Espanha atravessa uma grave crise de moradia que atenaza a vida de milhares de pessoas. O problema é particularmente espinoso nas grandes cidades, mas já se estendeu para além de Madri, Barcelona ou Valencia, onde muitos vizinhos de toda a vida se sentiram expulsados.
Os experientes recordam uma e outra vez que faltam andares, e a pressão dos acaudalados proprietários estrangeiros que compram para investir complica ainda mais as coisas. Liv Conlon é uma dessas proprietárias. Esta mulher britânica de 26 anos reside em Marbella, e vontade ao redor de 120.000 libras ao ano, algo mais de 137.000 euros, a maioria graças a seu segundo negócio, que tem sua sede em Espanha.
"Império imobiliário"
Assim o contou ao diário britânico The Telegraph num artigo que tem gerado muitíssima controvérsia em redes. E fazer porque Conlon tem declarado que não precisa pensão, já que será seu "império imobiliário espanhol" o que financiará sua aposentação.
Conlon introduziu-se no mercado imobiliário muito jovem, aprendendo a importância do aspecto da moradia: encontrou no mobiliário uma forma de subir o preço da propriedade que queria vender. A dia de hoje tem duas propriedades, outro apartamento de duas habitações em Escócia e uma villa em Marbella.
"Gostaria de comprar mais propriedades"
"Gostaria de comprar mais propriedades em Espanha como investimento para as alugar em Airbnb. Mas o repto de comprar aqui é que os compradores estrangeiros precisam um depósito considerável, entre o 30% e o 40% do valor da propriedade", tem declarado a The Telegraph esta investidora.
"Que um estrangeiro que não reside em nosso país possa ter, já não uma, sina várias moradias, limitando desta forma o acesso à moradia e encareciendo preços aos nacionais, me parece nauseante", publicou um internauta molesto em X citando o titular da notícia. Outro ia para além e dizia que "In Spain we call this ser uma vergonha e dar todo o asco". "O Governo deve proibir compra-a de moradia a estrangeiros não comunitários. É uma crise muito grave, e exige medidas extremas", considerava outro.
Compra de moradia por parte de estrangeiros
O verdadeiro é que a compra de moradias por parte de estrangeiros em Espanha se acercou às 93.000 operações em 2024, uma cifra inédita, segundo os dados trimestrais dos Registradores e recopilados por idealista/news.
Por regiões, nas Ilhas Baleares (32,6%), a Comunidade Valenciana (28,9%) e Canárias (27,2%), mais de uma da cada quatro aquisições realizaram-nas compradores estrangeiros. Britânicos, alemães e marroquinos foram as cidadanias que mais casas compraram nesse ano.
O investimento se triplica
Segundo uma análise publicada no Confidencial, o investimento de estrangeiros no residencial espanhol tem-se triplicado entre 2007 e 2024, "enquanto compra-las dos jovens entre 18 e 30 anos têm-se desplomado".
Convém ter presente que uma maior demanda, especialmente de investidores com alto poder adquisitivo, tende a pressionar ao alça os preços da moradia, especialmente em zonas de alta demanda turística ou em grandes cidades. Isto empurra aos residentes locais, incluídos os jovens, a procurar moradias nas afueras, o que pode gerar problemas de gentrificación e inclusive segregação social.