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O Banco Central Europeu recomenda ter 100 euros em numerário ante possíveis emergências

O BCE aconselha contar com reservas de dinheiro físico para cobrir necessidades básicas durante 72 horas

Dinero en efectivo   Jesús Hellín   EP
Dinero en efectivo Jesús Hellín EP

O Banco Central Europeu (BCE) tem publicado um relatório com uma mensagem clara: ter dinheiro em numerário em casa é chave para enfrentar crise e emergências.

O documento, titulado Mantenha acalma-a e leve efetivo: lições sobre o papel único do dinheiro físico em quatro crise, analisa como o dinheiro físico segue sendo insustituible em momentos críticos, como blecautes, guerras ou crises financeiras.

O efetivo, um salvavidas em crise como o blecaute de Espanha

O estudo recorda o blecaute que sofreu Espanha o passado 28 de abril, que paralisou infra-estruturas digitais durante horas. Aquela jornada, a despesa com cartão se desplomó um 42% e o comércio eletrónico caiu um 54%, segundo CaixaBank Research e BBVA Research. Só o dinheiro em numerário permitiu manter as compras essenciais, já que Bizum, caixas automáticos e TPVs ficaram inutilizados.

El gran símbolo del euro frente a la antigua sede del Banco Central Europeo (BCE) / Frank Rumpenhorst - EP
O grande sémbolo do euro em frente à antiga sede do Banco Central Europeu (BCE) / Frank Rumpenhorst - EP

O BCE recalca que, nesse contexto, o efetivo se converteu no único meio de pagamento disponível, confirmando seu valor como ferramenta de contingencia.

Quanto dinheiro recomenda ter em casa?

Conquanto o BCE não oferece uma cifra exata, alguns países europeus já o fizeram:

  • Países Baixos, Áustria e Finlândia aconselham manter entre 70 e 100 euros por pessoa na cada lar.
  • Essa quantidade considera-se suficiente para cobrir despesas básicas durante ao menos 72 horas em caso de blecaute ou emergência.

Em Espanha, um 39% da população já guarda dinheiro em casa como medida de precaução, segundo dados do próprio BCE.

O efetivo, mais que um meio de pagamento

Os autores do relatório, Francesca Faella e Alejandro Zamora-Pérez, sublinham que o dinheiro físico tem um duplo valor: psicológico e prático. Ademais, ao ser uma liquidez descentralizada, não depende da tecnologia nem dos sistemas financeiros em linha.

Una persona saca dinero de un cajero / ALEJANDRO MARTINEZ VELEZ - EUROPA PRESS
Uma pessoa saca dinheiro de um caixa / ALEJANDRO MARTINEZ VELEZ - EUROPA PRESS

Em momentos críticos –como a crise financeira de 2008, o endividamento soberano em Grécia (2014-2015), a pandemia do Covid-19, a invasão de Rússia a Ucrânia em 2022 ou o recente blecaute em Espanha–, a demanda de efetivo se disparou, confirmando seu papel como "ativo refúgio" e como instrumento imprescindível para a resiliência nacional.

Garantir o acesso ao efetivo, uma obrigação dos bancos

O BCE também recorda que os bancos devem assegurar o acesso universal ao dinheiro físico, inclusive em zonas rurais. Um exemplo é o Banco Nacional de Áustria, que instalou caixas automáticos em áreas isoladas para que todos os cidadãos possam dispor de efetivo.

O relatório do BCE é claro: ter efetivo em casa não é uma reliquia do passado, sina uma necessidade de segurança básica. Em caso de blecaute, ciberataque ou crise geopolítica, dispor de ao menos 100 euros em numerário por pessoa pode marcar a diferença entre estar preparado ou ficar totalmente incomunicado financeiramente.