Febre do pistácio: porque é que é melhor evitar os produtos à base de pistácio
A procura de pistácios está a crescer e as marcas estão a aproveitar este boom para lançar subprodutos que acabam por se tornar uma mistura de açúcar pela qual os consumidores pagam muito dinheiro.

Uns adoram-nos e outros detestam-nos, mas o que é certo é que os pistácios são o fruto seco de moda. Apesar de serem mais caros do que o resto dos seus concorrentes, a procura de sobremesas, molhos ou cremes feitos com pistácios está sempre a aumentar.
Uma febre que se espalha desde a pastelaria industrial, como o famoso chocolate premium do Dubai, até à alta cozinha. O seu sabor e as suas propriedades nutricionais conquistaram os paladares dos nutricionistas e também daqueles que não o são. No entanto, nem todos os produtos à base de pistácios são saudáveis. Nem o próprio fruto o é, se não soubermos como o incorporar na nossa alimentação.
Subprodutos de pistácios
Basta uma vista de olhos lojas online para ver que há todo o tipo de produtos com pistácios. Croissants, barras de chocolate, gelados, salsichas ou cremes são os mais representativos. No entanto, a realidade é que os pistácios não são o ingrediente principal em muitos deles.

Cristina Morillo, nutricionista da Blua de Sanitas, explica ao Consumidor Global que muitos destes cremes incluem óleos refinados, açúcares adicionados ou conservantes, o que altera o seu perfil nutricional e aumenta o seu teor calórico, sem proporcionar os mesmos benefícios que a noz inteira.
"Um produto gourmet"
Luis Cañada, CEO da FitStore, disse a este jornal que os pistácios são considerados “um produto gourmet”. Isso não significa que seja mais saudável do que os outros. “Um dos cremes mais vendidos na Amazon tem mais açúcar do que pistácios”, diz o especialista em marketing alimentar.

Refere-se, em particular, ao creme da marca Eatalian, que contém apenas 26% de pistácios. “Contém 44% de açúcar, o que equivale a mais de seis colheres por 100 gramas”, explica. E o pior é o preço. Um frasco de 200 gramas custa 9,99 euros (49,95 euros por quilo).
Nem toda a gente precisa dele
Gorduras saudáveis, antioxidantes, proteínas vegetais e fibras são alguns dos benefícios para a saúde que têm incentivado os consumidores a integrar os pistácios na sua alimentação. David Duarte, terapeuta nutricional, explica ao Consumidor Global que se trata de um alimento muito bom, mas é preciso saber incorporá-lo para obter esses benefícios.
“Se eu comer um alimento muito bom, como um pistácio, mas tiver comido 150 gramas de hidratos de carbono antes, não vou tirar qualquer benefício disso”, sublinha. E acrescenta: “Entre 50 e 80 gramas está ótimo. A ideia é não competir com os hidratos de carbono. O pistácio pode ser bom para toda a população, mas nem toda a gente precisa dele.
Açúcar a preços de pistácio
A procura de pistácios está a aumentar. Prova disso é a grande variedade de pistácios inteiros vendidos nos supermercados bem como os seus derivados. Cañada alerta para o facto de serem “duas vezes mais caros do que as avelãs ou as amêndoas”. O preço do quilo para o consumidor final situa-se entre 25 e 30 euros para os pistácios inteiros.

Em subprodutos como o chocolate do Dubai, os preços sobem ainda mais. “É um produto cheio de açúcar e as pastilhas valem entre 20 e 30 euros, o que significa que o quilo custa cerca de 300 euros”, acrescenta o especialista.
Alternativas saudáveis
A melhor forma de consumir pistácios é o fruto inteiro. É isto que Morillo sublinha. Apesar de todas as misturas de açúcar vendidas nos supermercados, existem subprodutos saudáveis do pistácio.
A nutricionista aposta em opções “100% pistácio e sem aditivos” para manter o valor nutricional em grande medida. O segredo é ler o rótulo do produto. Mas, de igual modo, não deixam de ser produtos para os quais o consumidor tem de ir um pouco mais fundo no seu bolso.