Subida da cesta de compra-a: isto é o que mais se encareció no ano passado
A inflação modera-se um tanto, mas a cada vez são mais os consumidores que se sentem vulneráveis e se vêem obrigados a modificar seus hábitos

O marco de referência influi directamente na construção do relato. Assim, o dado de que o preço dos alimentos subiu um 1,8% no ano 2024 poderia parecer asumible pára muitos consumidores, mas, se se amplia a foto, o panorama se escurece notavelmente: o preço de uma cesta de compra-a básica elevou-se um 47% num período de quatro anos, segundo um relatório da consultora Kantar Worldpanel publicado em abril.
Este estudo analisava a evolução de uma cesta composta por azeite, arroz, café, detergente, bolachas, leite, massa e yogur, que em 2019 tinha um custo de 20,13 euros e em abril de 2024 já estava em 29,70 euros.
Subida de 9%
Ademais, a cesta de alimentos básicos tem-se encarecido um 9% desde que o Governo anunciasse a medida de reduzir o IVA faz dois anos, segundo os dados analisados por Asufin.

A presidenta da entidade, Patricia Suárez, tem assinalado que a medida não tem sido eficaz. "Fica demonstrado que não se vigiaram as margens nem se estabeleceu um cauce de cumprimento do que a baixada do IVA pretendia: abaratar a cesta de produtos básicos. Por outra parte, como vimos reiterando, tem sido uma medida sem graduación, que tem beneficiado tanto ao que mais compra como o que menos", tem indicado.
O pescado, entre o que mais se encarece
Por rubricas, os maiores incrementos de preço em taxa anual têm sido para o pescado fresco e congelado (+8,6%), o fumo (+7,6%) e a carne de vacuno (+7,3%), enquanto os preços têm descido sobretudo no açúcar (-13,9%), os azeites e gorduras (-8,8%) e o leite (-0,9%).

O País recolhe que, em termos gerais, "fazer a compra já não é um pesadelo para os lares, ainda que sim é bem mais caro que faz três anos porque os preços não têm retrocedido". É análise questionável: pode que não seja um pesadelo, sina um letargo prolongado, aturdidor e nebuloso do que já será muito difícil sair. E, por tanto, mais daninho que um pesadelo da que é possível acordar.
Chocolate, zumos e batatas
O citado meio recolhe que os zumos e as batatas, básicos na dieta mediterránea, tinham repuntado um 9,8% e um 7,9% até novembro, respectivamente. O chocolate tem-se encarecido mais, até taxas superiores ao 20%.
Por isso, são muitos os consumidores em Espanha que se sentem vulneráveis em matéria de alimentação. Mais especificamente, o 39% diz sentir-se assim, segundo revelam os dados da Encuesta de Hábitos de Compra e Consumo 2024 realizada pela Mesa de Participação de Associações de Consumidores (MPAC) e Mercadona. Este dado supõe um aumento de 6% com respeito a 2023.

Hábitos de compra
Assim mesmo, o documento assinala que em 2024 o 81% dos consumidores modificou de algum modo seus hábitos de compra e consumo, e, ainda que a cercania se mantém como o factor mais relevante à hora de eleger um estabelecimento, uma elevada percentagem dos interrogados tem adoptado medidas para gerir sua despesa em alimentação. Optam, por exemplo, por procurar preços mais competitivos e por tentar aproveitar melhor a comida.
Esta realidade casa com o facto de que um 12% dos consumidores espanhóis tem reduzido sua despesa em alimentação e tem diversificado suas compras em vários estabelecimentos (8%), o que mostra uma clara tendência para a optimização da despesa e a eficiência no consumo alimentar.
Mudanças na dieta
Ademais, de acordo com os resultados obtidos através do estudo realizado no primeiro semestre de 2024, no que participaram 3.600 famílias das 17 comunidades autónomas e das duas cidades autónomas, o 32% dos interrogados percebe que seu dieta se viu afectada pelo meio socioeconómico.

Para o 54% dos consumidores, a facilidade de acesso e o benefício económico imediato são mais importantes que outros aspectos como a variedade de produtos ou a experiência de compra em si mesma.