Entre a tragédia, o desejo, a melancolia e o prazer: este filme de Sorrentino chega a Filmin
Trata-se de um canto de amor à cidade de Nápoles que fala da importância das lembranças que acabam cobrando quase "uma dimensão sagrada"

NEsta Semana Santa, muitos cinéfilos aproveitarão nos dias livres para desfrutar desde o sofá de clássicos imperecíveis, como a gloriosa Ben-Hur ou Quo Vadis; e os mais jovens quiçá dêem-se um atracón em Netflix com Adolescência. Mas há um título recente de Paolo Sorrentino que vale a pena apontar porque chega a uma plataforma de streaming.
Trata-se de Parthenope, uma "bela carta de amor a Nápoles através da vida de Parthenope, uma jovem destinada a saborear a bela cidade italiana" que poder-se-á visionar em Filmin a partir de 17 de abril. "O cinema é, por definição, imperfecto desde o momento em que é um reflexo da vida e a vida é imperfecta. Todos os filmes são imperfectas", declarou o cineasta, conhecido sobretudo pelA Grande Beleza, numa entrevista para O País. Quando lhe entrevistou a equipa de comunicação do Festival de Cinema de San Sebastián deixou também respostas belas e reveladoras: "Mais que cineasta, às vezes me sento antropólogo". Estas são as credenciais.
Um canto a Nápoles
Mauricio Bach escreveu em Letra Global que, se A grande beleza era "um canto –a um tempo celebrativo, irado e doliente- a Roma, Parthenope procura ser seu equivalente napolitano". O crítico assinalou que o filme girava em torno de "a evanescencia, os sonhos de juventude dissipados, as derrotas que infligem o tempo e a vida e sua assunção com maior ou menor dignidade".

O filme está protagonizado pela jovem Celeste Dalla Porta, e a partilha conta com nomes da talha de Gary Oldman, Stefania Sandrelli (que tem trabalhado com alguns dos mais importantes diretores italianos, como Bernardo Bertolucci ou Ettore Scola) ou Luisa Ranieri.
A épica de uma vida
Sorrentino explicou à equipa de comunicação do Festival de Cinema de San Sebastián que o filme tinha nascido de uma reflexão. "Nos últimos anos deu-me por pensar que nossas vidas, como a cada vez são mais longas e mais contraditórias, atesoran uma verdadeira épica. Todos nós somos heróis e sobretudo as mulheres. As mulheres têm uma pátina heroica superior à dos homens como as dificuldades às que têm que se enfrentar são superiores às dos homens", arguyó.
Com tudo, não considerava o cineasta que seu filme fosse uma história sobre a beleza, sina sobre as lembranças que acabam cobrando quase "uma dimensão sagrada"; momentos que têm que ver "com os amores perdidos, as ilusões, as desilusiones, as oportunidades que deixamos escapar, a assunção de certas responsabilidades…" Em FilmAffinity, o filme (que aterrará em Movistar na quarta-feira 23 de abril) tem uma nota 6,8.