Grillos com tomate ou vermes disecados: os insectos chegam a esta popular corrente de supermercados
O uso culinario de determinados bichos foi aprovado por Bruxelas faz alguns anos e a cada vez mais marcas incluem estes animais na listagem de ingredientes de seus produtos

Em 2021, a União Européia aprovou o uso de quatro insectos para o consumo humano: larvas de Tenebrio molitor, locusta migratoria, Acheta domesticus e larvas Alphitobius diaperinus. Depois destes nomes científicos o que há em realidade são vermes, grillos e escarabajos.
Sua comercialização, no entanto, não está livre de regulações. Estes insectos devem cumprir vários requisitos. A maioria deles, por exemplo, só podem se manipular desecados, congelados ou em pó, tal e como informou Consumidor Global. Pese às reticencias culturais, a cada vez mais produtos elaborados com insectos chegam ao mercado, respaldados por estudos científicos que destacam seus benefícios nutricionais e sua sustentabilidade.
'Tenebrio molitor', um dos mais usados
Um dos insectos mais utilizados na alimentação é o Tenebrio molitor, mais conhecido como verme da farinha. Desde que Bruxelas autorizou seu consumo em 2021, tem sido adoptado como ingrediente finque por marcas como Corial Foods, especializada em produtos elaborados a partir de insectos.
"Nossa história começa em 2016 na Universidade de Porto (Portugal) onde desenvolvemos uma barrita com insectos", explica Guilherme Pereira, fundador da marca, a Consumidor Global.
Os insectos como solução alimentar
O uso de insectos na alimentação não é uma ideia nova. Faz anos que a Organização Mundial da Saúde (OMS) propõe como abastecer-se-á de comida a toda a população mundial em 2050 e, neste sentido, numerosos estudos e experientes propõem os insectos como uma alternativa.
No caso de Pereira, as primeiras provas com insectos fazer "na garagem de casa e em 2021 pudemos lançar nossos produtos ao mercado português e espanhol, que foi quando a UE autorizou o consumo dos insectos".
De barritas a insectos inteiros
A melhor forma de introduzir ao consumidor na ingestão de insectos é através de snacks como barritas ou bolachas. Assim o afirma Pereira. De facto, sua marca conta com diferentes barritas que contêm ao redor de 7% de Tenebrio molitor. É o caso, por exemplo, do snack de chocolate e almendra ou figo e laranja.
Uma das peculiaridades de Corial Foods é que não só aposta por snacks processados, sina que também comercializa insectos inteiros. Entre seus produtos destacam os grillos com tomate ou sal marinho ou os Tenebrio molitor com pimienta de cayena ou em sua versão natural, sem especiarias. "Temos estes produtos porque nossos clientes que provam as barritas ou as bolachas continuam com a curiosidade de saber a que sabem estes insectos, como é a experiência de consumir insectos inteiros", defende Pereira.
Ricos em proteínas e fibra
Desde a Agência Espanhola de Segurança Alimentar (Aesan) recolhem que os estudos científicos indicam que os insectos "são uma fonte de nutrientes muito saudável com alto conteúdo de gordura, proteínas, vitaminas, fibra e minerales. Portanto, são uma fonte alternativa de proteínas que facilita a mudança para dietas saudáveis e mais sustentáveis com o medioambiente".
Isso sim, sua presença nos alimentos deve se indicar claramente no etiquetado, já que podem provocar reacções alérgicas. A nutricionista Aina Candel recorda que os insectos são parentes próximos dos mariscos, pelo que quem têm alergia a estes últimos poderiam reagir aos produtos que os contenham. "Há pessoas que têm dificuldades para aceitar este tipo de alimentação porque não está em nossa cultura comer insectos. Mas tem tido um grande crescimento desde 2016 até agora", acrescenta Pereira.
Em que supermercados se vende?
Em Espanha, os produtos de Corial Food estão disponíveis em supermercados Alcampo, onde os clientes podem encontrar tanto barritas como insectos desecados. "Trabalhamos diariamente para introduzir nossos produtos em mais supermercados espanhóis. Alcampo tem sido o primeiro em tender-nos a mão, em aceitar a inovação e a diferença", explica Pereira.

"Há pessoas que se espantam ao saber que vendemos produtos com insectos e insectos disecados para os provar. Quando as pessoas o provam, ao 90% gostam. Nós não pretendemos que o consumidor tenha que optar por um sozinho tipo de alimentação. Não se trata de ser todos veganos ou que todos comamos carne. Queremos que a gente tenha mais opções, que num dia possam comer um bistec de vaca e outro dia uma hamburguesa de insectos", conclui o fundador.