Tijeretazo para os beneficiários do Bono Social: as comunidades mais afectadas
Experientes arguyen que o potencial desta ajuda está desaprovechado e que seria conveniente "repensar o mecanismo e o fazer mais acessível"

A partir de 1 de julho e até o 31 de dezembro deste ano, os beneficiários do Bono Social receberão menos ajuda em sua factura elétrica. Esta queda chega ademais num momento delicado pela subida de preço da electricidade, que se disparou com a chegada do calor por causa de um aumento da demanda.
Neste contexto, Roams recorda que, para os consumidores vulneráveis, o desconto que até agora atingia o 50% se reduz ao 42,5%; enquanto para os consumidores vulneráveis severos baixa de 65% ao 57,5%.
10 euros menos
Os cálculos da plataforma especializada em poupança refletem que, com a PVPC (Aprecio Voluntário para o Pequeno Consumidor, a tarifa que há que ter contratada para se beneficiar do bono), que actualmente tem um preço médio de 22,74 euros /mês, ambos tipos de consumidores deixarão de receber 1,71 €/mês, ou o que é o mesmo, 10,26 euros até que finalize este 2025.

Pode parecer uma cifra pequena, mas afecta às pessoas com menos recursos e, porcentualmente, supõe uma redução de 15% para consumidores vulneráveis e de 11,5% para vulneráveis severos.
As comunidades mais afectadas
Quanto à distribuição por comunidades, Roams detalha que, em Extremadura, a concentração de beneficiários do Bono Social é muito elevada. De facto, Badajoz (84 beneficiários pela cada 1.000 habitantes) e Cáceres (78 pela cada 1.000 habitantes) lideram o ranking nacional com uma diferença muito significativa.
Às capitais extremeñas seguem-lhes províncias do sudeste peninsular como Jaén, Albacete e Cidade Real; e várias de interior em Castilla e León como Salamanca e Zamora.
Risco de pobreza ou exclusão social
Badajoz, Cáceres e Jaén não só encabeçam o ranking das províncias com maior concentração de pessoas acolhidas à ajuda, sina que também apresentam algumas das taxas de pessoas em risco de pobreza e/ou exclusão social mais altas do país.

Esta percentagem ascende ao 36,9% Badajoz, ao 34,1% Cáceres e ao 34,7% Jaén. Por se fosse pouco, esta tríade figura entre as províncias com menor rende por lar, no meio dos 27.000 euros, longe da média de Espanha, que se situa em 33.500 euros. Por todo isso, a coincidência destas três variáveis as converte em territórios "especialmente sensíveis ao recorte".
Eficácia da medida
"A verdadeira questão agora é se o mecanismo em si é eficaz. A relação entre concentração de beneficiários, taxa de pobreza e renda média por lar mostra-nos que as ajudas do bono social chegam onde, a priori, mais se precisa", assinala Sergio Soto, experiente em energia de Roams.
A seu julgamento, "o impacto deve valorizar segundo o mapa da vulnerabilidade. Em zonas como Badajoz ou Jaén, com alta concentração de beneficiários e rendas baixas, qualquer ajuste afecta directamente. A correlação entre pobreza, renda e Bono Social demonstra que sua necessidade nestas regiões é estrutural, não temporária. Por isso, o recorte deveria ir acompanhado de políticas de apoio para além da factura da luz", valoriza Soto.

Beneficiários em Madri e Barcelona
Pelo contrário, em grandes urbes como Madri e Barcelona (as duas províncias de Espanha com maior número de beneficiários: 184.527 e 127.601, respectivamente), as cifras de beneficiários por habitantes são baixas: 25,8 e 21,4 ajudas por cada 1.000 habitantes. Em Cataluña e Navarra, a incidência do Bono Social é ainda menor, em linha com seus níveis de renda mais altos e menores taxas de pobreza.
"Com um 22,4% da população desconhecendo o Bono Social e suas ajudas, é evidente que o potencial desta ajuda está desaprovechado. A normalização dos descontos é um bom momento para repensar o mecanismo e fazê-lo mais acessível e conhecido, transformando essa carteira de clientes de PVPC num caladero de novos beneficiários que hoje estão desprotegidos", conclui Soto.