A história de Mietis começa muito dantes de que a marca visse a luz em 2017. Sua raiz está na fábrica familiar de curtidos que criou o avô de María Fontanellas em Igualada (Barcelona) e que hoje dirige seu pai. Levam décadas trabalhando para assinaturas de luxo. Mas esse saber fazer acumulado durante duas gerações tem sido o ponto de partida para que María decidisse dar forma a seu próprio projecto.
"Meu pai sempre tem tido uma grande paixão pela moda, além de pela pele", explica a desenhadora a Consumidor Global. A marca debutó com uma colecção de roupa em pele elaborada com descartes da fábrica e ganhou o prêmio a melhor marca emergente na 080 Barcelona Fashion. Depois, apostaram pelas bolsas. "O melhor produto para trabalhar a pele é a bolsa e o calçado", detalha.
Da passarela aos acessórios: o giro de Mietis
Os inícios de Mietis estiveram marcados pela moda ready to wear, mas a assinatura encontrou seu caminho nos acessórios. O objectivo era claro: construir uma identidade própria aproveitando a experiência familiar e a conexão com as oficinas de Ubrique, um povo andaluz com uma longa tradição unida à confecção de pele.
Ainda que na colecção atual contam com uma linha de jaquetas, o grosso de sua proposta segue sendo a bolsa, que destaca por suas silhuetas estruturadas, geométricas e rígidas.
Um mercado exigente e um cliente que procura durabilidade
Além do desenvolvimento do produto, outro desafio para Fontanellas foi abrir-se passo num mercado saturado. "O maior repto é dar-te a conhecer", afirma. Ter um produto de qualidade desde o primeiro dia foi uma vantagem, mas também um ponto de exigência.
Ainda assim, percebe que o cliente valoriza a cada vez mais a durabilidade e o trabalho artesanal: "Um produto de qualidade com uma matéria prima boa vale seu dinheiro, e há um mercado que quer isso".
Uma marca de luxo acessível
Perguntada por como definiria a marca, María não dúvida: Mietis é luxo acessível. "Nosso ticket médio é mais acessível que o do luxo convencional", assinala.
E acrescenta: "o luxo também to dá to dá o nome e a história, que isso nem se compra nem se vende. Não podes competir com as marcas de luxo que são históricas mas sim podes oferecer um produto de sua qualidade e também é luxo".
O longo caminho de uma bolsa Mietis
A pele de vacuno é o material protagonista de Mietis e trabalhá-la requer oficio. "A pele é um produto complicado se não sabes como o fazer. A cada uma é diferente, não é como um sintético", explica Fontanellas. Este carácter natural condiciona todo o processo de desenho e confecção.
Desde a primeira ideia até ver a bolsa terminada podem passar entre três e quatro meses. O trabalho realizam-no ao menos dez pessoas e exige provas de formas, maquetas, padrões e reforços. A isso se soma o pedido de peles, fabricadas sob medida. Finalmente, cada série de produção ocupa umas duas semanas por modelo. Para uma colecção completa precisam-se seis meses no mínimo.
Visibilidade internacional e uma identidade muito pessoal
Pese a sua juventude, Mietis tem conseguido presença fora de Espanha. Algumas de suas peças têm sido levadas por Megan Fox, Ava Max ou a modelo Elsa Hosk. Também têm aparecido na série Elite e no filme Culpa Nossa, onde os luze a actriz Nicole Wallace.
A assinatura também destaca por sua logo, uma mariquita, símbolo estreitamente unido à desenhadora. "O diminutivo de María em catalão é Marieta, que também significa mariquita", explica. Seu pai transformou esse apodo familiar em "Mietis·, que dá nome à marca. Uma identidade que mistura tradição, afecto e uma trajectória criativa própria.