Trump e seu noviazgo com Silicon Valley: Investimentos milionários em IA e uma corte tecnológica
Conquanto faz muitos anos o líder republicano manteve-se crítico com o sector tecnológico, agora parece estar completamente virado no investimento, a julgar pelos magnatas de Silicon Valley que foram a apoiar na tomada de posse do político

O recém estreado presidente de Estados Unidos, Donald Trump, tem revelado um ambicioso plano destinado a incrementar o investimento nacional no âmbito da tecnologia, concretamente no inovador sector da Inteligência Artificial (IA). Este projecto contará com a colaboração de importantes empresas tecnológicas, entre as que destacam OpenAI, SoftBank e Oracle.
Segundo fontes próximas citadas pela agência 'Reuters', a iniciativa, conhecida internamente como 'Stargate', tem como objectivo principal fortalecer as capacidades de processamento e análise de dados em diversos sectores onde o investimento é chave.
Que é o 'Stargate' no que Trump investirá 500.000 milhões?
A estratégia inclui a criação de centros de dados avançados e a implementação de sistemas baseados em aprendizagem automática. Estas ferramentas teriam aplicativos que vão desde o sector da saúde até o âmbito da defesa nacional. O governo de Estados Unidos planea destinar até 500.000 milhões de dólares nos próximos quatro anos para este esforço, que também contempla a geração de novos empregos no sector tecnológico e a capacitação de especialistas, com o fim de manter a competitividade do país no campo da IA.

O plano destaca por seu enfoque colaborativo entre o sector público e o privado. A participação de empresas como SoftBank e Oracle garantiria o acesso a recursos tecnológicos e financeiros em grande escala, enquanto OpenAI encarregar-se-ia do desenvolvimento de modelos e algoritmos que maximizem o rendimento dos sistemas de inteligência artificial.
Este projecto se enmarca dentro de uma agenda mais ampla que Trump planea apresentar nos próximos dias, focada em consolidar a Estados Unidos como líder em inovação tecnológica em áreas como a robótica, a computação cuántica e outras disciplinas relacionadas com a IA.
Corte-a tecnológica de Donald Trump: os magnatas de Silicon Valley
O início do mandato de Donald Trump como presidente de Estados Unidos marcou uma mudança significativa na relação entre a Casa Branca e os líderes tecnológicos de Silicon Valley. Na cerimónia de investidura, estes influentes empresários ocuparam lugares destacados, posicionando-se como uma espécie de "corte tecnológica" em torno do novo presidente.
Apesar de seus conflitos passados com Trump, incluídos confrontos públicos e acusações mútuas, os principais nomes da indústria tecnológica parecem ter sellado uma trégua que cheira a bilhetes.
Elon Musk e seu coqueteo com TikTok
Elon Musk, fundador de Tesla e SpaceX, é o exemplo mais destacado desta nova dinâmica. Considerado um dos empresários mais influentes do mundo, Musk se converteu num aliado estratégico para Trump. Seu apoio financeiro, com doações que atingiram os 260 milhões de dólares, e o uso de sua plataforma X para amplificar a mensagem do presidente, foram determinantes durante a campanha.

Por isso, não é casual que Trump lhe tenha favorecido com suas intenções para comprar TikTok depois de sua proibição em Estados Unidos. O magnata sul-africano poderia beneficiar-se de uma maior colaboração em projectos espaciais, como o programa da NASA para regressar à Lua em 2027, uma prioridade estratégica para o novo governo.
Mark Zuckerberg: um giro radical
No passado, Trump tinha-o ameaçado com acções legais por considerar que Facebook manipulou seus algoritmos durante as eleições de 2020. No entanto, Zuckerberg tem adoptado uma postura mais alinhada com o movimento MAGA, eliminando ferramentas como o programa de verificação de dados em suas plataformas e modificando políticas de moderación para comprazer à base republicana.

Tim Cook: um equilíbrio pragmático
O CEO de Apple, Tim Cook, representa outro caso de adaptação estratégica. Mantendo uma relação próxima com o expresidente, Apple tem conseguido importantes benefícios para sua empresa, como isenções alfandegárias durante a guerra comercial com Chinesa.

Sundar Pichai: Google com uma posição inesperada
O CEO de Google, Sundar Pichai, surpreendeu ao ocupar um lugar relevante na cerimónia. Conhecido por seu perfil discreto, Pichai tinha tido uma relação complicada com Trump no passado, especialmente devido às acusações do presidente de que Google manipulava os resultados de busca em sua contra.

No entanto, num giro recente, Google realizou uma doação de um milhão de dólares para a tomada de posse.
Jeff Bezos: reconciliação depois de um conflito público
O fundador de Amazon e proprietário de The Washington Pós, Jeff Bezos, tem protagonizado uma relação mais conflictiva com Trump, marcada por confrontos públicos onde o líder republicano o acusou de pagar poucos impostos.

Não obstante, a relação começou a melhorar o verão passado, quando Bezos expressou optimismo por uma possível desregulamentação do sector espacial, no que compete directamente com Musk. Amazon também contribuiu dois milhões de dólares para o evento de investidura, consolidando esta aproximação.
A nova relação entre a tecnologia e a política
O protagonismo dos líderes tecnológicos na tomada de posse de Trump ilustra uma mudança no papel de Silicon Valley na política estadounidense. Estes magnatas, anteriormente críticos do expresidente, agora se integraram em seu círculo de influência, o que propõe perguntas sobre como esta relação afectará às políticas tecnológicas e económicas nos próximos anos.

Apesar de suas diferenças passadas, as alianças estratégicas entre Trump e os gigantes tecnológicos parecem ter chegado para ficar, ao menos enquanto os interesses de ambas partes se mantenham alinhados.