D. Camprubí (Newcop): "Se um cliente quer umas sapatilhas e pode-as pagar, podemos conseguí-las"

Esta loja multimarca, que comercializa as sneakers mais exclusivas, algumas das quais podem chegar a custar milhares de euros, celebra uma abertura em Dubai

David Camprubí
David Camprubí

A exclusividad das edições limitadas de determinadas sapatilhas converteu-as em verdadeiros objetos de desejo para coleccionistas e entusiastas do estilo streetwear. Para além da riada de Gazelle, Samba e New Balanço 530 que inunda as ruas de toda Espanha, que também estão presentes, em Newcop se satisfazem os desejos dos mais exigentes. Esta corrente multimarca espanhola de sapatilhas exclusivas, centrada no cliente jovem, nasceu em 2021 e agora celebra a abertura de sua quinta loja, que estará localizada em Dubái Mall, o shopping mais transitado do mundo.

A companhia também comercializa uma cuidada selecção "do melhor da moda urbana": (anéis de TwoJeys, prendas de Fakegods, Stussy ou Yuxus) e uma primeira linha própria de t-shirts e sudaderas que desejam converter em referência. Consumidor Global tem falado com David Camprubí, CEO e fundador da empresa.

–Pergunta: Como tem conseguido Newcop atingir este sucesso num prazo tão curto?

–Resposta: Tem sido todo muito rápido, sim. Nós começamos faz menos de três anos, mas desde o momento no que vimos que nos ia bem assumimos que queríamos fazer isto o maior possível. Não queríamos ficar numa loja ou duas, sina fazer algo grande que durasse muito tempo. E em isso estamos: em não descansar, em apanhar todas as oportunidades que tenhamos e ir a por elas.

Una tienda de la compañía / NEWCOP
Uma loja da companhia / NEWCOP

–Quantas sapatilhas vende Newcop ao ano?

–No ano passado vendemos 30.000 pares.

–Como descreveria a paixão pelas sapatilhas de edição limitada, que em determinados foros se chegam a vender por cifras astronómicas?

–Acho que dentro da paixão pelas sapatilhas há muitíssimos níveis e, por tanto, muitos tipos de cliente. Está o que se compra umas sapatilhas porque gosta e quer lhas pôr; o que as elege porque as leva alguém mais especificamente e ele quer ter as mesmas; ou o que realmente é mais friki e as persegue porque são muito limitadas e pretende as coleccionar, as guardar e não lhas pôr. E, por suposto, há quem estão dispostos a pagar grandes quantidades, ao igual que há quem as paga por um relógio. Ao final falamos de peças de colecção.

Unas zapatillas Nike / UNSPLASH
Umas sapatilhas Nike / UNSPLASH

–Como trabalha Newcop a parte experiencial?

–Para nós é importante. Agora estamos a começar a vender produtos de nossa marca própria, mas principalmente vendemos artigos de outras marcas, e alguns deles também estão em outras lojas, de modo que há que procurar a maneira de se diferenciar. Procuramos criar uma experiência, uma comunidade, que seja melhor que a do resto. Por isso nos focamos em ter lojas que estejam muito bem localizadas, com um desenho chulo, muito reconocible (todas as lojas Newcop são iguais). Ademais, queremos que os clientes, quando vão, sentam que estão numa loja premium com uma atenção ao cliente muito personalizada. Tens também uma sorte de máquina recreativa na que, jogando uma monedita, te podem tocar umas sapatilhas boas. Isso é algo divertido, diferente. Por outra parte, há que cuidar a parte on-line.

–Como?

–Pois com umas redes sociais que estimulem a conexão com a gente, com uma página site muito desenvolvido que seja fácil para o utente, como a que temos feito agora… Em general, há que estar sempre pensando no utente, mudando coisas e melhorando. Pretendemos também que o cliente repetitivo, que temos muito, não perceba que tudo é sempre igual.

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–Que modelo de todos os que tem vendido Newcop tem sido mais difícil de conseguir? Às vezes dá a sensação que o mundo das sapatilhas exclusivas guarda certa similitud com o dos marchantes de arte, com profissionais que chamam a clientes porque têm encontrado onde se vende um quadro de Picasso…

–Sim, mas Picasso há um, sapatilhas, ainda que seja uma edição exclusiva, podemos estar a falar de que têm saído 10.000 pares. Ao final, nós estamos muito conectados, de maneira que se o cliente está disposto a pagar, todo se pode conseguir. Temos podido crescer muito graças a isso, a que temos uma equipa de sourcing de sapatilhas súper bom, com muitíssimas conexões, que nos permite encontrar quase qualquer modelo. Faz pouco vendemos um par de sapatilhas que saiu faz tempo, eram exclusivas e custavam 10.000 euros. E conseguimo-las. Entregamo-las ao cliente em matéria de sete dias. Se um cliente diz-me que as quer e as pode comprar, ao 99,99% as podemos conseguir.

La tienda de la firma en París / NEWCOP
A loja da assinatura em Paris / NEWCOP

–Entendo que essa é a parte mais estimulante… Que é o mais difícil ou o mais tedioso de estar à frente de Newcop?

–Como toda start up, a cada dia há algo novo. Nunca podes pensar a 3, 4 ou 5 meses porque a cada dia passa algo e mudamos muitíssimo, de modo que há reptos constantes que devemos enfrentar. Sobretudo com a internalización que temos feito, que obriga a estar pendente de muitíssimas coisas. Devemos saber adaptar-nos à cada momento e não nos pressionar, porque aqui não podes falhar: se falhas, corres o risco de que a empresa não possa seguir, que é o perigo que correm muitas empresas novas que não podem gerir seu próprio crescimento quando é muito rápido e exponencial.

–Quantas pessoas há agora em Newcop?

–Ao todo, agora somos quase 40 pessoas.

–Onde vê a empresa dentro de 5 anos?

–Vejo-a como um referente a nível europeu, sobretudo quanto a fashion, streetwear e calçado. Acho que podemos-nos plantar como um referente com muita comunidade, muitíssima força on-line e presença em cidades importantes, capitais européias e também em Middle East. O que queremos é que a marca Newcop seja muito conhecida, não ser só uma loja multimarca: que a gente nos siga porque somos o lugar onde estão os produtos mais exclusivos e chulos do mercado.

Unas Adidas Gazelle / UNSPLASH
Umas Adidas Gazelle / UNSPLASH

–Com respeito à estética da cultura urbana, a cada vez mais marcas somam-se a esta tendência, ainda que não procedam daí. Que opina disto, acha que o streetwear tem ainda um longo percurso por diante? Quiçá em verdadeiro sentido tenha-se adulterado, enquanto refinado ou aburguesado?

–Penso que a palavra streetwear tem um significado amplo, depende de como ta tomes. Se perguntas-lhe a alguém de Estados Unidos, seguramente responder-te-á que é algo súper urbano no sentido mais de rua. Para nós, os europeus, já não representa isso, sina algo que agora é já inclusive um pouco pijo, por dizer de alguma forma. Não se associa com a rua no sentido estrito. Tem mudado, e o que predomina é um rollo juvenil, mais criativo. Aí estão, por exemplo, muitas marcas de moda urbana criadas por jovens de nosso país. Ao final, também há que vender, de maneira que tens que ser muito consciente de que é o que gosta ao consumidor. Se cinges-te ao estilo do que tu consideras streetwear mas não vais pela senda do atual, não vais vender. E o que está de moda agora é um novo streetwear: todo o rollo das Jordan 1 High ou a marca Supreme se está a ficar um pouco atrás.

Distintas zapatillas / UNSPLASH
Diferentes sapatilhas / UNSPLASH

–Se no que fica de 2025 só pudesse se calçar dois modelos, que sneakers escolheria?

—Ufa. Minhas favoritas são as Jordan 1 Low Travis Scott. Está em diferentes cores, mas como modelo, esse é meu favorito: baixo, exclusivo e ademais viste muito bem com tudo. Depois diria umas Yeezy 350, é uma sapatilha súper cómoda e para o dia a dia vai-me fenomenal.

–Por curiosidade, alguma vez vai com sapatos?

–Algumas vezes sim, quando me toca ir elegante. Mas normalmente, sapatilhas. Ainda que é verdadeiro que há modelos que com camisa ou inclusive com traje ficam muito bem.