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Um anúncio afirma que "beber alonga a vida" e estoira a polémica

Pedem a retirada da campanha porque contradiz o consenso científico e fomenta uma falsa sensação de segurança sobre o consumo de álcool

Ana Carrasco González

El anuncio de la polémica FACUA

A organização de consumidores Facua tem solicitado à Prefeitura de Sevilla a retirada imediata de uma nova campanha publicitária instalada em suportes municipais que, segundo denúncia, fomenta o consumo de álcool difundindo mensagens "enganosas e perigosos para a saúde pública".

A campanha –realizada em colaboração com a Federação Espanhola de Bebidas Espirituosas (FEBE) e a Universidade de Sevilla– mostra a pessoas maiores junto ao eslogan "beber com medida alonga a vida", acompanhado de mensagens como "desfruta de um consumo responsável".

"Não existe o consumo responsável de álcool"

Num comunicado, Facua recorda que o consenso científico é rotundo: "Não existe o consumo responsável de álcool. A única medida realmente segura é não o consumir".

Gente bebendo álcool / UNSPLASH

A organização cita as advertências emitidas pelo Ministério de Previdência, que em 2023 publicou que "não existe um nível seguro de consumo de álcool; os riscos só se evitam se não se consome". Assim mesmo, a Organização Mundial da Saúde (OMS) mantém uma posição idêntica: "Nenhuma forma de consumo de álcool está isenta de riscos. Inclusive um nível baixo implica danos".

Uma campanha que poderia transmitir benefícios inexistentes

Para a associação de consumidores, a campanha municipal resulta especialmente grave porque insinua que beber pouco pode ser beneficioso, gerando "uma falsa crença" e "confusão entre a população".

Facua critica que se utilize a imagem de pessoas maiores, um coletivo ao que a sociedade atribui "sabedoria e autoridade", o que pode incrementar a credibilidade da mensagem.

A indústria do álcool, assinalada de novo

Facua também recorda que a indústria de bebidas alcohólicas leva anos tentando difundir o mito do "consumo responsável" como opção segura, se apoiando em "supostos estudos" já desmontados por organismos científicos, como o Instituto de Saúde Carlos III ou as investigações publicadas no Journal of Studies on Álcool and Drugs.

Além de dirigir à Prefeitura, Facua tem reclamado à Universidade de Sevilla que se desvincule da campanha e que rectifique, já que –segundo denúncia– a mensagem contradiz as recomendações e comunicados prévios da própria instituição académica.

Cresce a polémica

A controvérsia tem gerado um intenso debate em redes sociais e entre coletivos sanitários, que consideram a campanha um retrocesso em matéria de saúde pública.

À espera de uma resposta oficial, Facua faz questão de que a publicidade deve se retirar o quanto antes para evitar a difusão de uma mensagem que, segundo recalca, pode pôr em risco a saúde da cidadania.