As artimañas de Allzone com os reembolsos e seus frustrantes atrasos: "Não tendes estoque"
Numerosos clientes denunciam que a empresa não sempre tem disponibilidade dos artigos que vende, o que ocasiona demoras e incidências

Allzone é uma multitienda on-line especialista em telefones móveis, portáteis e tablets, mas também vendem roupa e produtos para o lar. Pertence ao grupo empresarial All In Digital Marketing e, segundo explicam em seu site, sua meta é "ser o mais eficientes possíveis à hora de facilitar ao cliente compra-a on-line, pondo tudo de nossa parte para realizar os envios mais seguros, eficazes e rápidos possíveis".
A empresa, que se tem erigido como um dos líderes do sector, tem recebido vários reconhecimentos como um dos melhores comércios on-line. Estes galardões contrastam com a experiência de muitos consumidores, que compraram com ilusão produtos que se atrasaram muito e não chegaram no momento planeado, o que levanta suspeitas sobre a disponibilidade real.
Entrega num máximo de 96 horas
O passado 18 de outubro, Bruno Domenech comprou um móvel, um Pixel 7 Pró "que não encontrava por nenhum lugar e em Allzone o tinham em estoque", explica a Consumidor Global. Este consumidor recorda que na loja argüían que entregá-lo-iam num prazo dentre 48 e 96 horas, de modo que o comprou e pagou por Bizum, já que não aceitavam PayPal.

"Segundo fiz o pedido aparecia em minha área de cliente, mas com um tempo de entrega estimado entre o 23 e o 28 de outubro. Passava o tempo e o estado do pedido seguia em 'preparação em curso. No dia 25 contactei-lhes porque parecia-me difícil que, se ainda estava em preparação, chegasse dantes do 28" recorda.
Problemas de transporte
Longe de dizer às claras que tinham incidências sérias, desde Allzone indicaram a Domenech que o pedido estava correto e seu produto reservado, mas tinha "problemas com o transporte desde seu armazém central". No dia 27, Allzone já reconheceu que o envio estava demorado e atrasar-se-ia de 2 a 7 dias laborables.
"Como já estava preocupado, e como no e-mail me diziam que podia cancelar o pedido em qualquer momento, assim o fiz. Solicitei a cancelamento por sua página de contacto e responderam-me que o único meio para gerir uma cancelamento é o telefónico", descreve este comprador.

Dificuldades para cancelar
Depois disto, Domenech chamou ao telefone de atenção ao cliente e solicitou a baixa o próprio 27 de outubro. "Como não me fio, contacto também por um dos números de WhatsApp, ainda que também me remetem ao número de telefone para cancelar o pedido. Em todo este tempo, o botão de Cancelar na página do pedido se encontra desabilitado", explica.
Na segunda-feira 30, compra-a seguia sem aparecer como cancelada. Domenech contactou de novo por mail, e desde Allzone disseram "que não lhes constava meu telefonema, que se lhes podia facilitar o nome do operador que me tinha atendido". Logicamente, ele não recordava o nome, de modo que deu a hora aproximada do telefonema. Ao cabo "de um momento" contestaram-lhe por mail explicando que a tinham localizado e que, por fim, receberia um mail de confirmação da cancelamento num prazo máximo de 48 horas.
Prazos mais amplos do prometido
Chamou de novo e confirmaram-lhe que, desta vez sim, seu pedido estava cancelado. "No dia 31/10 recebo o e-mail de cancelamento, mas no mesmo indica-se que se elejo a devolução por transferência, a 'gestão da cancelamento' é de 48/96 horas e que em períodos de alta demanda pode se incrementar outras 48/96 horas. Após esta gestão indicam-me que o reembolso será efetivo num prazo de 7-14 dias naturais", recorda Domenech.

Isto é, uma enumeración de fases que alongavam o processo. Finalmente, o 13 de outubro, 20 dias após cancelar o pedido, chegou-lhe a devolução. "Com artimañas, tratam de atrasar o reembolso do dinheiro", resume Domenech.
Problemas de estoque
A tenor de muitas experiências que clientes insatisfeitos têm compartilhado em X (antiga Twitter), o problema parece ser que a empresa comercializa artigos que não sempre tem em estoque.
"Não se pode vender um produto que não tens", criticava um utente. "Cuidado com esta loja. Compramos um iPhone faz em março de 2023. Não nos funcionava bem. Pedimos reembolso e desde o 10 de maio já não nos contestam os mails. No banco alertam de possível fraude", publicou outro no passado mês de junho.
"Vendeis produtos que não tendes"
Também há quem lamentava levar "mais de 1 mês esperando a devolução do custo de um pedido de 1.127 euros. Têm o produto e meu dinheiro. E dão-lhas de ser a empresa número 1 do sector on-line?", perguntava-se. "Vendeis produtos em oferta que não tendes em estoque, uma vez feito o pagamento, começa o calvario. Alongando os prazos de entrega, uma vez depois de outra, sem dar nenhum tipo de solução", apontava outro.

Na mesma linha, no foro de Chollometro há utentes que têm assegurado que em Allzone "realizam práticas ilegais, como vender como se fossem novos produtos usados procedentes de devoluções ou inclusive defeituosos. E quando exerces teu direito a devolução de um produto, te cobram sempre uma percentagem muito grande do preço, alegando que o produto está usado". "Vendem a maioria de seus produtos sem estoque, indicando no site falsamente que sim dispõem de unidades. Por isso na maioria dos casos a gente tem que esperar meses para receber seu pedido, ou nem sequer chegam ao receber", corroboraba.
Negócios anteriores
O CEO de Allzone é o argentino Pablo Moscoloni Medina, que também foi o responsável por Smartyou, um e-commerce que desapareceu faz uns anos do que existem críticas negativas em Trustpilot (há mais de 500 opiniões e a valoração média é de 3 estrelas sobre 5). "Fraude, não compreis, não se fazem cargo de nada… Eu não tenho podido tramitar minha garantia", denunciava um cliente em 2020. Outro falava de "uma experiência horrível".
Este meio tem contactado com Allzone para perguntar se vendem produtos que não estão em estoque e por que os consumidores têm tantos problemas para receber os reembolsos, mas, ao termo desta reportagem, não tem obtido resposta.