Nem discoteca nem 'apps' de unir: assim são as novas formas de conhecer o amor que marcam tendência
Em Consumidor Global pomos-te ao dia das novas tendências para unir em 2025: como o desporto e os jantares organizados estão a substituir às apps de citas

Se já vimo-lo naquela febre de passear por Mercadona com uma piña em procura de solteros com vontades de experimentar um flechazo e por que não, um choque arteiro de carrito de supermercado no corredor dos congelados…. Agora está ainda mais clara a coisa: a gente tem vontade de apaixonar-se, mas não de qualquer forma.
Ou ao menos nos cauces das formas atuais às que já nos acostumámos: Tinder, Bumble, Instagram…. Um catálogo infinito de imagens caprichosas com as que nos topar e tentar —com às vezes pouca sorte— nos apaixonar. Mas as coisas estão a mudar: a cada vez mais pessoas querem conhecer a alguém de maneira mais natural, sem perfis editados nem filtros de por meio.
A tendência é clara: procura-se menos catálogo digital e mais experiências compartilhadas. O novo palco para apaixonar-se já não é uma discoteca abarrotada nem uma conversa infinita num chat, sina um espaço onde o corpo e a mente se activam. Já seja assistindo a ficadas multitudinarias de running até uma classe de bachata.
A nova forma de unir: deporte como palco de conexão
Durante anos, os bares foram terreno fértil para primeiras citas, e os aplicativos de citas acumularam milhões de descargas. No entanto, os hábitos sociais evoluem, e o presencial começa a recuperar protagonismo. Segundo dados de Bumble, mais da metade dos jovens espanhóis dentre 18 e 26 anos afirma que prefere conhecer gente em actividades culturais ou desportivas dantes que num bar. Ademais, um 67% considera que este tipo de planos favorece vínculos mais saudáveis e autênticos.
O leque é amplo: partidos de pádel, sessões de running em grupo, classes de molho ou oficinas de yoga. Estas actividades não só fomentam o bem-estar físico e mental, sina que também criam um terreno neutro e dinâmico no que a conversa flui sem a pressão de "impressionar" constantemente.
O sociólogo Francesc Núñez explica-o claramente… a diferença das apps, este tipo de experiências permitem perceber a química de imediato. Uma partida de pádel ou uma classe de dance não só reduzem a tensão inicial, também abrem a porta à espontaneidad e à autenticidad, factores essenciais na construção de vínculos reais.
Geração Z: os culpados de viralizar o movimento, a saúde e as relações autênticas
Os experientes coincidem em que esta mudança responde ao desgaste que geram as apps de citas. Perfis pouco fiáveis, conversas que nunca chegam a uma cita real ou fenómenos como o ghosting (desaparecer sem dar explicações) fazem que muitos utentes terminem esgotados. A isto se soma um dado relevante: a Geração Z está a reduzir notavelmente seu consumo de álcool, o que resta protagonismo aos bares como ponto de encontro.
Se há algo que caracteriza à Geração Z é sua inclinação para um estilo de vida saudável. Não surpreende, então, que prefiram citas ativas que combinem diversión e bem-estar. O desporto converte-se numa desculpa perfeita para compartilhar tempo, conhecer num meio mais distendido e, de passagem, mostrar aspectos genuinos da personalidade.
Jantares e encontros presenciais: o regresso do 'slow dating'
Ainda que os bares e os jantares românticos seguem existindo, também estão a surgir formatos que procuram devolver a esmo e à conversa pausada seu papel central no processo de se apaixonar. Um exemplo é o projecto de Eva Sánchez, de 28 anos, fundadora de Slow Dating Clube.
Após várias experiências frustrantes com aplicativos de citas, Eva decidiu criar uma alternativa: encontros presenciais em restaurantes de Madri, onde os solteros participam em jogos e questionários durante a velada. O objectivo é favorecer a interacção sem a pressão do "speed dating" clássico. Ao final da noite, se alguém acorda interesse, basta com o anotar num sobre.
Com um preço de 25 euros por pessoa e periodicidade mensal, estes eventos atraem principalmente a jovens dentre 25 e 35 anos, ainda que são abertos a todo o que queira viver a experiência. Mais que um serviço para "encontrar casal", se propõe como um espaço para desfrutar de uma velada diferente, conhecer gente e, com um pouco de sorte, encontrar afinidad.
Por que as apps já não enganchan como dantes?
As cifras falam por si sozinhas. Depois de mais de uma década de sucesso —um estudo calcula que o 40% dos espanhóis tem utilizado aplicativos de citas alguma vez—, estas plataformas estão a experimentar um descenso em utentes de pagamento e suas companhias têm registado perdas em Carteira.
O desgaste tem várias causas. Por um lado, a sobreexposición: conhecer a alguém diferente cada semana, manter conversas repetitivas ou sentir a pressão de que a cita deve incluir intimidem desde o princípio. Por outro, a falta de confiança: estima-se que ao redor de 7% da informação publicada nestas plataformas é falsa, o que gera decepção e erosiona a autoestima.
Apps de unir em decadência: "Ninguém quer falar com uma IA"
A sexóloga clínica Francisca Molero, diretora do Instituto Iberoamericano de Sexología, resume-o assim: "Existe hartazgo. Muitas pessoas não querem entrar nessa vorágine de expectativas, sexo rápido e encontros sem continuidade. A gente procura experiências mais reais e menos desgastantes".
Ademais, a irrupción de chatbots capazes de redigir mensagens "perfeitas" para unir acrescenta um novo elemento de desconfiança. Quando a linha entre o autêntico e o artificial se esmaece, a espontaneidad se resiente, e com ela, a ilusão.
Voltar ao singelo: química sem filtros
O amor, longe de desaparecer, está a encontrar novos caminhos e cauces pára reinventarse. Hoje, tanto os mais jovens como quem já têm provado sem sucesso os aplicativos procuram palcos diferentes: um grupo de running, um jantar organizado, uma classe de dance. A chave está em redescubrir a conexão cara a cara, sem algoritmos nem perfis editados.
Os ecrãs seguirão sendo uma ferramenta útil, mas tudo indica que as experiências compartilhadas, a actividade física e os meios sociais tranquilos vão ganhando terreno. Ao final, a fórmula parece singela: mover-se, rir-se e deixar que a química apareça onde menos se espera.