Bruxelas planea impostos contra Shein e Temu por seu impacto no consumo
Estas medidas procuram proteger ao comércio europeu e controlar a importação em massa de produtos de baixo valor

A Comissão Européia tem anunciado uma ofensiva contra as plataformas de comércio eletrónico extracomunitarias, como Shein e Temu, ante a crescente preocupação por suas práticas comerciais e o volume de produtos que introduzem na União Européia (UE).
Bruxelas tem formalizado uma investigação contra Shein por possíveis "práticas desleais e injustas" e já advertiu publicamente a Temu em novembro por descontos falsos e informação enganosa.
Um novo imposto de "não discriminação"
A intenção das autoridades européias vai para além destes avisos: prepara-se a eliminação da isenção fiscal para importações de baixo valor (menos de 150 euros) e a imposição de um novo imposto de "não discriminação" para produtos de e-commerce procedentes de fora da UE.

Segundo um documento de 23 páginas remetido ao Parlamento Europeu e outros organismos comunitários, estas medidas procuram frear a entrada em massa de artigos que não cumprem com os regulares de qualidade e segurança exigidos na UE, além de proteger aos comerciantes europeus da concorrência desleal que supõe o modelo de negócio destas plataformas. A Comissão também adverte sobre o impacto meio ambiental deste fluxo constante de mercadorias e propõe reforçar os controles aduaneiros e lançar campanhas informativas para consumidores.
Qual tem sido o detonante desta decisão?
O detonante desta actuação tem sido o vertiginoso crescimento do comércio eletrónico extracomunitario em Europa. Só em 2024 se registaram 4.600 milhões de envios de produtos de menos de 150 euros, o duplo que em 2023 e três vezes mais que em 2022.
"Este crescimento exponencial está a suscitar numerosas preocupações. Primeiro, que a cada vez são mais os produtos nocivos que entram na UE, mas, ademais, os vendedores europeus, que respeitam nossas estritas normas, correm o risco de se ver prejudicados por práticas desleais e a venda de produtos falsificados", assinala a Comissão em seu comunicado.
A resposta de Shein
Em resposta, Shein tem afirmado que analizará as recomendações de Bruxelas com suas equipas em Europa e que está comprometida com a confiança e segurança do consumidor.
"Valorizamos positivamente os esforços dirigidos a fortalecer a confiança e segurança dos consumidores europeus ao comprar em linha e achamos que um meio competitivo e equitativo pode beneficiar a todo o ecossistema", tem assinalado a empresa.
Meio justo para os actores do mercado
Por sua vez, o gigante europeu Zalando tem respaldado publicamente as medidas, sublinhando a necessidade de "soluções pragmáticas" que garantam um meio justo para todos os actores do mercado. "O mercado único da UE não tem salvaguardas contra os modelos de negócio de comércio eletrónico externos que explodem o mercado único, mas não cumprem as normas da UE nem pagam aduanas", tem criticado Robert Gentz, conselheiro delegado de Zalando.
A Comissão Européia tem deixado claro que esta é só a primeira fase de seu plano, e que num ano revisar-se-á o impacto das medidas adoptadas, instando aos Estados membros a endurecer sua postura em frente a estas práticas. A mensagem de Bruxelas é claro: quer um comércio eletrónico que não comprometa a saúde, a segurança nem a equidade do mercado europeu.