A cruzada dos apicultores contra a importação de mel falso
O COAG aconselha a “compra direta aos apicultores ou através de circuitos curtos de comercialização” para garantir a autenticidade e a qualidade do mel.

Decifrar a origem do mel que se vende nos supermercados espanhóis é, às vezes, impossível.
É que a avalanche de xaropes e sucedáneos de mel de importação nos lineares das grandes cadeias de distribuição europeias conta com a permissidade das administrações, tal como denuncia a Coordenadora de Organizações de Agricultores e Ganadeiros (COAG).
A cruzada dos apicultores contra a importação de mel falso
Por isso, apicultores espanhóis, franceses e portugueses uniram-se numa frente comum para lutar contra as importações em massa de mel falso.

Mais especificamente, a organização agrária alerta de que o palco atual "está dinamitando" os esforços dos apicultores profissionais por oferecer um produto de alta qualidade, saudável e sustentável.
Atuações imediatas
"A União Europeia e o Governo espanhol têm que atuar de imediato, reforçando os controlos na fronteira, validando os métodos de análises e proibindo a ultrafiltração", sublinha o responsável pelo sector apícola de COAG, Pedro Loscertales.

A Comissão Europeia publicou em março do ano passado um relatório realizado conjuntamente entre a OLAF (Escritório Europeu de Luta contra a Fraude), o JRC (Centro Comum de Investigação da União Europeia) e a DG SANTE (Direcção Geral de Saúde e Segurança Alimentar da Comissão Europeia), no qual se apresentaram os resultados de um plano de controlos levado a cabo na fronteira a centenas de importações de mel durante 2021 e 2022.
Mel falso
O dito relatório revelava que 46% das mostras europeias analisadas foram fraudulentas e 66% das empresas importadoras controladas tiveram, pelo menos, um resultado positivo.
No caso de Espanha, as percentagens elevam-se a 51% de importações com produto fraudulento e 85% de empresas importadoras com, pelo menos, um resultado positivo.
Um preço incompatível com o produto
O COAG lembra que há anos faz um rastreamento exaustivo do mercado do mel e das importações realizadas pela indústria espanhola e europeia.
Ademais, a organização agrária está à anos a alertar de que o preço de determinados produtos importados e comercializados em Espanha é incompatível com seu etiquetado como mel no mercado.
"Comprar diretamente aos apicultores"
"Esta é uma realidade incomportável para um sector que está a apostar, cada vez mais, nas produções sustentáveis e de qualidade, bem como em adaptar-se efeitos da mudança climática devastadores para as abelhas e para a nossa actividade", diz Loscertales.

Na sequência deste escândalo, o COAG envia uma mensagem aos consumidores para o Natal: “Comprar diretamente aos apicultores, ou através de circuitos curtos de comercialização, é a melhor garantia de autenticidade e qualidade do mel”, afirma o responsável pelo sector apícola do COAG.