Rafael Vallbona, promotor do festival de poesia de Premià de Dalt: "Reivindica um paraíso perdido"
O certamen 'Poetes sota a lluna' celebra nesta sexta-feira, 29 de agosto, sua décima edição numa herdade centenaria do Maresme, e fá-lo apostando pelas poetisas de hoje e de sempre e oferecendo entradas gratuitas a todos os 'lletraferits'

Na herdade catalã onde nasceu...
--Em 2025, quase tudo é efémero, mas o festival 'Poetes sota a lluna' celebra sua décima edição na preciosa herdade centenaria onde nasceu o poeta Valerià Pujol…
--A poesia vai a contracorrente dos tempos atuais. A arte em general, porque não dá respostas, propõe perguntas. Poemes sota a lluna vai a contracorrente, e o coletivo que organizamos o evento, também. E a herdade, que tem 104 anos e sempre tem pertencido à mesma família, onde esteve escondida a multicopista clandestina de Comissões Operárias, onde em 1902 se fundou a cooperativa A Fraternitat Operária, que continua existindo, milagrosamente. E a verdade é que nos sentimos muito cómodos. E os poetas e o público, também.
--"E assim seguimos, barcos contra a corrente, arrastados sem cessar para o passado", escreveu Scott Fitzgerald na última frase do grande Gatsby… Vosso certamen é um pouco assim? Recupera um paraíso perdido?
--Reivindica um paraíso perdido. O paraíso dessas estranhas luzes que nos contribui a cultura, sem que lho tenhamos pedido. É verdadeiro que se vendem muito poucos livros de poesia, mas, provavelmente, seja porque a poesia é um género mais para ser escutado que para ser lido, hoje em dia. Passa um pouco como com o teatro, que é um género preparado para ser dito desde um palco.
--Seu pequeno festival de poesia sempre se enche…
--A gente vem a estes festivais que programamos em verão, outono e primavera embaixo de um tilo centenário por uma verdadeira fidelidade. 'Tenho visto que em Can Vallerià fazem algo, não sei exactamente que fazem, mas seguro que está bem'. Muita gente diz-mo: 'Eu não leio nunca poesia, mas venho a escutar aqui aos poetas e me encanta'.
--O cartaz está muito bem.
--Tentamos trazer a gente muito boa. Neste ano, por exemplo, vem Jaume Creus, que é um sênior de primerísimo nível. Vem Montse Assens, que é um poeta local que já esteve na primeira edição. São muito bons poetas, e isto gera um feedback que faz que o facto de que te interesse a poesia ou não é secundário. Todos os que estamos aqui somos felizes durante um momento. Também te digo, com a poesia, a diferença entre ser uma coisa excelsa e ser uma bata é finísima. Por isso nrocuramos não nos alongar mais de uma hora e meia.