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Esta é a idade à que os jovens deverão se aposentar para cobrar uma pensão como a atual

Um relatório da Fundação BBVA e o Ivie adverte de que as difíceis condições trabalhistas comprometem a sustentabilidade das futuras pensões

Jóvenes que deberán jubilarse más tarde para cobrar una pensión como la actual   María José López
Jóvenes que deberán jubilarse más tarde para cobrar una pensión como la actual María José López

Os jovens espanhóis de hoje enfrentam-se a um panorama trabalhista e económico que compromete não só seu bem-estar presente, sina também sua qualidade de vida futura.

Assim o adverte o relatório Presente e futuro da juventude espanhola, elaborado pela Fundação BBVA e o Instituto Valenciano de Investigações Económicas (Ivie), que conclui que, de não se conseguir uma melhora substancial em suas trajectórias trabalhistas, os atuais jovens deverão se aposentar até seis anos mais tarde –isto é, com 71 anos– se aspiram a manter um nível de vida similar ao atual depois do retiro.

Cotar ao menos 40 anos

O relatório detalha que os jovens que se aposentem em 2065, e que só tenham podido cotar 30 anos devido a sua incorporação tardia ao mercado trabalhista, deverão compensar suas menores contribuições ao sistema público demorando sua aposentação seis anos para além da idade legal ordinária.

Una oficina de empleo donde resuelven si tienes derecho al paro / FERNANDO SÁNCHEZ - EP
Um escritório de emprego onde resolvem se tens direito ao desemprego / FERNANDO SÁNCHEZ - EP

Só quem consigam acumular ao menos 40 anos de cotações poderiam se aposentar aos 65 anos com uma pensão suficiente.

A precariedade, uma constante

A radiografia que realiza o relatório é contundente: os jovens espanhóis vivem atrapados num mercado trabalhista precário. Em 2024, o 25,3% dos menores de 30 anos trabalha com contratos a tempo parcial –12 pontos acima da média populacional–, enquanto a taxa de temporalidad entre os jovens é de 34,4%, mais do duplo que a do conjunto dos trabalhadores (15,9%).

A isto se suma uma desvantagem salarial estrutural. Os jovens cobram em media um 34% menos que o resto da população ativa, e sua progressão salarial é bem mais lenta. Se dantes de 2008 os trabalhadores jovens atingiam bases de cotação médias dantes dos 27 anos, hoje essa equiparación não se produz nem sequer aos 34 anos. Isto se traduz em lares com menores rendimentos. Em 2023, os jovens dentre 16 e 29 anos viviam em lares com uma renda média anual de 20.800 euros, um 4,2% inferior à média nacional.

Aposentações tardias e pensões menguantes

A combinação de precariedade e baixa cotação ao longo da vida trabalhista tem um efeito direto sobre as pensões futuras. Com a legislação atual, para obter uma taxa bruta de substituição de 90% –isto é, uma pensão equivalente ao último salário– requerem-se ao menos 40 anos cotados e aposentar-se aos 65 anos.

No entanto, se só se acumulam 35 anos de carreira trabalhista, será necessário prolongar a vida ativa até os 68 anos para atingir esse mesmo nível de vida. Com 30 anos de cotação, a aposentação teria que se atrasar até os 71 anos. E ainda assim, a pensão seria proporcionalmente mais baixa com respeito ao último salário, o que poderia pôr em risco a suficiencia económica do coletivo.

Mais esforço, menor rendimento

O estudo também adverte sobre os efeitos indiretos da última reforma de pensões. Ainda que o sistema tem incorporado novas cotações –como o Mecanismo de Equidade Intergeneracional (MEI), que subirá progressivamente até um 1,2% em 2029–, estas não beneficiarão directamente aos jovens atuais em termos de pensão futura. De facto, com as novas regras, receberão prestações com uma taxa de substituição mais dois pontos percentuais baixa, pese a contribuir mais ao sistema.

Isto, segundo BBVA e o Ivie, obriga às novas gerações a se propor alternativas para complementar seus rendimentos na velhice, como a poupança privada, planos de pensões individuais ou possíveis heranças. "A única via para paliar estas diferenças será dispor de uma poupança acumulada suficiente", sublinha o documento.

Uma geração em risco

A conclusão do relatório é clara: a atual geração de jovens não só sofre as consequências imediatas de um mercado trabalhista hostil e precarizado, sina que também está em caminho de receber umas pensões significativamente inferiores se não se adoptam medidas corretoras. Sem reformas profundas que melhorem a qualidade do emprego, aumentem os salários e favoreçam trajectórias trabalhistas estáveis e contínuas, o risco de exclusão económica na velhice poderia converter numa realidade para milhões de trabalhadores do futuro.

Recreación de dos mayores que cobran la pensión media / PIXABAY
Recreación de dois maiores que cobram a pensão média / PIXABAY

Em definitiva, o relatório lança uma advertência urgente: sem mudanças estruturais, a única forma de assegurar uma aposentação digna para os jovens de hoje será trabalhar até para além dos 70 anos.