A "fraude" de Esdorado: milhares de euros sem devolver de produtos que não chegaram e um site ativo

Esta duvidosa página, que em teoria vende produtos tecnológicos, acumula reclamações que têm chegado até os organismos de defesa do consumidor

Uma mulher tenta contactar o Esdorado por telefone / FREEPIK - @stockking
Uma mulher tenta contactar o Esdorado por telefone / FREEPIK - @stockking

O passado agosto, Consumidor Global publicou a reportagem O suspeito site Esdorado.com e sua rede de páginas fraternizas: "É uma fraude total". Nele, este meio recolhia as queixas de diversos clientes que diziam se sentir defraudados: pediram produtos que nunca chegaram e a empresa lhes deu longas quando solicitaram um reembolso.

O criador dos lugares e proprietário da empresa, Alberto Gualandi, dedica-se, supostamente, a abrir páginas falsas e a fechá-las uma vez que acumulam demasiadas críticas. Depois da publicação da reportagem, vários afectados contactaram com este meio contribuindo novas informações, o que tem permitido conhecer a verdadeira magnitude do engano e lhe dar voz à desprotección que sentem.

300 euros por uma tablet que nunca chega

Ramón de Lamba conta-se entre os afortunados. Em dezembro de 2021 fez uma compra no site e pagou 304,89 euros (299,99 euros + 4,90 de despesas de envio) por uma tablet que nunca chegou. Conseguiu o reembolso quase um ano depois, mas o processo foi arduo e desasosegante. "Consegui-o graças a muito esforço, à ajuda do grupo de vítimas em Facebook e a algo de sorte", afirma.

Aspecto de la web Esdorado / CG
Aspecto do site Esdorado / CG

Umas duas semanas após fazer seu pedido, decidiu anulá-lo porque tinha perdido a confiança na empresa. Para solicitar a devolução enviou um correio, já que não respondiam no telefone que aparecia no site. A primeira resposta que De Lamba recebeu por correio eletrónico já indicava por onde iriam os tiros: "Faz favor espere o produto".

Rejeição à mediação

Reclamou várias vezes, contactando com associações de consumidores e com o escritório de Consumo da comunidade autónoma na que reside, mas desde esta entidade lhe disseram que não se tinha conseguido fazer a mediação com Esdorado. Felizmente, este consumidor deu com um Grupo de vítimas em Facebook, onde obteve o WhatsApp de Alberto Gualandi. Escreveu-lhe várias mensagens, mas Gualandi não contestou.

De Lamba também publicou uma reseña negativa em Trustpilot. Este ponto é importante: os responsáveis por este foro, relata, pediram-lhe provas de sua experiência, porque esdorado.com tinha denunciado sua reseña. Fazer, Trustpilot manteve a reseña e qualificou-a de "verificada". Gualandi só respondeu depois do quinto whatsapp, dizendo a este consumidor que "tinha razão" e que pensava que o dinheiro "seria reembolsado cedo". De Lamba enviou de novo seu IAM, e o 28 de novembro de 2022, recebeu seu dinheiro de volta. A empresa pedia desculpas e, com todo o morro, lhe solicitava que eliminasse os comentários, já que não eram "necessários".

Un consumidor revisa su ordenador / PEXELS
Um consumidor revisa seu computador / PEXELS

O dono assegura que devolverá os pedidos

Nesse dia, De Lamba falou por telefone com Gualandi, e este se mostrou "amável e educado". "Falou devagar com um espanhol pobre mas suficiente para comunicar-se. Disse que sua empresa era legal e que devolvia o dinheiro dos pedidos anulados. Assegurou que me ia devolver o dinheiro e me pediu que eu, a mudança, devia acrescentar a minha reseña negativa em Trustpilot que me tinha devolvido o dinheiro (coisa que não fiz)", expressa.

Por outra parte, na delegacia à que foi De Lamba não lhe deixaram denunciar "porque meu caso não é uma fraude, se não um incumprimento de um contrato mercantil entre duas partes, já que Esdorado é uma empresa legal. Aconselharam-me que fosse directamente à via judicial", recorda. Fazer, e mais tarde avisou de que já tinha recebido o dinheiro para cancelar o processo. Também contactou com a OMIC de Maspalomas, mas nunca lhe responderam. Também não fizeram-no a este meio.

Grupo de afectados

Pela informação que De Lamba tem obtido em foros, se pondo em contacto com afectados de outros lugares, pode assegurar que há muitas vítimas de diferentes países.

Por exemplo, Daniel Lagarde também comprou numa dos sites associados a Esdorado, mais especificamente Mistertecno. Pôs uma denúncia ante a justiça francesa através da promotoria e de THESEE, a plataforma do Ministério do Interior do França encarregada das fraudes por internet. Nela se descreve a carreira de obstáculos das vítimas "e fica patente a debilidade da protecção dos consumidores ante estes estafadores", descreve a este meio.

Mira su móvil / PEXELS
Olha seu móvel / PEXELS

Os nomes dos donos

Mistertecno.com estava vinculada à empresa GBSTECNOLOGY SL. Segundo pôde averiguar Lagarde graças à informação pública procedente do Registro Mercantil dAs Palmas e do banco de dados Whois, por trás desta empresa estava Paolo Berlenghini, dono também de GBGOLD SL, à que estavam adscritos o domínio e shopconsole.com.

Em mudança, Giuseppe Pagnotta e Alberto Gualandi seriam os donos das empresas de GIUPRINCE SL, à que estavam adscritos os domínios esdorado.com, todofuera.es, tiendaconsole.com, espanamovil.com e dymako.com. A dia de hoje, só estão ativas as duas primeiras, com as que "Alberto Gualandi parece continuar com sua actividade fraudulenta impunemente", diz Lagarde.

465 euros por pessoa

No grupo privado de Facebook onde se agrupam as vítimas destes sites há 185 membros. "Objetivamente, pode-se pensar que este número não representa mais que uma pequena parte das vítimas destas plataformas. Os membros são principalmente de nacionalidade francesa", explica Lagarde. "A perda económica média por vítima ronda os 465 euros", estima.

Em Trustpilot, Esdorado tem alegado em ocasiões que não tem efectuado os reembolsos porque tem problemas bancários. O verdadeiro é que alguns números são comprobables, já que estão no depósito de contas de GIUPRINCE SL publicado no Registro Mercantil. Em 2021, a entidade obteve um benefício dantes de impostos de 132.231 euros. "Quanto aos pedidos anulados, a maioria deles não têm sido reembolsados, contrariamente ao que afirma Alberto Gualandi", acrescenta Lagarde.

Como actuar

"Nossas acções permitiram-nos obter o reembolso de alguns dos pedidos cancelados. O procedimento baseia-se em revelar a identidade dos estafadores em Trustpilot, porque sabemos que são especialmente ativos nesta página. O objectivo é obter o reembolso dos pedidos anulados a mudança de retirar a reseña negativa (que eles não têm conseguido apagar apesar de suas denúncias a Trustpilot)", reconhece Lagarde.

A base de insistir, têm conseguido resultados: "Também temos conseguido que Trustpilot eliminasse centos de reseñas falsas após as analisar e de enviar numerosos relatórios a seu serviço de integridade de conteúdos", celebra.

Desprotección dos consumidores

A outra cara da moeda está na ineficiência de diferentes organismos de protecção dos consumidores (tanto franceses como espanhóis e europeus) com os que tem contactado o grupo de vítimas. Consumidor Global também tem contactado com a OMIC de Maspalomas, e o organismo não tem contestado. As vitórias das pessoas defraudadas têm chegado através da iniciativa privada e da organização, mas a batalha, crê Lagarde, não estará ganhada até que a página feche, a fraude seja reconhecida, os autores condenados e as dívidas reembolsadas.

Ao termo desta reportagem, Esdorado.com segue funcionando com a aparência de um lugar site legal e convencional. A perguntas deste meio, seus responsáveis respondem o seguinte num castelhano errático:

La respuesta de Esdorado / CG
A resposta de Esdorado / CG