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Menos inteligência artificial e mais pessoas: os espanhóis preferem uma atenção ao cliente humana

Mais da metade dos consumidores espanhóis assegura que a carência de sensibilidade emocional por parte da IA segue sendo uma barreira nos serviços de assistência, sinal de que esta tecnologia precisa evoluir para além da automação

Ana Siles

open ai

Em plena era digital, onde a inteligência artificial se tem colado em quase todos os serviços, muitos utentes começam a mostrar sinais de cansaço. Em frente às respostas genéricas e a falta de empatía dos assistentes virtuais, os espanhóis valorizam o trato humano, o entendimento e a capacidade de adaptação que só uma conversa com outro ser humano pode oferecer.

ServiceNow, a plataforma de inteligência artificial (IA) orientada à transformação empresarial, tem apresentado seu relatório Consumer Voice Report 2025. O estudo analisa como a inovação tecnológica está a transformar as expectativas e hábitos dos consumidores nos países da região EMEA, incluída Espanha, em relação com o serviço ao cliente. Ademais, destaca como a experiência emocional começa a jogar um papel tão importante como a eficiência operativa.

Empatía, a matéria pendente da IA

Em sua terceira edição, o relatório deste ano baseia-se numa encuesta realizada a 17.000 adultos (1.000 deles em Espanha) e põe o foco em como os consumidores percebem o uso da inteligência artificial nos processos de atenção ao cliente. As conclusões apontam a uma mudança de paradigma: os utentes já não se conformam com uma tecnologia que simplesmente automatize tarefas, sina que demandam uma IA capaz de combinar eficiência com inteligência emocional para oferecer uma experiência mais próxima e humana.

Um trabalhador de atenção ao cliente / FREEPIK

Espanha não é uma excepção a esta tendência. Uma ampla maioria dos interrogados espanhóis assinala que a empatía segue sendo uma matéria pendente nas interacções com IA. Um 57 % dos entrevistados destaca que os chatbots ainda não são capazes de captar sinais emocionais e um 62 % critica que só oferecem respostas repetitivas e guionizadas.

Uma mudança de paradigma

Apesar deste cepticismo, algo está a mudar. O 68% dos consumidores espanhóis acha que a IA acabará sendo capaz de detectar emoções num futuro próximo. Concretamente, um 61% prevê que os chatbots desenvolverão mais capacidades empáticas dantes de que termine no ano, e um 69% pensa o mesmo dos assistentes de voz.

"Os consumidores espanhóis já não se conformam com respostas automáticas básicas, sina que esperam que a IA agilize as interacções, se antecipe a suas necessidades e actue como um aliado que potencie, não substitua, aos agentes humanos. As empresas que consigam integrar com sucesso a inteligência artificial numa atenção ao cliente centrada nas pessoas, não só ganharão em eficiência, sina também em confiança e fidelización", detalha Luis Miguel Domínguez, vice-presidente do área Iberia de ServiceNow.

Uma pessoa utiliza ChatGPT / UNSPLASH

Falta de confiança na IA

O relatório põe de manifesto um claro déficit de confiança na IA. Os internautas aceitam-na por sua rapidez e comodidade em tarefas de baixo risco, mas em situações de maior ónus emocional querem a supervisão humana. Em Espanha, a IA está a consolidar-se como uma ferramenta útil para gestões rotineiras e singelas, como solicitar um táxi (15%) ou fazer o rastreamento de um pacote (16%).

No entanto, a confiança reduz-se notavelmente quando há mais em jogo. Ainda são poucos os consumidores espanhóis que delegarían na IA tarefas delicadas como fechar uma conta bancária (só um 5% fá-lo-ia), cancelar uma transacção suspeita (7%) ou compartilhar informação médica (7%).

Expectativas dos clientes

O 92% dos consumidores espanhóis quer respostas rápidas e precisas dos serviços de atenção ao cliente. Demandam um serviço ágil e veloz, mas o 80% dos entrevistados em nosso país segue elegendo os canais de assistência humana, apesar de ser os que mais frustración geram pelos longos tempos de espera ou a necessidade de repetir a mesma informação mais vezes. Uma contradição, tendo em conta que a assistência telefónica com agentes humanos é o canal que mais elegem quase duas quintas partes dos entrevistados quando têm pressa.

Uma mulher fala com atenção ao cliente / PEXELS

Pelo contrário, os serviços baseados em IA, como os chatbots ou assistentes de voz, não atingem o 10% das preferências, sem importar as emoções funcionais dos consumidores. Ainda que espera-se que estes sistemas giram situações complexas, a paciência se reduz notavelmente ante erros da IA, que costumam se interpretar como falhas do sistema. Em frente ao 46% dos interrogados que aceita que os agentes humanos possam equivocar na gestão de uma incidência, só o 36 % dos espanhóis tolera uma confusão quando interactúa com sistemas baseados em IA.

Mais exigências à inteligência artificial

A conclusão é que se exige mais precisão à IA que às pessoas, pese a que não se confia do tudo na capacidade desta tecnologia de proporcionar assistência eficiente. De facto, o 47% dos espanhóis associa a complexidade de certas gestões com interacções com sistemas automatizados, mais que com humanos.

Esta brecha entre expectativas e confiança põe de manifesto a necessidade de repensar a relação com o cliente. Não basta com melhorar os canais existentes, sina que é chave utilizar a inteligência artificial e a análise de dados para antecipar a suas necessidades dantes de que apareçam.