Nem Sánchez nem Feijóo: assim é a fraude de criptomonedas que deixa 19 milhões de euros em perdas
Os ciberdelincuentes captavam a suas vítimas através de publicidade manipulada com Inteligência Artificial, nos que apareciam falsamente líderes políticos

Uma operação conjunta entre a Polícia Nacional e a Policia civil tem permitido desarticular uma rede criminosa dedicada a uma suposta fraude multimillonaria com criptomonedas.
Os ciberdelincuentes captavam a suas vítimas através de anúncios manipulados com inteligência artificial, nos que apareciam falsamente líderes políticos como o presidente do Governo, Pedro Sánchez, ou o presidente do Partido Popular, Alberto Núñez Feijóo, recomendando investimentos supostamente muito rentáveis.
A raiz de uma denúncia em Granada
A investigação, que começou faz mais de dois anos a raiz de uma denúncia apresentada em Granada (onde uma vítima assegurou ter perdido 624.000 euros), tem destapado uma malha sofisticada que operava desde a província de Alicante. Uma denúncia paralela em Alicante, relacionada com falsidade documentária, permitiu vincular ambos casos e avançar na desarticulación do grupo.

Segundo os pesquisadores, a rede seleccionava a seus potenciais vítimas utilizando algoritmos, orientados a identificar perfis mais vulneráveis. Através de campanhas em páginas site, inseriam vídeos falsos de personagens públicas, gerados com IA, que dotavam de uma aparente legitimidade à fraude. As vítimas começavam com pequenos investimentos, obtendo supostos benefícios que só existiam sobre o papel. Isto gerava uma falsa sensação de rentabilidade que as animava a seguir transferindo grandes quantidades, principalmente em criptomonedas.
Como se ganhavam a confiança das vítimas
Para ganhar-se sua confiança, os estafadores faziam-se passar por assessores financeiros, oferecendo dados manipulados e promessas de benefícios extraordinários. No momento em que as vítimas tentavam retirar seu dinheiro, começavam as desculpas e se faziam evidentes as travas, descobrindo que tinham sido enganadas.
A fraude, no entanto, não terminava aí. Em muitos casos, os membros da organização voltavam a contactar com as vítimas, desta vez fazendo-se passar por falsos agentes de Europol ou advogados do Reino Unido. Prometiam-lhes recuperar seu dinheiro a mudança de um novo pagamento em conceito de impostos, prolongando assim a fraude.
Benefícios ilícitos de 19 milhões de euros
A rede conseguiu defraudar a mais de 200 pessoas, obtendo uns benefícios ilícitos superiores aos 19 milhões de euros. O líder do grupo utilizava mais de cinquenta identidades falsas para operar sem ser detectado e tinha constituído numerosas empresas ecrã para canalizar o dinheiro. Até o momento, têm sido detidas seis pessoas, todas na província de Alicante, a quem se lhes imputam os delitos de fraude, blanqueo de capitais e falsidade documentária dentro de uma organização criminosa.
As autoridades alertam à cidadania sobre o auge deste tipo de fraudes, que combinam tecnologias avançadas como a inteligência artificial com métodos de manipulação emocional e financeira. Também recomendam extremar a precaução ante ofertas de investimento demasiado boas para ser verdadeiras e verificar sempre a autenticidad das mensagens, inclusive se aparentan provir de figuras públicas.