Curenergía é a comercializadora de electricidade e gás natural a preço regulado do grupo Iberdrola. É, por tanto, uma entidade que gere o bono social para coletivos economicamente vulneráveis, algo que também fazem Energia XXI, Comercializadora Regulada, Gás & Power ou Régsiti. Entre as dezenas de milhares de clientes desta companhia figura Cristian Infantes, que vive em Algeciras com sua família num andar de uns 60 metros quadrados.
Dado que constituem uma família numerosa (são cinco ao todo: seu casal e três meninos), têm direito ao bono social de luz e também ao do gás, e sua factura de luz é de 35 ou 40 euros mensais. Esta ajuda podem-na perceber todos os lares deste tipo, com independência dos rendimentos da unidade familiar.
700 euros por 10 dias de luz
No final de junho, Infantes recebeu uma factura completamente exorbitante, com cifras que jamais se tinha encontrado: Curenergía tinha-lhe facturar, por um período de sozinho 10 dias (do 6 de junho ao 16 do mesmo mês), 701 euros. Segundo a empresa, este utente tinha consumido em horário de pico mais de 9.000 KW/h, algo completamente fora dos parâmetros regular para um lar. "Um disparate que não tem justificativa técnica nem lógica", descreve.
"Informei-me, e é tecnicamente impossível que em 10 dias uma moradia possa consumir essa quantidade de energia", conta Infantes a este meio. No entanto, assegura que, quando pediu explicações, a empresa não ofereceu nenhuma justificativa. "Quando chamei a primeira vez me disseram que o mesmo era que tinha posto o ar acondicionado ou carregado algum veículo elétrico. Contestei-lhes que não tenho veículo elétrico e que o ar ainda não tinha começado ao usar, e já então me disse a operadora que não sabia que podia ser, e que mandasse um correio para abrir uma reclamação", recorda.
Leitura do contador
Assim, Infantes abriu uma reclamação formal, mas Curenergía, depois de realizar, ao menos em teoria, as verificações apropriadas, veio a dizer que estava todo correto e que lhe tocava abonar esse pastizal. "Contactou-se com seu revendedor, como empresa responsável da leitura de seu contador segundo a legislação vigente, com objeto de verificar a validade da leitura que se nos proporcionou e comprovar se se produziu algum tipo de incidência em relação à mesma. Seu revendedor confirmou-nos a validade da leitura facturar", arguyeron.
Assim, a única solução que Curenergía oferece a Infantes é solicitar ao Serviço Territorial de Indústria de sua província que vá um técnico a revisar o contador. Se a verificação revela que o contador funciona correctamente, ele deveria assumir o custo da revisão. Em mudança, se demonstrasse-se que o contador não tem feito uma leitura correta, seria a revendedora a que assumiria o custo, e, acto seguido, corrigiria a factura.
Inclusão no ficheiro de morosos
Pelo momento, Infantes não tem pago esta factura, que considera totalmente desmesurada, e denuncia que a companhia tem passado ao plano das "ameaças". Assim, têm chegado a lhe dizer que incluir-lhe-ão em ficheiros de morosidad Asnef (uma estrutura turbia que este meio tem tratado em alguma reportagem) e que o 31 de dezembro acaba o decreto dos consumidores vulneráveis e cortar-lhe-ão a luz.
Isto, se for o caso, é completamente falso: para as famílias numerosas, a vigência do bono social elétrico mantém-se até a caducidad do título (no caso concreto de Infantes, até 2032).
"Facilidades de pagamento"
"Também me mandam mensagens me oferecendo facilidades de pagamento: um pagamento de 300 euros no primeiro mês e 400 euros o seguinte. Umas facilidades incríveis", ironiza Infantes.
Este consumidor não é o único que denuncia que a companhia comete erros flagrantes na facturação. "Apresentamos faz meses uma declaração de micropyme, no-la denegaron, depois aprovaram-na e voltaram-no-la a denegar, todo isso sem nenhuma explicação sobre os motivos para a admitir ou a recusar. Ademais, inclusive no período no que estava vigente, nos seguiram cobrando o recarrego de 20%", criticava um consumidor no foro de valorações Trustpilot.
"Levam meses acossando-me"
"Levam meses acossando-me, dizendo que se lhes devem umas facturas (mentira, porque mas pagam os Serviços Sociais) e que me vão meter no Asnef", protestava outro.
Este meio tem contactado com Iberdrola para perguntar por este caso, mas, ao termo desta reportagem, não tem obtido resposta.