Viajar à Antártida, o novo luxo de moda: isto é o que custa um cruzeiro ao continente branco

Explorar esta terra gelada não está ao alcance de todos, mas, apesar disso, a procura de visitantes tem vindo a crescer de forma constante nos últimos anos, com mais de 100.000 visitantes até 2024.

Antárctica / PIXABAY
Antárctica / PIXABAY

Durante décadas, a Antártida foi um destino reservado para cientistas e militares. No entanto, hoje os cruzeiros de luxo converteram o continente branco no novo destino sonhado pelos viajantes mais exclusivos.

Icebergs imponentes, colónias de pinguins, baleias surcando águas gélidas e paisagens que parecem de outro planeta. A experiência promete aventura e exclusividade num meio selvagem que até há pouco parecia inalcansável.

Quanto custa um cruzeiro pela Antártida?

Mas os cruzeiros à Antártida não são adequados as todas as caretiras. Partem principalmente de Ushuaia (Argentina) ou Porto Williams (Chile) e combinam exploração e conforto em expedições que custam bem mais de 10.000 euros por pessoa.

Clara Estrems, especialista em comunicação turística, explica ao Consumidor Global que os preços podem variar entre os 8 mil euros para um antigo navio de expedição, num quarto com casa de banho partilhada, e os 20 mil euros para um navio de cruzeiro “ou 100 mil euros, dependendo do tipo de quarto do navio de cruzeiro”. 

A grande atração: descobrir o canto mais inóspito do planeta 

Para além da majestade das grandes montanhas geladas, existem as comodidades topo de gama oferecidas pelos cruzeiros na Antárctida. A bordo de navios como o Silver Cloud da Silversea, os passageiros podem desfrutar de suites à beira-mar, refeições requintadas, um spa, piscina e ginásio. Mas o verdadeiro luxo está nas actividades fora do navio.

As excursões incluem a observação de pinguins, baleias, leões-marinhos e focas, entre outras espécies. Há também abordagens em zodíaco a glaciares, icebergs e icebergs “e até uma visita ao posto de correios mais a sul do mundo, de onde se pode até enviar uma carta (a antiga base A britânica)”, acrescenta Estrems. “Os chefes de expedição são geralmente cientistas, biólogos e professores universitários”, acrescenta.

Uma reserva com dois anos de antecedência

As viagens turísticas à Antártida só se podem realizar entre novembro e março, quando as condições climáticas permitem a navegação. A travesía dura um mínimo de 10 dias, já que cruzar o temido Passo de Drake de Ushuaia ou Porto Williams requer quase 48 horas.

Ademais, estes cruzeiros turísticos só podem albergar umas 300 pessoas. Tendo em conta estas condições, "a procura de lugares é bemmais elevada que a oferta e costuma ser necessário reservar a viagem com quase dois anos de antecedência", indica Estrems.

Em plena ascensão

A Antártida está protegida pelo Tratado Antártico. Isto significa que os cruzeiros devem seguir normas muito estritas: só podem navegar por zonas autorizadas e não se permite que os turistas durmam em terra firme. Ademais, os desembarques estão limitados a grupos de 100 pessoas em pontos específicos para proteger a fauna e a flora.

Apesar das restrições, o turismo na Antártida não deixou de crescer nos últimos anos. Na temporada 2019-2020, o continente recebeu mais de 70.000 visitantes pela primeira vez. Em 2022-2023, a cifra subiu a 105.000 e em 2023-2024 atingiu os 125.000, segundo dados da Associação Internacional de Operadores Turísticos da Antártida (IAATO, nas suas siglas em inglês).

El barco 'Silver Cloud' de la compañía Silversea / SILVERSEA
O barco 'Silver Cloud' da companhia Silversea / SILVERSEA

Pouco sustentável para o planeta

Aventurar-se num cruzeiro na Antárctida é muito mais do que uma viagem de luxo.  É uma experiência única que combina exploração, natureza e exclusividade. No entanto, o turismo crescente no continente gelado não conta com a aprovação de todos os cientistas. 

Para além do impacto ambiental que este tipo de turismo pode gerar, o número crescente de visitantes levanta a questão da sua sustentabilidade a longo prazo. Para já, quem tem o privilégio (e o dinheiro) de pisar este território leva consigo a memória de ter visitado um dos últimos paraísos intocados do planeta.