O couro vegano está de moda: uma inovação sustentável elaborada com frutas e fungos

É uma alternativa pela que estão a apostar muitas assinaturas sem renunciar à qualidade e estética do couro de origem animal

Bolso elaborado con cuero vegano de la firma JW Pei   JW PEI
Bolso elaborado con cuero vegano de la firma JW Pei JW PEI

Faz mais de um século que o couro artificial irrompeu na indústria da moda. Durante décadas, relacionou-se com materiais de baixa qualidade, aspecto sintético e, sobretudo, plástico.

Mas essa percepção está a mudar. Na actualidade, o couro vegano tem deixado de ser sinônimo de PVC ou poliuretano. Que ingredientes naturais dão forma a este material, a cada vez mais presente a bolsas e sapatos?

Couro vegano de origem vegetal

"Destacam, por exemplo, a piña, a maçã, as setas ou o cactus", segundo explica a este meio Oihana Milho, diretora executiva da assinatura Scandal54. Uma listagem ao que se podem acrescentar as uvas ou o milho.

Isso sim, as alternativas mais sustentáveis são aquelas feitas a partir de resíduos orgânicos, tal e como afirma Cristina Casadevall, desenhadora de Trápala. Mas, seja qual seja o material empregado, o objectivo sempre é conseguir uma pele visualmente idêntica à de origem animal.

Estética e qualidade

O processo de fabricação do couro vegano é relativamente singelo. Carlota Oller, fundadora de Singular Wardrobe, detalha que "se misturam as fibras com aglutinantes para obter um material com corpo e resistência". O resultado são complementos e sapatos que nada têm que invejar aos modelos confeccionados com couro animal.

Neste sentido, uma das marcas mais punteras é JW Pei. Suas bolsas de couro vegano têm apaixonado a celebrities como Gigi Hadid ou Irina Shayk. "Já existem no mercado maravilhosos bolsas e de grandes marcas que usam couro vegano com uns resultados estéticos e de qualidade muito bons", sublinha Oller.

Distintos bolsos en un armario / FREEPIK
Diferentes bolsas num armário / FREEPIK

E daí há da durabilidade?

O resistencia do couro vegano depende, sobretudo, do material com o que se tenha fabricado. Segundo Oller, o que se elabora a partir de fungos é o que mais se acerca ao couro tradicional quanto a durabilidade.

Casadevall coincide em que algumas versões mais avançadas conseguem imitar muito bem o aspecto e a textura do couro animal. Ainda assim, admite que os mais naturais podem resultar menos resistentes ao uso intensivo, "ainda que há melhoras constantes", acrescenta.

Tão caro como o couro animal

Quando se trata de couro elaborado com plástico, a resposta é si: é mais económico. Mas não ocorre o mesmo com os materiais vegetais, que requerem uma tecnologia mais avançada. "Há que redesenhar processos, adaptar a maquinaria... Isso sempre implica uns custos que não todas as marcas querem ou podem assumir", recalca Oller.

É por isso que uma bolsa feita com Mylo (fungos) pode chegar a custar tanto ou mais que um de couro tradicional. "Uma vez mais, informar-se é a chave da boa compra. E se algo está a mudar é o comportamento do consumidor, que a cada vez é mais exigente e procura informação sobre as marcas e prendas que consome", argumenta a desenhadora.

Barreiras na moda 'mainstream'

Ainda que o couro vegano está a ganhar popularidade, ainda fica muito por fazer. "O consumidor tende a relacioná-lo de forma inconsciente com prendas de origem sintética como a polipiel, que o convertem num material pobre e pouco duradouro", explica Oller.

Não obstante, o panorama está a mudar. Especialmente, graças às marcas que estão a apostar por este material apesar dos custos e recursos limitados. Uma tendência que ajuda a romper com a ideia de que o couro vegano é sozinho para prendas low cost e reforça seu lugar na moda sustentável.