Um passeio poético pelo Jaén de Miguel Hernández
Os lugares da capital jiennense que foram importantes para o escritor servem como palco para a leitura de algumas de suas obras célebres

Como dizia o poeta chileno Pablo Neruda: "Recordar a Miguel Hernández é um dever de Espanha, um dever de amor". E isso é o que faz, com ahínco e resolução, a Diputación de Jaén.
Em 2023, o poeta e dramaturgo de Orihuela (Alicante) foi reconhecido como Filho Adoptivo de Jaén. Agora, a diputación da cidade jiennense e a Fundação Legado Literário Miguel Hernández se voltaram a aliar com coletivos poéticos para recordar o passo do autor de Aceituneros pelo território das oliveiras.
Um passeio poético pelo Jaén de Miguel Hernández
Será este domingo, 30 de março, coincidindo com o aniversário de sua morte, que se produziu o 28 de março de 1942, quando espaços que foram emblemáticos para este escritor na capital jiennense sirvam como palco para a leitura de algumas de suas obras mais importantes.

A vice-presidenta terceira e deputada de Cultura e Desportos, África Colomo, tem apresentado esta iniciativa, denominada Passeando a voz de Miguel Hernández por Jaén, que se realiza por segundo ano consecutivo, com a colaboração dos grupos poéticos Oliversando, O Desván das Letras, Rincão do Poeta, Café das Letras, Slam Poetry e A Resistência.
O percurso
Dois representantes destes coletivos, Jacinto Fernández e Lola Fontecha, têm explicado que o percurso terá quatro paradas: a rua Plana, a praça das Laranjeiras, o refúgio antiaéreo da praça de Santiago e a praça de Santa Luisa de Marillac e os Banhos Árabes.

Com a realização desta proposta cultural pretende-se, segundo Colomo, "pôr de manifesto a vinculação de Miguel Hernández com nossa província".
Horários e leituras
O percurso começará no domingo, às 11,30 horas, na rua Plana, "onde o poeta e Josefina Manresa residiram depois de se casar". Continuará pela praça das Laranjeiras, o interior do refúgio antiaéreo da praça de Santiago e a Sala Miguel Hernández dos Banhos Árabes.

E concluirá na praça de Santa Luisa de Marillac, onde ler-se-ão alguns dos poemas da obra Cancionero e romancero de ausências, que foi escrito principalmente no cárcere e no que explora a ausência na liberdade, os seres queridos e a doença. O colofón desta iniciativa será a leitura do poema no que está baseado o hino oficial da província de Jaén, Aceituneros, cujos primeiros verson rezam assim:
Andaluces de Jaén,
aceituneros altivos,
digam no alma: quem,
quem levantou as oliveiras?
Uma homenagem ao poeta
Trata-se, como tem sublinhado a deputada de Cultura e Desportos, de render "uma singela homenagem ao poeta recordando o tempo que Miguel Hernández viveu em Jaén, reivindicando sua vinculação com nossa terra e suas gentes e alimentando assim a lembrança de sua obra e seus valores de vida, sua honradez e seu compromisso vital com a justiça social e a democracia, mas também seu compromisso pela beleza com seus poemas no meio de tanta injustiça e dor".
Colomo tem incidido em que "ainda que a vinculação do poeta com Jaén foi curta em tempo, resultou intensa quanto a factos e vivências que o inspiraram à hora de escrever poemas que fazem parte da história com maiúsculas da literatura em espanhol".
Lua de mel
Por sua vez, Jacinto Fernández (O Desván das Letras) tem recordado a importância que teve Jaén para Miguel Hernández, já que, "mais que uma estadia temporária, passou sua lua de mel como corresponsal de guerra do bando republicano na frente Sur e viveu uma experiência vital e literária que marcou sua identidade, seu compromisso social e sua voz poética".