, 286 repartidores votam em Pamplona para eleger a seus representantes, num processo que poderia transformar as condições trabalhistas em todo o sector da partilha a domicílio

Nesta sexta-feira, 8 de agosto, os riders de Glovo participam nas primeiras eleições sindicais da companhia, um evento pioneiro que o sindicato CCOO tem qualificado como um ponto de inflexão "na dignidade das pessoas empregadas".
Atrás ficaram nos dias em que os repartidores eram conceituados autónomos sem direitos trabalhistas. Com uma década de atraso, segundo o sindicato, Glovo enfrenta-se agora à democratização de seus centros de trabalho, um processo que era inevitável depois da pressão dos trabalhadores e um sinfín de processos judiciais que forçaram a laboralización de toda a plantilla.
Um passo crucial para a dignificación do emprego
A votação, na que 286 trabalhadores de Glovo estavam chamados a eleger a seus 13 representantes, abre a porta a uma série de benefícios longamente almejados. O direito a ter um comité de empresa permitirá aos riders negociar um convênio próprio, estabelecer horários justos, adequar as jornadas trabalhistas e, o mais importante, ter uma voz coletiva para reclamar seus direitos.

A batalha tem sido ardua. CCOO tem denunciado publicamente trava-las impostas pela empresa, que tentou, junto a outros sindicatos, boicotar o processo. Ademais, o sindicato tem criticado o modelo de "frotas" que Glovo utilizava para evitar a contratação direta e desorganizar à plantilla. No entanto, a perseverancia dos trabalhadores tem prevalecido, sentando um precedente que poderia ressoar em toda a indústria.
Os benefícios de ser assalariado
A mudança de autónomos a trabalhadores assalariados não é só um formalismo, sina que implica uma série de vantagens fundamentais que agora os riders poderão desfrutar:
- Estabilidade trabalhista: Acesso a contratos com jornadas e horários preestablecidos.
- Protecção social completa: Direito a prestações por desemprego, indemnização em caso de despedimento, férias pagas, e cobertura em casos de doença, maternidade ou aposentação.
- Poupança económica: Eliminação da quota de autónomo, uma despesa significativa para os repartidores.
- Meios de trabalho: Possibilidade de que o veículo, uma ferramenta essencial, seja proporcionado pela empresa.
Com estas eleições, os trabalhadores de Glovo têm demonstrado que a união e a luta coletiva são o caminho para garantir direitos trabalhistas no sector da partilha a domicílio em Espanha.