As recomendações médicas para superar o déficit de vitamina D
Trata-se de um sistema complexo de hormonas que necessita frequentemente de ser suplementado para manter níveis sanguíneos óptimos.

Durante anos subestimou-se o papel da vitamina D, conhecida de forma genérica como a "vitamina do sol". No entanto, a investigação médica tem demonstrado que a vsua função vai mais lá do fortalecimento ósseo: atua como uma hormona que regula vários processos biológicos essenciais. Uma parte significativa da população apresenta níveis abaixo dos recomendado, com frequência sem sabê-lo.
O médico Esteban Jódar Gimeno, Chefe de Departamento de Endocrinología e Nutrição dos Hospitais Universitários Ruber Juan Bravo e Quirónsalud Madrid e do Hospital Quirónsalud San José, explica em detalhe à Consumidor Global as causas, sintomas, diagnóstico e tratamento desta deficiência tão frequente. "Não é uma vitamina qualquer. Trata-se de um sistema hormonal complexo que regula entre 2 a 5% dos nossos genes", sublinha.
Mais que uma vitamina
A vitamina D está envolvida em funções críticas como a absorção eficaz do cálcio e o controlo da pressão arterial e da glicose no sangue, explica o especialista. Também influencia processos como o controlo da resposta imunitária, a diferenciação celular e a apoptose.

Por isso, este sistema hormonal tão influente requer que os seus níveis se mantenham dentro de umas margens adequadas. Considera-se que há déficite quando os níveis estão abaixo de 25 ng/ml. Em pessoas com doenças ósseas ou metabólicas, recomenda-se que os níveis ultrapassem os 30 ng/ml.
As causas do déficite
A principal fonte de produção de vitamina D é a exposição solar. No entanto, "as preocupações pelo envelhecimento ou certos cancros de pele fazem com que esta se reduza muito, também com o uso de protetores solares", sublinha Jódar.
A outra fonte é a obtenção da provitamina D a partir do colecalciferol ou do ergosterol através da alimentação. “Mas se a alimentação não for suplementada com estas vitaminas, as quantidades necessárias ultrapassam o que se pode ingerir normalmente, como quatro litros de leite, uma dúzia de ovos ou uma dúzia de sardinhas”, afirma.
Quem está em risco?
Os grupos de maior risco incluem os recém nascidos, os maiores de 65 ou 70 anos (especialmente se vivem em residências), pessoas com pele escura e pessoas com obesidade ou doenças como a diabetes ou a osteoporose. "São situações nas quais se recomenda a sua medida", indica Jódar.

A carência de vitamina D passa muitas vezes despercebida porque não provoca sintomas. Por vezes, podem surgir perturbações como a hipercalcémia (excesso de cálcio no sangue) ou a hipercalciúria (excesso de cálcio na urina). A forma de detetar uma deficiência é através de uma análise de sangue específica. No entanto, o especialista esclarece que a medição não é geralmente recomendada de forma rotineira. “Só deve ser efectuada em determinadas situações já referidas, como a osteoporose ou a pré-diabetes, entre outras”, acrescenta.
Suplementos: sim ou não?
A correção da deficiência leve é feita com o uso de pró-hormônio, colecalciferol (vitamina D3) ou calcifediol, em doses que podem ser diárias, semanais ou, a mais utilizada, mensais.
Relativamente à segurança destes suplementos, Jódar afirma que são seguros. "Tal como acontece com todas as hormonas, existe a possibilidade de intoxicação se forem utilizadas doses inadequadamente elevadas. Este risco é baixo, uma vez que tanto o colecalciferol ou vitamina D3 como o calcifediol ou 25-hidroxivitamina D são muito pouco activos no recetor da vitamina D e necessitam de doses muito, muito elevadas", explica.

A exposição solar é fundamental, mas limitada
Embora os banhos de sol continuem a ser uma das principais formas de obter vitamina D, nem sempre são suficientes. A eficácia depende da latitude e da estação do ano, sendo a primavera, o verão e o início do outono os melhores meses em Espanha.
"Recomendamos uma exposição suberitematosa, ou seja, uma exposição que não provoque queimaduras solares. Bastaria cerca de 15 minutos por dia expondo as costas e os braços ou pernas - claro que fora das horas em que não é recomendável apanhar sol devido à intensidade dos danos ultravioleta", diz o Dr. Jódar.