O livro que destripa a cultura da felicidade e a indústria da autoayuda
Trata-se de uma nova banda desenhada, publicado em castelhano pela editorial Reservoir Books, sobre a ideologia do sucesso constante

A escritora sueca Liv Strömquist tem publicado um livro que destripa a cultura da felicidade e a indústria da autoayuda.
Sua nova banda desenhada, titulado A voz do oráculo, é uma sátira sobre a "ideologia do sucesso constante" e sobre a fixação contemporânea pela cultura da felicidade.
'A voz do oráculo'
A obra, publicada em castelhano baixo o título A voz do oráculo (Reservoir Books) e em catalão como Pítia dixit (Finestres), mistura reflexões filosóficas com cultura popular pela que passam Jacques Lacan, Zygmunt Bauman e Theodor Enfeito, mas também influencers como Meghan Markle.

A autora assegura que lhe interessam a filosofia e a sociologia, mas também a televisão e o mundo dos famosos. Deste modo, convida a um público mais amplo a reflexionar sobre perguntas que habitualmente não se tratam.
A indústria do crescimento pessoal
Numa entrevista concedida a Europa Press, Strömquist explica que a ideologia do sucesso se transmite desde a indústria do crescimento pessoal, na que "mentalmente se deve estar a pensar no futuro e ter objectivos".

Ante este palco, a escritora sueca faz um apelo a ser consciente do presente.
Frases motivacionales, a nova religião capitalista
Strömquist considera que as frases de motivação que correm com força pelas redes são "uma via mais de superstição", de procurar o sucesso e assegurar que ter-se-á sucesso, algo que define como quase uma religião do capitalismo.
Strömquist também assinala que pensar que um terá sucesso sozinho pelo pensar, obviamente, não funciona. Porque projectar uma fantasía de futuro, algo que um desconhece se vai poder se cumprir, gera "mais infelicidade".
Um eu muito frágil
A autora explica que quando começou a escrever A voz do oráculo pensou que estávamos numa época muito narcisista, com a sociedade obsedada e com um "eu inflado".
Mas depois chegou à conclusão de que é um jogo no que esse eu é muito frágil e está fragmentado e indeciso, o que faz que prolifere a gente que aconselha a outras pessoas.
Conservadurismo e autoengaño
A irrupción de um maior conservadurismo pode ser uma consequência? A escritora sueca opina que em muitos países os jovens são mais conservadores e vivem numa mudança contínua com a ideia de que a vida era melhor faz 50 anos, o que para ela é um "engano", porque se deve pensar e achar que o futuro e o progresso são possíveis.
A indústria do crescimento pessoal
Strömquist afirma que a indústria do crescimento pessoal está a gerar continuamente produtos e abrindo novos mercados.
Ademais, os influencers geram um espaço íntimo como "se te colaras na habitação de tua irmã maior", mas que é frágil e as barreiras da publicidade acabam caindo.