Bofetada a Marrocos? A União Européia quer pôr limites aos pesticidas dos alimentos
A Comissão escuta as demandas dos agricultores e afirma que as normas de segurança alimentar seguem sendo uma prioridade não negocial

Em março de 2024, agricultores e consumidores mostraram sua preocupação depois da detecção, num ponto primeiramente de Espanha, de uma partida de fresas procedentes de Marrocos contaminada com hepatitis. A Associação Valenciana de Agricultores (AVA-Asaja) exigiu então ao Governo central e à União Européia (UE) "medidas urgentes", e teve quem denunciaram que as empresas de fora jogavam com cartas diferentes ao resto.
Agora, um ano mais tarde (após inumeráveis protestos de agricultores de diferentes países comunitários, que se sentem agraviados), a Comissão Européia tem lançado uma série de medidas para respaldar ao sector primário europeu, respondendo às demandas com uma folha de rota para fazer mais atraente o sector.
Novas proibições a fungicidas
Assim, Bruxelas procurará evitar que os produtores vendam por embaixo do preço de custo, revisará novas proibições no uso de fungicidas e pesticidas e estudará a coerência das medidas que exige às importações de fora da União Européia.

Há que recordar que a UE regula o uso de fitossanitários através de um marco legal que estabelece limites máximos de resíduos e aprova só aquelas substâncias que cumprem com critérios de segurança estritos. Em mudança, os produtos que vêm de fora têm mais liberdade.
Enfado dos agricultores
Isto tem provocado o enfado de muitos agricultores, verdadeiros sostenedores do campo no Velho Continente, que também desempenham um papel importante na gestão do território e com frequência se sentem abrumados pela complexidade e a burocracia das regulações européias.
Por exemplo, em 2023 um grupo de agricultores europeus denunciou que as exportações desde terceiros países, especialmente desde Marrocos, ameaçavam a produção comunitária de tomate. E este país tem comercializado, em ocasiões, produtos inseguros. Um caso soado ocorreu em abril de 2024, quando o RASFF, o sistema de alertas rápidas alimentares, detectou inseticidas não autorizado na União Européia nuns melones de Marrocos.

Coto aos pesticidas
"A Comissão estabelecerá um princípio de que os pesticidas mais perigosos proibidos na UE por razões de saúde ou meio ambientais não podem regressar à UE mediante produtos importados", afirma o texto de Bruxelas.
Ademais, a Comissão porá em marcha este 2025 uma avaliação de impacto "que considerará os impactos sobre a posição competitiva da UE e os envolvimentos internacionais e, se é apropriado, proporá modificações ao marco legislativo aplicável".
Soberania alimentar
O Executivo comunitário, que procura priorizar "a segurança e soberania alimentar", afirma que perseguirá "um maior alineamiento dos regulares de produção aplicados aos produtos importados, em particular nos pesticidas e o bem-estar animal".
"A agricultura deve ter a estabilidade necessária para animar aos jovens a aceder à profissão, em particular mediante uns rendimentos justos e uma ajuda pública melhor orientada", diz o texto de Bruxelas.