Just Eat deixa os pedidos à intemperie: "Baixei ao portal e já não estava a comida"

Os repartidores da empresa, quando não localizam ao cliente, empregam esta má praxis que implica o risco de perder o produto e o dinheiro

Um estafeta da Just Eat / FERNANDO VILLAR - EFE
Um estafeta da Just Eat / FERNANDO VILLAR - EFE

No passado domingo 10 de dezembro, María Anjos Soria esperava seu pedido realizado através de Just Eat. Quando se ultrapassou a hora estipulada de entrega, pediu com impaciência explicações da razão daquela demora. Quando o repartidor atendeu o telefonema de atenção da cliente, este lhe comunicou que tinha deixado o pedido no portal. "Nem chamou ao goleiro. Baixei ao portal e já não estava a comida. Fiquei sem comer e sem dinheiro", limpa.

À companhia lhe salpica um problema que parece recurrente ao recopilar multidão de queixas sobre este assunto: Just Eat deixa os pedidos à intemperie. O problema chega quando o empregado não localiza ao destinatário ou falta alguma indicação na direcção, então a solução para a empresa é abandonar o pacote na rua com os riscos que isto implica.

Sem comida e sem dinheiro

Rafael Ángel Moral, outro cliente que utilizou o aplicativo, assinala que o repartidor deixou sua comida no portal para se ir acto seguido. "Nem recebi um telefonema e, para cúmulo, atenção ao cliente só me serviu de saco de boxe para a frustración porque segundo eles têm chamado, o que é totalmente mentira. Se para valer tivessem chamado, tivesse-se solucionado", aponta este cliente.

Una repartidora de Just Eat manipula un paquete / EP
Uma repartidora de Just Eat manipula um pacote / EP

"Temos realizado um pedido e não há forma de contactar com o repartidor", também relata Yaiza Garrido. "Diz que nos chamou e deixou o pedido na porta do portal a pé de rua sem provas fotográficas do ter facto. Em cima não te devolvem o dinheiro e to consideram como entregado", critica a afectada.

Os riscos

Verónica Usagre ataca também a Just Eat por sua gestão à hora da entrega de seu pedido. "Sois uns sinvergüenzas, como não punha a porta do pátio, chamais por telefone e em vez de perguntar a porta dizeis que tendes deixado o pedido na rua. Têm-no-lo roubado. Chamou a vosso telefone e dizem-me que me aguente", detalha.

Para Cristian Castillo, professor de Economia da Universitat Oberta de Cataluña (UOC) e experiente em logística, estes casos são pontuas e nada generalizado, "mas em qualquer caso é da pior prática que se pode fazer". "Já não só porque o pedido seja roubado, sina que ademais pomos em sério risco a comida, de que alguém possa a manipular e possa acabar contaminando o que tem pedido o cliente", sublinha.

Melhores soluções

"Em nenhum caso o repartidor deve perder custodia-a do produto sem ter-lho entregado ao cliente final", faz finca-pé Castillo, que realça que, no caso de pedir comida a domicílio, o destinatário costuma estar disponível. "Com o qual já primeiramente é difícil não ter a disposição do cliente a ser encontrado", aponta.

Un repartidor de Just Eat / UNSPLASH
Um repartidor de Just Eat / UNSPLASH

"Há um ponto importante a ter em conta e é a melhora de como se introduziu a direcção", aconselha o experiente para oferecer uma melhor solução a deixar o pedido na intemperie. "Isto é, que o aplicativo no caso de que saia através de um agregador como pode ser Just Eat, se encarregue de assegurar que a direcção está bem introduzida. Que não permita que se possa fazer um pedido se a direcção não é correta".

Outros pontos a ter em conta

Por outro lado, Castillo assinala que poderia ser melhor opção não deixar realizar um pedido se não há um telefone informado e confirmado através de um SMS. "Hoje em dia é muito fácil de poder confirmar um telefone móvel, mas que se assegurem de que estão esses dois dados correctamente verificados", expõe.

"Em caso que o repartidor não encontre a direcção e que também não possa chamar ao cliente, que chame à empresa, ao restaurante e que pergunte se podem contactar com o cliente porque não se está a localizar pára que, por exemplo, baixe à rua e procure ao rider para fazer a entrega", realça o experiente. "Em nenhum caso deve-se deixar essa comida num portal à espera de que o cliente final seja o que se encarregue do localizar", sentença.

Consumidor Global pôs-se em contacto com Just Eat, mas ao termo desta reportagem este meio de comunicação não tem recebido resposta alguma da empresa.