Após 3 meses esperando um pedido de 500 euros, Allzone insta a um cliente a cancelar e esperar
A companhia, que não deixa de acumular queixas de clientes descontentamentos, diz ter detectado uma "incidência operativa" na gestão interna de um pedido, algo que achaca, sem concreción, a problemas de inventário ou logística
Allzone é uma empresa que semeia desconcerto e mal-estar. Para comprová-lo basta com jogar um vistazo às redes sociais, a foros de valorações onde as reseñas negativas se contam por dezenas de milhares ou as comunicações de Facua e OCU. Entrega pedidos tarde, confunde a seus clientes, põe travas às devoluções… E o pior de tudo é que depois saca peito e proclama que "tem sabido sustentar, melhorar e ampliar sua proposta de valor pese às circunstâncias"; simultaneamente que se declara "uma empresa capaz de resistir, de se adaptar e de seguir adiante com dignidade e transparência".
Em frente a esta palabrería, a realidade: o passado 17 de setembro, Ramón Raso fez uma compra neste site, que encontrou por internet "procurando páginas que vendessem móveis com bons preços", conta a Consumidor Global. Admite a este meio que leu alguns comentários, mas não os suficientes. Sem suspeitar as calamidades que seguiriam à transacção, pagou 495,89 euros por dois telefones Samsung Galaxy A56 com seu cartão de crédito Caixabank Payments & Consumer.
Artigos sujeitos a demora
Mas o pacote não chegou quando estava estipulado. Quando já tinha decorrido quase um mês desde a compra, na quarta-feira 15 de outubro, este consumidor perguntou por seu pedido por correio. A resposta de Allzone é reveladora: "Informamos-te novamente que os produtos multimédia estão sujeitos a demoras devido a sua alta demanda e particularidades de distribuição. Por esta razão, o processo logístico gere-se seguindo a ordem primeiramente dos pedidos".

É uma frase que merece uma análise: ainda que também comercializa produtos para o lar e para fazer desporto, Allzone é fundamentalmente conhecida por vender produtos multimédia, de maneira que assumir que estes dispositivos "estão sujeitos a demoras devido a sua alta demanda" é como admitir que a maioria do que vende se entrega com atraso porque não há um óptimo manejo do estoque.
A entrega atrasa-se de novo
Ademais, a empresa indicou a Raso que se estimava que a entrega fora, aproximadamente, nos dois seguintes dias. "Se decides seguir esperando, agradecemos-te profundamente a confiança depositada em nós. Em caso contrário, podes cancelar teu pedido directamente desde tua área de cliente", alegou a companhia.
A estas alturas do filme, ao leitor de Consumidor Global não surpreender-lhe-á saber que Allzone também não entregou o telefone nessa data. O 7 de novembro, a companhia admitiu a Raso que o pedido ainda não tinha sido enviado, lhe pediu "desculpas sinceras pela demora" e arguyó que lhe estava a dar "a máxima prioridade para que seja despachado o dantes possível".

"Só dão longas"
Não obstante, decorrido um novo mês, o pedido também não tinha chegado. De novo, desde Allzone disseram a este consumidor que passavam nota à equipa de logística para agilizar seu caso. "Só dão longas através de correios mecanizados que sempre dizem o mesmo, e quando consegues falar com eles te dão falsas datas de entrega. Esta gente deveria estar já controlada para que não sigam enganando aos pobres consumidores", valoriza Raso.
O 11 de dezembro, Allzone foi por fim algo mais clara e se pôs em contacto com o afectado para lhe explicar que tinham detectado uma "incidência operativa" na gestão interna de seu pedido, algo que podia se dever "a uma desactualización pontual do inventário ou a uma discrepância logística detectada depois da validação do pedido".

Um pedido que não pode "continuar seu processo de preparação"
Seja como for, o resultado é o mesmo: reconheciam a Raso que não enviariam os telefones porque o pedido não podia "continuar seu processo de preparação neste momento".
"Incitam-me a que cancele o pedido, o qual já o solicitei, e me dizem que nuns dias chamar-me-á um agente. Com o lentos que são para tudo, a saber. Pelos comentários que leio, não pinta bem", conclui Raso. Consumidor Global tem contactado com a empresa para perguntar por estas incidências, e desde Allzone alegam que o cliente tem sido contactado em reiteradas ocasiões "e a incidência tem ficado devidamente satisfeita". Ademais, em relação com as actuações ante os organismos centrais de consumo, apontam que "as mesmas deram lugar a requerimentos extensos de informação e tramitações administrativas, depois do qual o procedimento ficou concluído por silêncio administrativo".
