Carrefour segue vendendo dátiles de Israel a 25 euros o quilo

O produto que oferece a corrente francesa acende o debate sobre o comércio com territórios ocupados e o impacto humanitário do genocídio em Palestiniana

El movimiento de Boicot, Desinversiones y Sanciones (BDS) se manifiesta contra Carrefour   BDS   WIK
El movimiento de Boicot, Desinversiones y Sanciones (BDS) se manifiesta contra Carrefour BDS WIK

A corrente de supermercados Carrefour encontra-se de novo no centro da polémica pela comercialização de dátiles Medjoul ecológicos procedentes de Israel a um preço de 24,90 euros o quilo. Este facto tem avivado as críticas de consumidores e ativistas que denunciam a venda de produtos desta origem no contexto do genocídio israelita para a comunidade palestiniana e os persistentes telefonemas ao boicote.

A controvérsia não é nova para Carrefour. A companhia tem enfrentado uma crescente pressão por parte do movimento Boicote, Desinversiones e Sanções (BDS), que acusa à empresa de ter acordos com companhias israelitas que, segundo afirmam, operam em territórios palestinianos ocupados.

Um preço "premium" para uma origem controvertida

Para além da questão geopolítica, o preço do produto também tem chamado a atenção dos consumidores. A quase 25 euros o quilo, estes dátiles Medjoul posicionam-se na faixa alta do mercado.

Los dátiles de Carrefour CAPTURA
Os dátiles de Carrefour / CAPTURA

Os dátiles Medjoul são um dos produtos agrícolas mais exportados por Israel e uma parte significativa de sua produção prove/provem de assentamentos no Vale do Jordán, na Cisjordânia ocupada. Este facto é o principal argumento dos grupos que promovem o boicote, quem sustentam que a compra destes produtos contribui economicamente à manutenção de ditos assentamentos, conceituados ilegais segundo o direito internacional.

Dátiles de territórios ocupados

Segundo dados oficiais, cerca do 15% dos dátiles que se vendem em Espanha provem/provêm de Israel. O país, pese a suas limitações hídricas e seu clima desértico, tem convertido a agricultura –sobretudo o cultivo de dátiles– num potente motor de exportação. Em 2022, o país foi o maior exportador mundial de dátiles, com vendas superiores aos 285 milhões de euros.

Empresas exportadoras como Mehadrin, Carmel-Agrexco ou Hadiklaim costumam utilizar marcas brancas ou nomes neutros como "Ilha Bonita", "Carmel", "King Solomon" ou "O Monaguillo" para evitar a rejeição dos consumidores que apoiam campanhas de boicote a produtos israelitas.

Outros produtos de Carrefour procedentes de Israel

Além dos dátiles Medjoul, Carrefour comercializa outros artigos fabricados em Israel ou com distribuição israelita. Entre eles destacam algumas toallitas desmaquillantes e de bebé de marca branca Carrefour, produzidas pela revendedora BVBA EPI International com sede em Petach Tikva (Israel), bem como pipas tostadas embaladas por Ferrer Segarra e alguns frutos secos de marcas espanholas que comercializam com dátiles israelitas do Jordan River, como Frit Ravich. Estes dados provem/provêm de listagens publicadas pela organização Boicote, Desinversiones, Sanções a Israel (RESCOP)

As campanhas de boicote também assinalam a outras marcas multinacionais presentes em grandes superfícies --entre elas bebidas como Coca-Bicha e Schweppes, cosméticos como Ahava ou Lhes Cosmétiques Design Paris, bem como equipas Sodastream— por seus vínculos empresariais com plantas de produção em Israel ou nos Altos do Golán.