A roupa de segunda mão se cuela nesta loja de H&M

A assinatura sueca, que defende que o 68% de toda a roupa e têxteis recolhidos acaba revendiéndose, estende seu conceito 'Pré-loved'

Una tienda de H&M (2)
Una tienda de H&M (2)

A companhia apresenta-a de forma audaz: fala de roupa pré-loved, não pré-used. Algo que tem sido amado previamente tem outro significado, outro valor, de modo que a percepção do consumidor sobre estas prendas de segunda mão pode mudar. Alguém as amou dantes, por que não iam ser merecedor de um novo cariño? Essa é uma das principais novidades que H&M tem incorporado a sua loja da Grande Via capitalina, submetida a uma grande reforma: uma cuidada selecção de artigos já usados que comercializa de forma inteligente.

Fá-lo sem estridencias e sem símbolos machacones, como a folha verde ou as três setas. O segundo gigante global de distribuição de moda mostra exibe assim seu compromisso com a circularidad (um compromisso que, não obstante, tem muitos e espinosos matizes). Sua nova loja de Grande Via é mais limpa, mais íntima e mais moderna. E esses três conceitos podem estar em perfeita harmonia com a segunda mão.

Um meio sereno

"A cada elemento está desenhado para criar um meio rico em estímulos", assegura H&M num comunicado. Não obstante, não é um espaço que avasalle nem pressione. Resulta, pelo contrário, bastante sereno.

Una imagen de la tienda / CONSUMIDOR GLOBAL
Uma imagem de tenda-a / CONSUMIDOR GLOBAL

Ademais, a companhia tem instalado probadores inteligentes equipados com espelhos interactivos que reconhecem os produtos introduzidos. Deste modo, oferecem a possibilidade de dar recomendações personalizadas sobre produtos para assim completar o look e caixas de autoservicio com leitura RFID. Por outro lado, ampliou-se a zona de autopago e instalou-se um robô para 'Clique & Collect', que permite agilizar o processo de recolhida de pedidos.

Tipo de roupa

Não dá a sensação de que a inclusão da roupa de segunda mão que faz H&M neste contexto seja forçada. E, para uma empresa deste calibre, já isto é muito.

Um pode encontrar, num par de burros de aço situados num rincão da loja, propostas muito eclécticas: prendas de ante ou com estampado animal print e marcas algo menos conhecidas, como Roco Baroco, que convivem com outras de temporadas passadas H&M. O vintage, aqui, é perfeitamente trendy. É possível dar com uns vaqueiros curtos Levi's (49 euros), uma camisa Ralph Lauren (69,99 euros), um vestido de Stella McCartney (89 euros) ou inclusive com um conjunto de Etro (299 euros).

Ropa pre loved / CONSUMIDOR GLOBAL
Roupa pré-loved / CONSUMIDOR GLOBAL

"Não sabia que eram coisas de segunda mão"

"Não sabia que eram coisas de segunda mão", diz a este meio, surpresa e sonriente, uma cliente que andava jogando um olho a uma blusa. Outros, ao escutar o dado, arquean uma sobrancelha.

Dá a sensação de que a empresa sueca quer provar este novo conceito desde um enfoque no que prima muito o estilo que da sustentabilidade. E é possível que seja um movimento hábil: a rua Velarde, já em Malasaña, está só a 800 metros da loja. Abundam ali os comércios de roupa de segunda mão, mas quiçá o target de H&M não está acostumado e tem que ir pouco a pouco.

Caixas de reciclaje

"H&M tem caixas de reciclaje em todas as lojas de roupa do mundo. Traz tua roupa ou têxteis limpos e usados a uma de nossas lojas; podem ser de qualquer marca. Deixa prenda-las e tecidos que não queiras em qualquer loja H&M na caixa de recolhida de roupa, que costuma estar junto às caixas, e receberás um vale de desconto como agradecimento", explica a marca em sua página site.

Una clienta mira varias prendas / CONSUMIDOR GLOBAL
Uma cliente olha várias prendas / CONSUMIDOR GLOBAL

A marca assegura que o 68% de toda a roupa e têxteis recolhidos acaba revendiéndose. "Os artigos que se podem comercializar como roupa de segunda mão se classificam em mais de 200 categorias para maximizar as probabilidades de que a cada prenda chegue a um cliente final adequado", asseguram. Outro 23%, defendem, destina-se ao reciclaje (como matéria prima para criar paños de limpeza ou material aislante). No entanto, diversos relatórios sugerem que estas cifras estão infladas, já que têm desvelado (graças a rastreadores GPS) que muitas prendas acabam em países do Sur Global, degradando ainda mais os ecossistemas e danificando as economias locais. Por tanto, o movimento de H&M parece positivo, mas insuficiente.