Por que há pessoas que odeiam os villancicos de Natal? a psicologia tem explicação lógica
Descobre em que consiste a Síndrome do villancico ou que significa que odeies o Natal: assim te pode afectar esta época do ano de forma negativa a tua saúde mental, segundo a psicologia
Ouve o artigo agora…
Com o passo do tempo, o Natal tem deixado de ser unicamente uma celebração cultural ou religiosa para converter num fenómeno global que combina consumo, rituales sociais e uma narrativa quase obrigatória de felicidade. Não são poucas as ocasiões nas que o contexto nos molda como se fôssemos plastilina, exercendo pressão social e mental —e isso sem afundar na económica— a conta do que se espera de nós. Talvez todos temos uma conta do banco abultada para dar resposta a todas as despesas que acontecem nestas festas? A resposta é não.
Luzes, comidas familiares, presentes e mensagens de amor inundam o espaço público e digital com uma mensagem clara: "Se queres-me, gasta-te o dinheiro". No entanto, desde uma perspectiva de saúde e bem-estar, quando um se sente incapaz disso, esta época não resulta tão amável para todo mundo. Para muitas pessoas, longe de ser um refúgio emocional, transforma-se numa fonte de mal-estar, cansaço psicológico e conflito interno.
Natal e expectativas: estrés e ansiedade durante as festas
Já nos anos trinta, o expresidente estadounidense Calvin Coolidge afirmava que "o Natal não é um momento do calendário, sina um estado de ânimo". A frase, repetida até a saciedade em diferentes eslóganes publicitários, o verdadeiro é que encerra uma verdade incómoda: não todas as pessoas experimentam esse estado emocional de alegria coletiva que se espera socialmente.
Já seja porque não querem gastar ou porque não gostam das aglomerações ou as emoções que experimentam com este espírito navideño. De facto, para uma parte significativa da população, o clima navideño activa justo o contrário.
Quando o Natal não reconforta: uma mirada para o 'Síndrome do Villancico'
Desde a psicologia falam-nos de um dos factores mais determinantes na rejeição ao Natal:a distância entre a expectativa social e a vivência pessoal. O imaginário coletivo desenha cenas de famílias unidas, mesas abundantes e relações harmônicas. Como nos sentimos nós quando não é assim? Quando a realidade individual não encaixa nesse molde, aparece uma sensação de falhanço emocional: "deveria estar bem, mas não o estou".
Este conflito interno gera ansiedade, frustración e inclusive culpa. Não só se sofre pelo que se vive, sina por como se supõe que deveria se viver. Este fenómeno está muito relacionado com o que popularmente se conhece como Síndrome do Grinch, também chamado síndrome do villancico: um conjunto de respostas emocionais negativas sócias à pressão navideña, que incluem irritabilidad, rejeição aos símbolos feriados e agotamiento mental.
Emoções contraditórias e sobrecarga psicológica
O Natal actua como um amplificador emocional. Alegria, nostalgia, melancolia e estrés podem conviver num mesmo dia, gerando uma sensação de instabilidade difícil de gerir. Desde o ponto de vista do bem-estar mental, esta coexistencia de emoções opostas pode resultar especialmente esgotadora, sobretudo quando não há espaço social para as expressar com honestidade.
Muitas pessoas experimentam o que se denomina "disonancia emocional": sentir tristeza ou apatía enquanto todo o meio celebra. Esta discrepância pode derivar em isolamento emocional e numa autoavaliação negativa do próprio estado de ânimo, afectando à autoestima e ao equilíbrio psicológico.
Quando presentear é uma responsabilidade e ónus mental
Para além do emocional, o Natal impõe um ónus logístico considerável: compras, compromissos familiares, jantares, viagens, eventos trabalhistas e reuniões sociais. Para pessoas com tendência à ansiedade, a introversión ou a hipersensibilidad, esta acumulação de demandas pode converter numa fonte de estrés sustentado.
A chamada ansiedade navideña —ainda que não é um diagnóstico clínico— descreve com precisão uma experiência comum: sensação de falta de controle, saturação mental e fadiga emocional inclusive dantes de que cheguem as datas finque. O corpo entra num estado de alerta prolongado que afecta ao sonho, ao apetito e à capacidade de desfrutar do tempo livre, elementos essenciais para o bem-estar integral.
Duelo, nostalgia e a experiência da ausência: a 'Síndrome da Cadeira Vazia'
Outro aspecto finque na relação entre Natal e saúde emocional é o duelo. Para quem têm perdido a um ser querido, têm atravessado uma separação ou vivem longe de sua rede afectiva, estas datas podem reactivar a dor de forma intensa. O Natal recorda o que falta, não só o que está presente.
Neste contexto aparece a Síndrome da Cadeira Vazia, uma vivência emocional marcada pela sensação de ausência em reuniões e rituales tradicionalmente compartilhados. Esta experiência pode intensificar a tristeza e dificultar a regulação emocional, especialmente quando o meio espera celebração e gratidão.
A nostalgia persistente também pode derivar no que alguns profissionais chamam "depressão branca": um estado de ânimo baixo sócio especificamente a estas datas, caracterizado por apatía, tristeza prolongada e desconexão emocional ante a falta de estímulos que se prometem desde o imaginário do espírito coletivo.
Pressão económica e bem-estar financeiro
Tal e como relatávamos ao início do presente artigo, o verdadeiro é que o bem-estar emocional também está estreitamente unido à estabilidade económica. A pressão por consumir, presentear e cumprir com regulares feriados pode gerar ansiedade financeira e sentimentos de insuficiência. Quando os recursos não atingem, a comparação social —alimentada por redes sociais e publicidade— intensifica o mal-estar psicológico.
Desde uma mirada de saúde integral, o Natal pode converter-se assim num período de exigência excessiva, onde o autocuidado fica relegado. Reconhecer que não todas as pessoas vivem estas datas da mesma maneira é o primeiro passo para construir uma relação mais sã, realista e compassiva com uma época que, para muitos, também dói.



