Barcelona Perfumery Congress chega à capital catalã: do 'boom' árabe ao algoritmo olfativo

Consumidor Global entrevista a Adrià Martínez, subdirector da feira de perfumes que se celebra na cidade condal, para falar das tendências do sector e descobrir que há por trás do sucesso das fragancias árabes

Adrià Martínez, subdirector del Barcelona Perfumery Congress   CEDIDA
Adrià Martínez, subdirector del Barcelona Perfumery Congress CEDIDA

Os amantes dos perfumes têm uma cita inevitável neste mês de junho. O Barcelona Perfumery Congress (BPC) regressa nos dias 18 e 19 de junho à Farga de L'Hospitalet de Llobregat (Barcelona), consolidado já como um evento finque para os profissionais do sector.

Com mais de 100 expositores e um escaparate de inovações olfativas, esta feira converteu-se num referente para fabricantes, revendedores e experientes em fragancias. Consumidor Global tem falado com Adrià Martínez, subdirector do congresso, quem adianta as tendências que marcarão a perfumaria em 2025 e revela que há por trás do auge dos perfumes árabes, entre outros temas.

--Qual é a origem do Barcelona Perfumery Congress?

--Espanha é o segundo exportador mundial de perfumaria, mas nossas empresas têm que ir expor ao estrangeiro. BPC começou como um congresso a nível científico e, à medida que foi evoluindo, detectamos um nicho que não tinha coberto ninguém. Vimos a oportunidade e que as empresas o iam agradecer, além de nos posicionar a nível internacional como referente e potência.

El truco infalible para que tu perfume dure más/PEXELS
Uma mulher aplica-se um pouco de perfume /PEXELS

--Quais são os principais reptos da sexta edição?

--Nesta nova edição, o repto é consolidar-se definitivamente. Nós o celebramos a cada dois anos. A ideia é que as marcas se marquem esta data no calendário e que saibam que em 2027 voltar-se-á a celebrar este evento em Barcelona. Temos crescido muito não só em expositores internacionais, sina também em visitantes.

--Uma das inovações desta edição é a presença da inteligência artificial no sector da perfumaria. Como se consegue a integração de ambas?

--Actualmente, a inteligência artificial está a aplicar-se para a personalização e recomendação. Há algoritmos que te ajudam segundo os gustos e as preferências quanto a aromas. A nível interno, às empresas e perfumistas ajuda-lhes muito para fazer combinações de notas olfativas e saber como ficaria ou se já se fez no mercado previamente. Também há uma parte mais científica, que está em desenvolvimento ainda, e que tem que ver com a codificação do cheiro. Têm-se codificado imagens, sons, texto, mas o cheiro é um sentido com o que ainda não se pôde fazer.

--A perfumaria de autor estará muito presente ao congresso, que destaca dela?

--Trata-se de uma perfumaria mais selectiva. Há um perfumista detrás que tem criado um perfume de maneira muito exclusiva. São fragancias bastante intensas. Não é um eau de toilette que podes encontrar num supermercado. São perfumes com uma personalidade mais forte, ainda que isso não significa que sejam cheiros mais fortes.

--Acha que o preço está justificado?

--Sim. Ao final, além do perfume, também te vendem a experiência de ir a essa perfumaria ou conhecer ao perfumista. A cada um tem sua maneira de trabalhar e seus produtos. Seus retailers são uma experiência mais que uma loja ao uso.

La sostenibilidad está cada vez más presente en el mundo de los perfumes/ PEXELS
A sustentabilidade está a cada vez mais presente ao mundo dos perfumes/ PEXELS

--Que tendências em perfumaria destacam este 2025?

--Está a trabalhar-se muito toda a parte emocional, wellness e como o perfume pode contribuir algo mais que um cheiro. Isto é, como afectam estes perfumes ao bem-estar da pessoa que o utiliza e como o projecta ao exterior. Essa parte de well-being, emoções e sensibilidade está a trabalhar-se muito em perfumaria, em toda a parte de criação do trabalho.

--Ou seja que o perfume é o acessório que não deve faltar.

--Sim. Muitas empresas defendem que o perfume é 'a cerecita' quando acaba o ritual de beleza. Dantes de sair à rua, o perfume marca o ponto final.

--Uma tendência que arrasa são os perfumes árabes. Que têm de especial?

--O oud é muito característico. Há pessoas às que gostam de muito e há outras que não. Polarización absoluta. Muitas empresas de fragancias estão a fixar-se em Arábia Saudita, Emiratos Árabes e Qatar porque o nível de consumo de perfumes é importantíssimo. Nestas zonas, o consumidor está muito concienciado, sabe muito bem o que quer. É um dos mercados de exportação que se está a ter mais em conta, sobretudo Arábia Saudita, por tamanho e pelo crescimento que está a ter ultimamente.

La lavanda es un perfume natural que ayuda a despertar sensaciones de calma y tranquilidad/ PEXELS
A lavanda é um perfume natural que ajuda a acordar sensações de acalma e tranquilidade/ PEXELS

--Há muitas diferenças entre o mercado árabe e o europeu?

--Em Europa e em Espanha há uma faixa muito ampla. Tens perfumes desde os 12 euros que vês em Mercadona, e daí vais subindo até a perfumaria de autor. Nos países árabes trabalha-se mais a faixa alta.

--Durante o congresso fá-se-á entrega dos Barcelona Perfumery Awards. Qual é o objectivo destes galardões?

--Reconhecer também à indústria. Há prêmios a perfume do ano ou perfumaria como produto final, mas não em toda a parte industrial como o B2B, estratégias de empresa ou estratégias em sustentabilidade dentro da perfumaria, novos ingredientes mais sustentáveis ou mais inovadores. Temos 13 categorias diferentes com as que tentamos reconhecer a esta indústria e a inovação que está a levar a cabo.