Multa de 64 milhões de euros a Airbnb por publicar anúncios de andares sem licença

O Ministério de Direitos Sociais impõe uma sanção recorde à plataforma por anunciar mais de 65.000 moradias turísticas ilegais e aplicar práticas comerciais desleais

El ministro de Derechos Sociales, Consumo y Agenda 2030, Pablo Bustinduy   Eduardo Parra   EP
El ministro de Derechos Sociales, Consumo y Agenda 2030, Pablo Bustinduy Eduardo Parra EP

Ouve o artigo agora…

0:00
0:00

O Ministério de Direitos Sociais, Consumo e Agenda 2030, dirigido por Pablo Bustinduy, tem confirmado nesta segunda-feira uma sanção histórica contra Airbnb. A plataforma de aluguer de férias deverá abonar 64 milhões de euros por permitir a publicação de dezenas de milhares de anúncios de alojamentos que careciam da licença turística obrigatória.

A resolução é firme e esgota a via administrativa depois de desestimarse o recurso de alçada apresentado pela companhia. Esta medida supõe um passo sem precedentes na luta contra a fraude no aluguer turístico e a crise da moradia.

As chaves de uma sanção milionária

A multa principal, qualificada como infracção grave, ascende a 64.055.311 euros. Segundo tem detalhado o Ministério de Consumo, esta cifra não é aleatória, equivale a "seis vezes o benefício ilícito" que Airbnb teria obtido graças a estas práticas desde que foi apercibida até a retirada dos anúncios.

La página de Airbnb / UNSPLASH
A página de Airbnb / UNSPLASH

A falha obriga à companhia a duas acções imediatas, além do pagamento:

  1. Rectificar os incumprimentos: eliminação definitiva dos conteúdos ilícitos.
  2. Sanção reputacional: obrigação de fazer pública a multa imposta.

Que tem feito mau Airbnb segundo Consumo?

A investigação tem identificado irregularidades num total de 65.122 anúncios. As práticas comerciais desleais detectadas incluem:

  • Ausência de licença: publicação de alojamentos que não contavam com a licença turística exigida pelos regulamentos autonómicos.
  • Informação falsa: uso de números de registro falsos ou incorretos para burlar os filtros.
  • Publicidade enganosa: ocultação de informação veraz sobre a natureza jurídica dos anfitriões (se são particulares ou empresas).

O Tribunal Superior de Justiça de Madri já tinha respaldado previamente a ordem de retirada destes anúncios ditada pelo Ministério, consolidando a posição de Consumo.

Obstrucción e falta de transparência

Além da multa principal, a resolução inclui sanções por outras infracções menores que somam severidad ao expediente:

  • 55.000 euros por incumprir as ordens provisórias do órgão instrutor, ditadas para evitar riscos aos consumidores durante a investigação.
  • 10.000 euros por incumprir o regime de contratos a distância, ao ignorar dados sobre quem é realmente o anfitrião.
  • 10.000 euros por obstrucción à justiça administrativa, já que a plataforma negou-se ou não respondeu aos requerimentos de informação de Consumo durante a instrução.

"Ninguém está acima da lei"

O ministro Pablo Bustinduy tem enquadrado esta sanção dentro de um objectivo mais amplo: atalhar a crise da moradia em Espanha, um dos problemas centrais do país. O Ministério recorda que também mantém abertos expedientes contra agências imobiliárias por possíveis cláusulas abusivas para os inquilinos.

"Há milhares de famílias que vivem ao limite por causa da moradia, enquanto uns poucos se enriquecem com modelos de negócio que expulsam às pessoas de seus lares. Nenhuma empresa em Espanha, por grande ou poderosa que seja, pode estar acima da lei", tem sentenciado Bustinduy.