Level deixa-lhes atirados em Boston por um temporal inexistente: "Foi arbitrário e desproporcionado"

Dois passageiros tiveram que pagar quase 1.000 euros por uns novos bilhetes após que a aerolínea do grupo IAG cancelasse o voo programado por um suposto problema meteorológico que não afectou ao resto de trajectos

Un hombre irritado con Level   Fotomontaje CONSUMIDOR GLOBAL
Un hombre irritado con Level Fotomontaje CONSUMIDOR GLOBAL

"Informamos-te de que teu voo a Barcelona do 8 de fevereiro tem sido reprogramado por motivos meteorológicos no aeroporto de saída". Leste foi a mensagem que receberam dezenas de passageiros de Level faz escassas semanas. Uns utentes que tinham confiado na aerolínea para viajar desde Boston até a capital catalã.

A companhia aérea argumentou (e mantém) que a cancelamento se produziu por razões climatológicas. No entanto, esta justificativa não convence a todos seus clientes. Ao menos, não a D.B., quem já tem posto uma reclamação à aerolínea, segundo conta a Consumidor Global.

A maioria dos voos estavam operativos

O passado 8 de fevereiro, Level tinha um voo programado de Boston a Barcelona às 22:40 pm. No entanto, a companhia o reprogramó ao dia seguinte. A notícia caiu por surpresa aos passageiros, entre eles D.B. e H.Ou. Para voltar a Espanha na data prevista, este par de amigos pagaram 470 euros a cada um por um novo bilhete.

"O pessoal comentou-nos que por uma tempestade nórdica se suspendia o voo", explica a este meio D.B. "No cartaz de saídas do aeroporto de Boston, tinha centos de voos operativos e só 4 ou 5 cancelados quando muito", acrescenta.

A versão de Level

Consumidor Global pôs-se em contacto com Level para aclarar o motivo da anulação do voo. Fontes da companhia asseguram que "não foi cancelado sina atrasada ao receber alertas por parte das autoridades devido às condições meteorológicas".

E insistem desde a low-cost do grupo IAG: "Todos os passageiros desse voo receberam a comunicação e se lhes ofereceu uma habitação de hotel por esta demora".

Reclamação a Level

Ainda que a aerolínea oferecia-se a pagar as despesas de alojamento e translado, nem D.B. nem H.Ou. podiam atrasar sua volta por motivos trabalhistas. "Esta situação ocasionava-nos não só uma despesa económica considerável, sina também uma grande moléstia e interrupção em nossas actividades trabalhistas", denuncia D.B., quem ainda não tem obtido resposta da aerolínea depois de pôr a reclamação.

"Estamos a solicitar a Level uma compensação por danos de 600 euros por pessoa e as despesas que sofremos os dois passageiros, que ascendem a 987 dólares devido à cancelamento totalmente arbitrária de nosso voo", sublinha.

Problemas técnicos no avião

Verdadeiro é que os contratiempos climatológicos não só afectam a uma aerolínea sina a todo o tráfico aéreo da zona. É por isso que é difícil entender que só o voo de Level se atrasasse por motivos meteorológicos enquanto o resto de trajectos programados desde Boston a Europa saíram adiante.

El correo que envió Level a sus pasajeros el pasado 8 de febrero / CEDIDA
O correio que enviou Level a seus passageiros o passado 8 de fevereiro / CEDIDA

"No dia anterior, quando fizemos o check in, estive muitas horas sem poder escolher assentos aleatórios. Teve muitas incidências na facturação [de Level]", aponta D.B. E acrescenta: "Casualmente, nesse mesmo e-mail que reprogramaba o voo para o dia 9, já saía uma advertência estranha". Era a seguinte: "Queremos informar-te que em teu próximo voo com destino a Barcelona, o serviço a bordo de bebidas quentes (café e infusiones) não estará disponível devido a um problema técnico".

Causa de força maior

Quando uma aerolínea cancela um voo, esta deve oferecer a devolução íntegra do bilhete ou um transporte alternativo para chegar ao destino, tal e como explicamos em Consumidor Global faz umas semanas. No entanto, os direitos dos passageiros mudam quando a cancelamento se produz por uma causa de força maior. Por exemplo, um temporal.

Nesse caso, os utentes não podem exigir uma compensação económica. De modo que não é de estranhar que as aerolíneas aproveitem esta desculpa para justificar algumas cancelamentos de voos e, assim, não ter que pagar para além do necessário a seus clientes. Uma forma pícara mas difícil de demonstrar em casos como o de D.B., quem tem claro que "esta cancelamento foi totalmente arbitrária e desproporcionada".