O novo sablazo de Glovo: encarece as despesas de gestão para a manutenção de sua app
O aplicativo de 'delivery' cobra um cargo extra de 8% aos utentes, uma tarifa sobre a que a companhia guarda silêncio e compartilha poucos detalhes

Faz dois meses, Consumidor Global advertiu das despesas de gestão arbitrários que cobra Glovo. Então, a tarifa oscilava entre 49 céntimos e 2,99 euros, uma quantidade que já gerava mal-estar entre alguns utentes do aplicativo.
Agora, Glovo tem encarecido ainda mais este conceito, que tem passado a se denominar "serviços" sem detalhar a que se refere exactamente. Os internautas seguem sem compreender que se esconde por trás deste sobrecoste e a empresa, longe do aclarar, se limita a dar explicações genéricas.
O novo sablazo de Glovo
As despesas de envio em Glovo rara vez superam os três euros. De facto, os clientes subscritos ao serviço premium nem sequer pagam-nos. Mas o custo final do pedido inclui outro conceito que não tem passado desapercibido. São os denominados "serviços", as antigas "despesas de gestão".

Este suplemento pode atingir os 3,99 euros, tal e como tem comprovado esta cronista num pedido recente. Enquanto as despesas de envio foram de 1,49 euros, o custo acrescentado por "serviços" ascendeu a 3,99 euros. Uma quantidade que não se justifica com clareza em nenhuma parte do processo de compra.
Um 8% do importe final
Ao revisar o desmembre, Glovo limita-se a oferecer uma explicação vadia. "Esta tarifa ajuda-nos a gerir nosso aplicativo, operações e equipas de assistência. Começa em 0,69 euros e corresponde ao 8% de teu pedido, até um máximo de 3,99 euros". Nada mais.

Com esta mensagem genérica, a plataforma segue sem aclarar em que se baseia para fixar uma tarifa ou outra. Também não explica que significa exactamente gerir a app. Uma opacidade à que se somam as numerosas críticas dos utentes em Trustpilot, onde Glovo acumula comentários negativos por seu serviço de atenção ao cliente.
Críticas e falta de atenção ao cliente
"Empresa muito má. Temos feito um pedido faz duas horas, e o local leva 40 minutos com o pedido pronto, mas não há nenhum repartidor que o recolha. Não têm telefone de atenção ao cliente", lamenta Manuel M. no citado portal. Esta é só uma das muitas queixas que refletem a frustración dos consumidores.
Apesar de cobrar por "operações" e "equipa de assistência", os utentes parecem sentir-se desabrigados ante qualquer tipo de incidência. Uma situação que faz ainda mais incomprensible o encarecimiento das despesas de gestão.
Glovo encarece as despesas extra
Glovo já tinha sido criticada anteriormente por esta prática. Faz dois meses, este meio alertou das despesas de gestão arbitrários que impunha a plataforma. Seu máximo então era de 2,99 euros, o equivalente ao 7% do pedido. Actualmente, essa cifra tem aumentado até os 3,99 euros e o 8%.

Consumidor Global tem contactado com Glovo para conhecer os motivos desta subida e entender como se calcula exactamente o custo. Ao termo desta reportagem, a companhia guarda silêncio.
Que diz a lei sobre estes sobrecostes?
A cobrança de despesas de gestão não é ilegal per se, sempre que se cumpram certos requisitos, tal e como explica Alejandro Sanchis, advogado de AMG Legal, a este meio.
No entanto, "este tipo de imposição de despesas resulta completamente ilegal por parte de Glovo porque não estão a informar de que critérios se aplicam para cobrar uma quantidade ou outra", enfatiza Gerardo Ruiz, advogado especializado em consumo de Legálitas.
Subirão mais nos próximos meses?
As simulações realizadas por Consumidor Global apontam a que a tarifa destes "serviços" varia segundo o custo do pedido. Quanto menor é a despesa, mais baixa é a comissão. Não obstante, a companhia não o confirma em nenhum momento.
O que sim parece evidente é que estes cargos extra têm chegado para ficar, e quem sabe se poderiam seguir crescendo. Assim, o consumidor segue assumindo um custo adicional cuja origem é, no melhor dos casos, um mistério.