Denunciam a AllZone por não enviar os produtos que compram os consumidores
A Facua exige não só a abertura de um processo de sanções contra a empresa, mas também o encerramento do seu sítie como medida de precaução.

O cerco sobre AllZone, a loja online mais questionada dos últimos meses, estreita-se. Facua denunciou formalmente à empresa All In Digital Marketing SL, titular da plataforma, junto do Ministério de Direitos Sociais, Consumo e Agenda 2030.
A associação de consumidores exige não só que se abra expediente sancionador contra a companhia, mas que também se feche o seu site de maneira cautelar para frear o que qualificam de "má prática" empresarial.
Mais um capítulo
A denúncia de FACUA é o último capítulo na cascata de acções que diferentes coletivos têm empreendido contra a AllZone, uma loja que continua a funcionar apese a estar sob suspeita desde há meses por práticas supostamente fraudulentas.

A Consumidor Global tem vindo a desvendar este esquema desde o início: retenção de dinheiro aos clientes, censura de comentários nas redes sociais, ameaças legais desproporcionadas e um padrão de queixas que já totaliza mais de mil afectados.
Pedidos que nunca chegam
A associação tem recebido múltiplas queixas por parte dos seus sócios, bem como de consumidores a nível geral, que acederam à página correspondente para comprar um produto e realizaram o pagamento, mas nunca mais obtiveram notícias da empresa.
Os afectados realizam a compra, fazem o pagamento e recebem a confirmação do pedido e a data aproximada de entrega. No entanto, AllZone não volta a se pôr-se em contacto com eles, e nunca chegam a receber o produto.
Viola a lei
Esta prática viola abertamente as disposições do Real Decreto Legislativo 1/2007 da Lei Geral de Defesa dos Consumidores e Utilizadores. Concretamente, o artigo 109.º estabelece que as empresas devem efetuar a entrega no prazo máximo de 30 dias de calendário. E, se não puderem cumprir o contrato, o artigo 110.º obriga-as a reembolsar imediatamente o dinheiro pago, prevendo mesmo o pagamento a dobrar em caso de atraso injustificado.
Facua recorda ainda que, de acordo com o n.º 2 do artigo 61.º da mesma lei, tudo o que é prometido na oferta ou no anúncio é juridicamente vinculativo, mesmo que não conste do contrato. Isto desmonta qualquer desculpa comercial que tente esconder-se atrás das letras pequenas.
AllZone: um site que deveria ser encerrado?
A Facua pede o encerramento do site, uma medida preventiva que outras organizações, como a Organização de Consumidores e Utilizadores (OCU), também sugeriram. A OCU já denunciou o AllZone há algumas semanas, alertando para o facto de a empresa poder estar envolvida numa “fraude maciça”.
A pressão sobre a AllZone foi aumentada não só pelas organizações de consumidores, mas também pelo eco que o caso teve nas redes sociais e nos meios de comunicação social. No entanto, a reação da empresa tem sido agressiva, para não dizer inexistente. Conforme publicado por este meio de comunicação, a loja chegou a ameaçar um utilizador do X com um processo de 80.000 euros por ter partilhado a sua má experiência.
Um império questionado
Por detrás deste esquema está Pablo Moscoloni, um empresário argentino com um historial de empreendedorismo digital e uma crescente controvérsia sobre os seus métodos de gestão. Como a Consumidor Global já revelou, o seu modelo de negócio parece ter-se centrado mais na captação de receitas do que na entrega de produtos, algo que poderá agora ser avaliado pelas autoridades judiciais e de defesa do consumidor.

O caso de AllZone não é também uma prova de fogo para as instituições públicas, que são chamadas a proteger eficazmente os direitos dos consumidores num mercado digital cada vez mais opaco.