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Nem mês de agência nem pagar os arranjos: as recomendações do Governo ao alugar uma moradia

A guia relata o procedimento de reclamação judicial em frente aos abusos imobiliários por parte dos caseiros ou os intermediários

Dos personas que van a alquilar un piso
Dos personas que van a alquilar un piso

O aluguer está em máximos, e o mercado já encadeia subidas a duplo dígito desde faz vários meses. Em julho, o preço da moradia em aluguer em Espanha elevou-se um 14,1% em sua variação interanual, situando seu preço em 14,37 euros por metro quadrado, segundo os dados do Índice Imobiliário Fotocasa.

Deste modo, tal e como explica o estudo, Espanha tem experimentado num ano um incremento no preço médio das moradias de 14,1%, passando de 1.007 euros a 1.150 euros em julho de 2025 por um andar de 80 metros quadrados.

Dificuldade dos jovens

Os jovens figuram entre os mais prejudicados, tanto no mercado de aluguer como no de compra. E não é um problema menor: a dificuldade para ter um lar impede ou dificulta seu emancipación e seu desenvolvimento pessoal, uma complicação que, a sua vez, se relaciona com o descenso da natalidad.

Un hombre mira anuncios de una agencia inmobiliaria en Oviedo / EUROPA PRESS
Um homem olha anúncios de uma agência imobiliária em Oviedo / EUROPA PRESS

Entre outras razões, os experientes apontam à escassez de oferta. De facto, o Banco de Espanha avisou faz uns meses, em seu Relatório Anual de 2024, de que o déficit de novos lares, que está na forquilha de 400.000 e 450.000 moradias entre 2022 e 2024, ameaça com gerar um "pescoço de garrafa" para a economia espanhola se não se tomam medidas e se aborda de maneira "decidida" e "holística".

Evitar abusos

Conscientes destes problemas, o Ministério de Juventude e Infância e o Instituto da Juventude de Espanha (Injuve) têm lançado uma guia com conselhos dirigida a jovens inquilinos para ajudar a defender seus direitos e evitar "abusos".

Entre outras questões, a Guia dos direitos das inquilinas recomenda não enviar documentação sensível por aplicativos como WhatsApp, não efectuar pagamentos a imobiliárias -já que são as e os proprietários quem têm que se fazer cargo do serviço- ou apresentar reclamações ante abusos.

Una mujer busca pisos por internet / PEXELS
Uma mulher procura andares por internet / PEXELS

Melhor alugar com particulares

Neste sentido, adverte de que é mais conveniente alugar directamente com um particular, já que as agências intermediárias "velam só por seus interesses próprios e do caseiro". Por tanto, optar por elas pode supor mais trâmites e custos.

Igualmente, a guia recorda que não há que pagar nada à imobiliária. "No mês de agência tem-o que pagar o caseiro, segundo a Lei 12/2023 pelo direito à moradia desde maio de 2023", explica. Em todo o caso, acrescenta que, se o inquilino se vê "forçado" a pagar à imobiliária, nesse caso pode pagar as despesas solicitadas e depois os reclamar.

Fotos e vídeos

Por outro lado, recomenda fazer fotos e vídeos do estado inicial da moradia. "Se já tens encontrado um andar, no dia que entres a viver fotografia e grava em vídeo o estado em que se encontram os muebles, electrodomésticos, persianas, paredes, solos, tetos, corrimões, instalações, banhos, cozinha, etc", aponta.

Una pareja con unas cajas / PEXLES
Um casal com umas caixas / PEXLES

Nesta mesma linha, avisa de que, se qualquer objeto está rompido, estragado ou avariado, o inquilino deve informar ao caseiro no prazo de 30 dias desde a assinatura do contrato e lhe pedir por escrito que a arranje. "Assim não poderá te imputar o defeito e se combinar com a fiança a conta do mesmo", indica.

Contratos de longa duração

O documento também sugere optar por contratos de longa duração porque "são os únicos que incorporam cláusulas obrigatórias que protegem e reconhecem os direitos das pessoas inquilinas e evitam subidas de preço".

Também oferece clarificaciones sobre as renovações dos contratos ou sua rescisão, as actualizações do aluguer ou as despesas que deve enfrentar uma ou outra parte.

"Abusos" dos arrendadores

Outras questões que aborda são possíveis "abusos" por parte das pessoas arrendadoras, como a rejeição do pagamento da renda para iniciar um procedimento de desahucio, a expulsão dos arrendatarios alegando uma falsa necessidade de uso da moradia para si mesmas ou familiares ou a retenção da fiança para o pagamento de custos não cobertos por lei.

Una persona sostiene unas llaves / PEXELS
Uma pessoa sustenta umas chaves / PEXELS

Também relata o procedimento de reclamação judicial em frente aos abusos imobiliários por parte das pessoas proprietárias ou as agências intermediárias. Assim mesmo, explica qual é o processo judicial de desahucio e oferece recursos para aceder a moradia pública por parte das comunidades autónomas ou ajudas para o pagamento do aluguer.

Serviços de orientação específicos

Ademais, recalca que o documento não resolve a totalidade de problemas e casos diferentes que podem afectar aos inquilinos. Assim, recomenda ir a um serviço de orientação específico que alguns Colégios de Advogados oferecem, ou solicitar consulta com um/a advogado/a particular para resolver dúvidas.

Por sua vez, a ministra de Juventude e Infância, Sira Rego, tem assegurado que a guia "nasce de uma demanda social, mas também de um compromisso político: pôr ferramentas concretas ao serviço da juventude para que conheça e defenda seus direitos". Enquanto, a diretora geral do Injuve, Margarita Guerreiro, tem explicado que o organismo tem detectado, através de estudos e consultas, "a confusão, desinformación e vulnerabilidades" das pessoas jovens no acesso ao aluguer.